SóProvas


ID
2558695
Banca
FCC
Órgão
TST
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Sem chance de contestação, aquele foi mesmo um grande acontecimento na cidade. O palco do auditório Araújo Vianna – reinaugurado um ano antes, em março de 1964, no Parque da Redenção, depois de ocupar por quase quatro décadas a Praça da Matriz, de onde saiu para dar lugar à nova sede da Assembleia Legislativa –, estava repleto de som, luzes e gente, ah, muita gente, para dar vida à ópera Aida, de Giuseppe Verdi.

      Na ponta do lápis, havia ali 100 músicos da Ospa, 130 cantores do Coral da Ufrgs e ao menos 30 bailarinas da academia de João Luís Rolla. Soldados da Brigada Militar se dividiam entre os papéis de guerreiros e escravos. Parrudos halterofilistas recrutados na Academia Hércules apareciam como guardas do faraó e, por fim, tratadores do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul adentravam a cena para cuidar dos figurantes de outras espécies – macacos, cavalos, dromedários e leões, estes últimos enjaulados, obviamente.

      Um mês antes, o maestro Pablo Komlós (regente da Ospa e diretor artístico da Ufrgs) havia passado pelas salas de aula para convidar os estudantes a participarem do coral da universidade. Numa das classes, a de Anatomia, do curso de Medicina, estudava Jair Ferreira, frequentador assíduo dos festivais de coros no Salão de Atos da Ufrgs. Bastou um mês de ensaios para que o barítono, fantasiado de egípcio, pisasse no palco pela primeira vez em sua vida.

      Por certo, era hereditária a paixão pela música do jovem que se tornaria epidemiologista do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. A mãe não só tinha nome de cantora – Dalva, a exemplo de Dalva de Oliveira –, como sabia de cor desde cantigas de carnaval até árias de óperas. “A gente chorava ao ouvir sua voz de soprano delicado”, elogia.

      No conjunto de três sobrados geminados que compõem o cenário das reminiscências da infância em Rio Grande, as paredes generosamente deixavam escorrer notas musicais de uma casa para a outra. Uma das vizinhas tocava piano pontualmente às nove da noite – justo o horário em que Jair se recolhia, afinal, precisava pular da cama cedinho para ir à escola. Quase toda a noite, ele dormia ao som da Marcha Turca, de Mozart, mágico portal de entrada para o devaneio dos sonhos.

                                    (Excerto de Paulo César Teixeira, Nega Lu, Porto Alegre, Libretos, 2015) 

Substituindo-se o segmento sublinhado pelo que está entre parênteses, é INCORRETO o que se encontra em:

Alternativas
Comentários
  • Letra (d)

     

    Há uma sútil diferença entre (adentrar) e (entrar)

     

    Significado de entrar: Passar para dentro, introduzir-se.

     

    Significado de adentrar: Ocasionar a entrada para o interior, empurrar, fazer entrar com força ou violentamente.

     

    Fonte: www.dicio.com.br

  • Além da diferença de sentido, como o colega já salientou, há também erro gramatical, uma vez que o verbo "entrar" é regido pela preposição "em". Logo se houvesse a substituição na frase "adentravam a cena para cuidar dos figurantes" para "entravam a cena para cuidar dos figurantes", ela ficaria incorreta.

  • Possuem Regências distintas: 

    Adentrar a

    Entrar em 

  •  

    PROBLEMINHA  DE REGÊNCIA 

     

     

    1) QUEM ADENTRA, ADENTRA A ALGUMA COISA  . . . 

     

    2) QUEM ENTRA, ENTRA EM ALGUM LOCAL/CANTO/LUGAR . . .

     

    CONCLUSÃO:  NÃO É CORRETA TAL SUSBSTITUIÇÃO, UMA VEZ QUE OCORRERÁ ERRO DE REG.

     

    GAB D

  • Não entendi o porquê da letra b estar certa. Alguém pode me ajudar?

  • Lívia Leme, a b) está certa porque nos dois casos temos sentido de adição.

    A mãe não só tinha nome de cantora – Dalva, a exemplo de Dalva de Oliveira –, como sabia de cor desde cantigas de carnaval até árias de óperas.

    A mãe não só tinha nome de cantora – Dalva, a exemplo de Dalva de Oliveira –, mas também (e também, como também ,mas ainda...) sabia de cor desde cantigas de carnaval até árias de óperas.
     

  • CUIDADO

    segundo o dicionário prático de regência do LUFT, tanto adentrar quanto entrar PODEM SIM ter regência por o/a/em/no/na

    o caso da questão, no meu entendimento, se dá por se tratar de uma EXPRESSÃO "ENTRAR (EM) CENA"  (apesar da construção ser possível, não existe a expressão "entrar à cena")

  • devaneio

     -- > produto da fantasia, da utopia; sonho, quimera.

     

    Letra D

     

    O verbo entrar significa «deslocar-se ou passar de fora para dentro; ir ou vir para dentro»; «ir ou passar para o outro lado de (algo); transpor, ultrapassar, atravessar»; «introduzir-se em; invadir»; «vazar as suas águas em; desembocar, despejar-se em»; «passar através de; penetrar»; «penetrar de forma sutil (no espírito, na mente de alguém);

     

    Quanto ao verbo adentrar, quer dizer «penetrar ou fazer penetrar no interior de; entrar, embrenhar(-se)»; «fazer entrar, usando de alguma força física; empurrar»; e (em sentido figurado) «ficar voltado para si mesmo; ensimesmar-se, concentrar-se».

     

    Como se pode ver, apesar de alguma sinonímia, estes verbos estão longe de serem sinônimos perfeitos. Por outro lado, o verbo adentrar tem um uso muito limitado, além de ser pouco conhecido entre os falantes portugueses, ao contrário do verbo entrar, que tem uma grande variedade de aceções e é familiar a praticamente todos os que usam a língua portuguesa.

     

    https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/entrar-e-adentrar/30841

  • A crase no item A estaria correta?

  • O problema não está no significado e sim no fato de que se todos forem substituúdos, a letra d não estaria correta pois não existe: entravam A cena. Todas as demais assertivas podem ser mantidas do mesmo jeito com a substituição.

  • Alguém, por obséquio, explique por que raios a letra A está correta. 

  • Devaneio:

    -fantasia, utopia; sonho, quimera.

  • Errei essa porcaria, fiquei enre a C e D.

    No meu entender a letra A, "à fantasia", considerei certa porque a crase ajuda a evitar ambiguidade!!  por favor corrijam-me se eu estiver errado!!

     

    FORÇA QUE UM DIA CHEGAREMOS LÁ!

  • Gabarito - D

     

     

    a) ... portal de entrada para o devaneio dos sonhos (à fantasia) 

     

     

    →  Correto. "portal de entrada à fantasia dos sonhos"

     

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    b) ... como sabia de cor... (mas também) 

     

     

    →  Correto. "...mas também sabia de cor..."

     

     

    Nessa alternativa é uma boa retornar ao texto:

     

     

    "A mãe não só tinha nome de cantora, como sabia de cor desde cantigas de carnaval até árias de óperas."

     

     

    Reparem que a parte grifada em azul expressa uma ideia de adição. Portanto, o ''como'' poderia ser substituído sem prejuízo algum por "mas também".

     

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    c) A gente chorava ao ouvir sua voz... (quando ouvia) 

     

     

    →  Correto. "A gente chorava quando ouvia sua voz"

     

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    d) ... adentravam a cena para cuidar dos figurantes... (entravam) 

     

     

    →  Errado. "... entravam a cena para cuidar dos figurantes..."

     

    →  Há erro na regência  →  Quem ADENTRA, adentra A alguma coisa    |    Quem ENTRA, entra EM algum lugar.

     

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    e) ... reinaugurado um ano antes... (havia um ano) 

     

     

    →  Correto. "... reinaugurado havia um ano..."

     

    →  Verbo haver no sentido de tempo decorrido é impessoal, logo, não varia.

     

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    •   DICA QUANTO AO USO DA CRASE (Alternativa A):

     

     

    1) Tentem substituir fantasia por um substantivo masculino.

     

    Ex.: Portal de entrada AO devaneio dos sonhos. 

     

     

    2) Reparem que é exigida a preposição ''A''.

     

    Com isso, não há dúvida, a crase está empregada corretamente.

     

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  • LETRA D

    O correto seria. 

    Entravam EM cena.

  • A letra A está errada assim como a letra E

    E) erro de regência (entravam NA cena)

    A) erro de regência (entrada PARA a fantasia)

    Não há erro pior ou menos pior.

    Questão passível de ANULAÇÃO