SóProvas


ID
2533759
Banca
CS-UFG
Órgão
IF-GO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Agora todo mundo tem opinião


      Meu amigo Adamastor, o gigante, me apareceu hoje de manhã, muito cedo, aqui na biblioteca, e disse que vinha a fim de um cafezinho. Mentira, eu sei. Quando ele vem tomar um cafezinho é porque está com alguma ideia borbulhando em sua mente.

      E estava. Depois do primeiro gole e antes do segundo, café muito quente, ele afirmou que concorda plenamente com a democratização da informação. Agora, com o advento da internet, qualquer pessoa, democraticamente, pode externar aquilo que pensa.

      Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência, e seu espanto também me espantou. Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia? Pedi com modos a meu amigo que não embaralhasse as coisas. Democracia não é um termo divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação.

      Ele tomou o segundo gole com certa avidez e queimou a língua.

      Bem, voltando ao assunto, nada contra a democratização dos meios para que se divulguem as opiniões, as mais diversas, mais esdrúxulas, mais inovadoras, e tudo o mais. É um direito que toda pessoa tem: emitir opinião.

      O que o Adamastor não sabia é que uns dias atrás andei consultando uns filósofos, alguns antigos, outros modernos, desses que tratam de um palavrão que sobrevive até os dias atuais: gnoseologia. Isso aí, para dizer teoria do conhecimento.

      Sim, e daí?, ele insistiu.

      O mal que vejo, continuei, não está na enxurrada de opiniões as mais isso ou as mais aquilo que encontramos na internet, e principalmente com a chegada do Facebook. Isso sem contar a imensa quantidade de textos apócrifos, muitas vezes até opostos ao pensamento do presumido autor, falsamente presumido. A graça está no fato de que todos, agora, têm opinião sobre tudo.

      − Mas isso não é bom?

      O gigante, depois da maldição de Netuno, tornou-se um ser impaciente.

      O fato, em si, não tem importância alguma. O problema é que muita gente lê a enxurrada de bobagens que aparecem na internet não como opinião, mas como conhecimento. Platão, por exemplo, afirmava que opinião (doxa) era o falso conhecimento. O conhecimento verdadeiro (episteme) depende de estudo profundo, comprovação metódica, teste de validade. Essas coisas de que se vale em geral a ciência.

      O mal que há nessa “democratização” dos veículos é que se formam crenças sem fundamento, mudam-se as opiniões das pessoas, afirmam-se absurdos em que muita pessoa ingênua acaba acreditando. Sim, porque estudar, comprovar metodicamente, testar a validade, tudo isso dá muito trabalho.

      O Adamastor não estava muito convencido da justeza dos meus argumentos, mas o café tinha terminado e ele se despediu.

BRAFF, Menalton. Agora todo mundo tem opinião. Carta Capital, 3 abr. 2015. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/cultura/agoratodo-mundo-tem-opiniao-7377>.html. Acesso em: 20 ago. 2017. (Adaptado). 

No terceiro parágrafo, o espanto de Adamastor deveu-se à

Alternativas
Comentários
  • B é o gabarito final? ...

  • Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência, e seu espanto também me espantou. Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia? Pedi com modos a meu amigo que não embaralhasse as coisas. Democracia não é um termo divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação.

    Ao meu ver a alternativa B é a correta, pois fica explícito que seu amigo concorda parcialmente com ele.

    =)

    OBS: minha opnião 

  •   Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência

    B). concordância parcial.

  • GABARITO B - "Concordância parcial do amigo, de que, democraticamente, todos podem expor suas ideias."

    Podemos ver essa concordancia parcial no trecho: "Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência"

     

    Sobre a letra C: "Constatação de que, ao argumentar, o amigo estava renegando a democracia."

     

    Usaram a palavra constatação no sentido de que Adamastor teria certeza que é aquilo, quando na verdade ele não tem, pois ele faz uma pergunta "Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia? " então ele não constatou isso, porque ainda tinha dúvidas, por isso a pergunta e por isso a C está incorreta.

  • 3º Paragráfo:  Balancei a cabeça, na demonstração de "UMA QUASE" divergência, e seu espanto também me espantou. Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia? Pedi com modos a meu amigo que não embaralhasse as coisas. Democracia não é um termo divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação.

    Letra:B

    Creia em Deus!

  • Bizarro

  • Cuidado com termos genéricos!! Gabarito B

  • Na minha visão, gabarito completamente absurdo!

     

    Adamastor espantou com o "balançar de cabeça"(no sentido negativo) de seu amigo.

    Afirmar que adamastor se espantou diante de uma "concordância parcial do amigo" não faz o menor sentido, tendo em vista que a demonstração de "concordância parcial" só ocorre depois com a justificativa do amigo. 

     

    Antes, porém, a causa do espanto gerado foi apenas o "gesto de balançar a cabeça em sinal de discordância", gesto esse que, por si só, não representa sinal de discordância "parcial".

     

     

     

  • (...) qualquer pessoa, democraticamente, pode externar aquilo que pensa. Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência (...)

    Quase divergência = concordância parcial ou plena divergência?

    Gabarito B

  •  a) plena divergência do amigo quanto ao processo de democratização da informação (ERRADO: " Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência"

     b) concordância parcial do amigo, de que, democraticamente, todos podem expor suas ideias (CERTO: " Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência

     c) constatação de que, ao argumentar, o amigo estava renegando a democracia (ERRADO: O amigo não argumentou, somente balançou a cabeça!!) . 

     d) consciência de que realmente poderia estar confuso diante dos argumentos do amigo (ERRADO, Adamastor estava convicto que estava certo)

     

    letra B   

  • No enunciado a questão é no que se deveu o espanto de Adamastor e não na intenção real do narrador (No terceiro parágrafo, o espanto de Adamastor deveu-se à:)

    Adamastor diz: “Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia?”

    Portanto a resposta correta seria letra C.

    (C) constatação de que, ao argumentar, o amigo estava renegando a democracia. 

  • Sinônimo de divergência: Discordância de opiniões.

     

    (Gente, uma coisa é oposta a outra). Ele quase discordou (vamos dizer assim) e não concordou, mesmo que parcialmente, com sua opinião. Na pior das hipótes, esse QUASE DISCORDOU, quer dizer que ele não concordou e nem discordou com a opinião (isso forçando muito a barra.). Para mim, o gabarito correto é a letra "C"

     

     

     

  • Vocês tão falando em sinônimos, só tenho a dizer:

     

    "sinônimo de amar,  é sofrer" (zé ramalho)