SóProvas


ID
2533918
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
UPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


                                            O preconceito linguístico deveria ser crime


(01) Basta ser homem, estar em sociedade e estar rodeado de pessoas falantes que a língua – esse sistema de comunicação inigualável – emerge. Ela se instaura e toma conta de todos nós, de nossos pensamentos, de nossos desejos e de nossas ações. Falar faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida. A troca por meio das formas linguísticas é a nossa dádiva maior, nossa característica básica. É por meio de uma língua que o ser humano se individualiza, em um movimento contínuo de busca de identidade e de distinção. É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os outros animais. 

(02) Não existe homem sem língua. Mesmo as pessoas com deficiências diversas adotam um sistema de comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a linguagem de sinais. Sendo assim, não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala. O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente. 

(03) Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância verbal ou nominal (“As coisa tá muito cara”); ao "r" no lugar do "l" (“Eu torço pelo Framengo”); à presença do gerúndio no lugar do infinitivo (“Eu vô tá verificano”); ao "r" chamado de caipira, característico da fala de amplas áreas mineiras, paulistas, goianas, mato-grossenses e paranaenses – em franca expansão, embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas. Depreciando-se a língua, deprecia-se o indivíduo, sua identidade, sua forma de ver o mundo.  

(04) O preconceito linguístico – o mais sutil de todos os preconceitos – atinge um dos mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar. 

(05) A Constituição brasileira estabelece que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Sendo assim, interpreto eu que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender. Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um tratamento desumano e degradante – uma tortura moral. Se necessário for, poderíamos até propor uma lei específica contra esse tipo de preconceito, apenas para ficar mais claro que qualquer pessoa tem o direito de buscar a justiça quando for vítima de qualquer iniciativa contra o seu modo de se expressar.

(06) Sei que muitos devem achar que isso é bobagem, que todos devem deixar de falar errado. Mas todo mundo tem direito de se expressar, sem constrangimento, na forma em que é senhor, em que tem fluência, em que é capaz de expressar seus sentimentos, de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar a sua língua ou a sua variante dela. 

Marta Scherre. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00- O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html. Acesso em: 17/07/17. Adaptado. 

Nossa tradição gramatical costuma separar as palavras em classes. Acerca de algumas dessas classes e seu emprego no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • a) No trecho: “Não existe homem sem língua.” (2º parágrafo), o segmento sublinhado desempenha a função de qualificar o termo “homem”; tem, portanto, valor de adjetivo.

  • Gab. A

  • Aqui no meu não tem termo destacado!

  • Bruno Barros...eu também não consigo ver nada em destaque, várias questões estão assim, sem entender nada.

  • Qual o erro da letra D galera?

     

    Ninguém seria um pronome indefinido???

  • Com relação a letra E galera

     

    O primeiro "que" desempenha a funçaõ de conjunção integrante, podendo ser trocado por isso. O segundo "que" sim é um pronome relativo. 

     

    E) interpreto eu / que (pode ser trocado por isso) qualquer pessoa que (pode ser trocado por a qual) for vítima de preconceito linguístico...

  • E)    Eu  interpreto que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender.
    sujeito... verbo... conjunção.                       pronome relativo retoma pessoa.

  • D) errada, pois Ninguém  esta como sujeito, mas não é substantivo e sim pronome indefinido.

  • Fiquei com uma dúvida na alternativa A.

    Na frase "Não existe homem sem língua", o termo em destaque não seria uma locução adjetiva? 

    Sem = preposição.

    Língua = substantivo.

     

    Desculpe se eu estou falando alguma besteira, não entendo nada de Português e apreciaria se alguém me explicasse esta dúvida.  :)

  • GABARITO:  A

     

     

    Eliane, eu não me considero alguém digno para explicar tal situação, mas vou tentar com o que sei:

    Preposição + substantivo, forma locução adjetiva, e locução adjetiva tem valor (expressão que equivale a um adjetivo.)

     

    ''Homem sem dinheiro''    = Homem pobre

    ''Armamentos de guerra'' = armamento bélico.

    ''Cai cai gotas de chuva'' =  Gotas pluviais

     

    Observe que a locução forma realmente um adjetivo --SEM DINHEIRO = POBRE-- etc...

    Forte abraço, bons estudos.

  • Obrigada Douglas, agora compreendi!  :)

  • Em relação a alternativa D.

     

    No trecho: “Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar.” (4º parágrafo), o termo destacado desempenha a função sintática de sujeito, sendo, por isso, da classe dos substantivos.

    "Ninguém" é um pronome indefinido, e não faz parte da classe dos substantivos.

  •  a) No trecho: “Não existe homem sem língua.” (2º parágrafo), o segmento sublinhado desempenha a função de qualificar o termo “homem”; tem, portanto, valor de adjetivo.

     

     b) No trecho: “isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente.” (2º parágrafo), os termos destacados cumprem diferentes funções: enquanto o primeiro qualifica (função adjetiva), o segundo indica um modo (função adverbial).

     

     c) O trecho: “embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas.” (3º parágrafo) é introduzido por um termo da classe das conjunções; neste caso, a conjunção confere ao trecho um valor temporal.

    Embora = Valor concessivo

     

     d) No trecho: “Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar.” (4º parágrafo), o termo destacado desempenha a função sintática de sujeito, sendo, por isso, da classe dos substantivos.

    Ninguém = Pronome indefinido

     

     e) No trecho: “interpreto eu que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender.” (5º parágrafo), os termos destacados desempenham a mesma função, sendo, em ambos os casos, da classe dos pronomes relativos. 

    Interpreto ISSO =  Conjunção integrante       /        qualquer pessoa que = pronome relativo

     

    * Errei ? Podem corrigir...rs

     

  • Qual a função dos termos na letra b) ?

  • Na letra B, "privilegiados é adjetivo de grupos"

    Logo, econômica e socialmente são advérbios de modo que modificam o valor do adjetivo 'privilegiados' . 

    Foi?.

    AVANTE!!!

  • CADA PALAVRA OU OLGUMAS TEM SUA FUNÇÃO SINTÁTICA E MORFOLÓGICA. NESSE CASO A FUNÇÃO DO TERMO ''NINGUÉM '' É SINTATICAMENTE DE SUJEITO E MORFOLÓGICAMENTE DE PRONOME INDEFINIDO.  NESSE CASO AE; Ninguém é um PRONOME INDEFINIDO COM FUNÇÃO DE SUBSTANTIVO,MAS ELE NÃO PERTENCE A CLASSE DOS SUBSTANTIVOS.  

  • Só aqui que não está marcada nas alternativas , as palavras ditas "em destaque"?
  • Eu num sou muito de reclamar de questão não, mas sem aparecer a linha sublinhando os termos fica difícil. Culpa do QConcurso, não da banca.
  • B) Ambos são advérbios, mas a primeira forma está reduzida, com a terminação -mente omitida.