SóProvas


ID
2535907
Banca
FUNCERN
Órgão
IF-RN
Ano
2017
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Considere os excertos de poemas da literatura brasileira:


(I)

Lembro-me bem. A ponte era comprida,

E a minha sombra enorme enchia a ponte,

Como uma pele de rinoceronte

Estendida por toda a minha vida!


(II)

Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!


(III)

O Eden alli vai n’aquella errante

Ilhinha verde – portos venturosos

Cantando à tona d’água, os tão mimosos

Simplices corações, o amado, o amante.


(IV)

Existe um povo que a bandeira empresta

Para cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nesta festa

Em manto impuro de bacante fria!...


Em relação aos excertos, é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Os versos do trecho I pertence ao poema "As cismas do destino" de Augusto dos Anjos



    Recife. Ponte Buarque de Macedo. 
    Eu, indo em direção à casa do Agra, 
    Assombrado com a minha sombra magra, 
    Pensava no Destino, e tinha medo! 

    Na austera abóbada alta o fósforo alvo 
    Das estrelas luzia... O calçamento 
    Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento, 
    Copiava a polidez de um crânio calvo. 

    Lembro-me bem. A ponte era comprida, 
    E a minha sombra enorme enchia a ponte. 
    Como uma pele de rinoceronte 
    Estendida por toda a minha vida! 

    [...]

    Poeta pré-modernista

    Augusto dos Anjos vivenciou a época do parnasianismo e simbolismo e das influências destas escolas literárias através de seus escritores, como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Cruz e Souza, Graça Aranha, dentre outros. Porém, o único livro do escritor, intitulado “Eu”, trouxe inovação no modo de escrever, com idéias modernas, termos científicos e temáticas influenciadas por sua multiplicidade intelectual. Pela divergência dos assuntos tratados pelo autor em seus poemas em relação aos dos autores da época, Augusto dos Anjos se encaixa na fase de transição para o modernismo, chamada de pré-modernismo.

    http://brasilescola.uol.com.br/literatura/augusto-dos-anjos-1.htm

  • IV

    E existe um povo que a bandeira empresta
    P'ra cobrir tanta infâmia e covardia!...
    E deixa-a transformar nessa festa
    Em manto impuro de bacante* fria!...
    Meu Deus! Meu Deus! mas que bandeira é esta
    Que impudente* na gávea tripudia?! ...
    Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto,
    Que o pavilhão se lave no teu pranto...

    Castro Alves - Navio Negreiro. Terceira fase do Romantismo brasileiro

    III

     

    Se se pudesse o espírito que chora

    Ver através da máscara da face,

    Quanta gente, talvez, que inveja agora

    Nos causa, então piedade nos causasse!

    Raimundo Correira - Parnasianismo Brasileiro. Não necessariamente revela um controle da emoção. Exauta. Não há tanto preocupação com o conteúdo e sim com a forma.

    III

    O Eden alli vai n’aquella errante

    Ilhinha verde – portos venturosos

    Cantando à tona d’água, os tão mimosos

    Simplices corações, o amado, o amante.

    Sousândrade - Terceira geração romântica brasileira. 

    Inscrito cronologicamente dentro do movimento romântico, Sousândrade não escapou plenamente desse ideário. Na concepção de Williams (1976, p. 75), “Sousândrade foi um poeta romântico, modelado e desenvolvido pelo romantismo nacional e internacional”. Se pensarmos Sousândrade pelo prisma romântico, podemos perceber em sua obra a marca de sua época. A constante aproximação do cenário exótico da “pátria” ao jardim do Éden, ponto de pureza natural presente no livro do Gêneses, leva a uma idealização tipicamente romântica, pois o território nacional é comparado a um elemento de absoluta pureza. Tal postura implica um nacionalismo latente, pois o elemento natural, visto como ponto de afirmação da individualidade, passa a ser adorado enquanto índice de brasilidade.