Para
resolver esta questão, você deve identificar os sentidos estabelecidos pelas
palavras (significados contextuais ou lexicais), bem como aqueles estabelecidos
por palavras gramaticais, responsáveis pela construção do sentido lógico nos
enunciados (significados gramaticais). Retomemos o fragmento de origem, para
analisar as relações de sentido anteriormente mencionadas:
“Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem
gesticulada, com áreas mais vastas no plano da compreensão e expansão que o
idioma".
1)
Significados contextuais ou
lexicais – homem: liberta e exterioriza o pensamento/imagem
gesticulada: possibilita áreas mais vastas no plano da compreensão e
expansão do pensamento que o idioma.
2)
Significados lógicos ou gramaticais:
instrumento: por meio da imagem gesticulada (o homem liberta e
exterioriza sentidos) / comparação: áreas mais vastas que o
idioma.
Depois
de fazer o esquema das relações de sentidos presentes no fragmento em análise,
examinemos as opções.
A) Mediante à imagem gesticulada com áreas mais vastas
que o idioma, no plano da compreensão e expansão, o homem assim externa e
liberta seu pensamento.
ERRADA.
Cuidado com a letra A, pois a pontuação
interfere na relação de sentidos, possibilitando outra significação referente à
parte do conteúdo do texto de origem. Quando se reescreve: “mediante à imagem
gesticulada", preserva-se o significado gramatical de “instrumento", visto que
“mediante a" é uma locução prepositiva que expressa ideia de instrumento ou
intermediação (= por meio de). Por outro lado, na continuidade da reescrita, a
ausência de vírgula depois de “gesticulada" fornece para o leitor a informação
gramatical de especificação, como se não se falasse de qualquer imagem
gesticulada, a qual possibilita áreas
mais vastas, mas sim de uma imagem gesticulada em específico, a que tem áreas
mais vastas que o idioma. Isso se justifica pelas normas da gramática porque,
com vírgulas depois de “gesticuladas" e posterior a “idioma", formamos um
aposto, que é um termo de núcleo nominal explicativo, ou seja, que oferece
sentido amplo, de explicação, sobre o elemento anterior. Caso desejemos
oferecer não um sentido de explicação, ampliação, mas sim de restrição ou
especificação, devemos tirar essas vírgulas. Nesse caso, a expressão que não
está mais entre vírgulas fica fixa, subordinada, ao termo ao qual se refere,
não sendo mais um aposto, e sim um adjunto adnominal. Logo, deveria haver a
vírgula depois de “gesticulada", a qual juntamente com a outra pontuação já
presente, depois de “idioma", daria um sentido de explicação de que a imagem
gesticulada (qualquer que o homem faça) possibilita áreas vastas de comunicação
e expressão ao homem.
B) No nível da expansão e da compreensão do idioma, o
pensamento, portanto, é franqueado e externado pela imagem gesticulada com
áreas mais amplas do homem.
ERRADA.
Logo no início desta reescrita,
verificamos um equívoco na relação de sentidos estabelecidos: o pensamento não
seria “franqueado" (libertado, manifestado) “no nível da expansão e da
compreensão do idioma". O pensamento é franqueado pela imagem
gesticulada, com áreas mais vastas no plano da expansão e da compreensão que
o idioma. Ou seja, deixa-se de expressar, no texto da letra B, a relação
gramatical de comparação (substituindo-se “que o idioma" por “do idioma"), a
qual é fundamental para a estruturação do texto de origem. Além disso, ainda
falta uma vírgula antes de “com áreas", para marcar o aposto explicativo, sem
contar o erro na expressão “áreas mais amplas do homem", pois as “áreas
mais vastas" são as do pensamento, que a imagem gesticulada possibilita
alcançar mais que o idioma.
C)
Desse modo, libertam-se e exteriorizam-se o pensamento pela imagem dos
gestos produzidos pelo homem, com vastas áreas mais que o idioma no plano da
compreensão e proliferação.
ERRADA.
Logo no início desta reescrita, há um
desvio gramatical de concordância verbal. Se o pensamento é libertado e
exteriorizado, então essa palavra é o sujeito de “libertar-se" e
“exteriorizar-se". Atendendo à regra geral de concordância, o sujeito e o verbo
se correspondem em número, então se o sujeito está no singular, os seus verbos
referentes também deveriam estar, de maneira que deveríamos escrever:
liberta-se e exterioriza-se o pensamento. Ademais, “no plano da compreensão e
proliferação" não equivale, semanticamente, a “no plano da compreensão e
expansão". “Proliferar" e “expandir" diferenciam-se em termos de significado
porque o primeiro verbo está associado necessariamente à ideia de quantidade, e
não à noção de intensidade, inerente ao sentido de “expansão".
D) Conquanto mais vastas, que o idioma, no plano da
compreensão e expansão do pensamento, as áreas da imagem são libertadas e
externalizadas pela gesticulação do homem.
ERRADA.
A letra D apresenta uma série de equívocos: libertados e externalizados
são os pensamentos, e não as “áreas da imagem"; o homem não gesticula
(“gesticulação") para libertar e externalizar as áreas da imagem, pois são as
imagens gesticuladas do homem que libertam e externalizam o pensamento. Por
fim, não existe uma relação de concessão no texto de origem, a qual se
explicita na reescrita no fragmento: “conquanto mais vastas (...) as
áreas da imagem são libertadas e externalizadas". O erro acontece porque não há
algo que aconteça “apesar de outro" (conquanto), no texto original, sem
contar que, na escrita da letra B, gramaticalmente também se falha por haver
uma vírgula indevida antes do QUE, interrompendo a estrutura de comparação.
E) Recorrendo à imagem gesticulada, o homem assim
liberta e expressa o pensamento, com áreas mais abrangentes que o idioma no
nível da compreensão e da expansão.
CORRETA.
Ao se utilizar “recorrendo" na reescrita, preserva-se o sentido lógico
de instrumento ou intermediação, que antes era manifestado pela contração PELA
(= “por meio de"). O acento grave, indicativo de crase, também se aplica, pois
quem recorre “recorre A", havendo o encontro da preposição A, pedida pelo
verbo, com o artigo definido feminino A, que acompanha a palavra feminina
“imagem". O aposto é sinalizado com vírgula antes de “com áreas", além da
preservação do sentido gramatical de comparação (“que o idioma"), o qual não
tem estrutura interrompida por vírgula inapropriada antes do QUE, tal como
aconteceu no exemplo da letra D.
Resposta: E