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ID
2574301
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A leitura do Texto 11 serve como base para responder à questão.


TEXTO 11


      Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.

      Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro.Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa.

      [...]

      O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o redator do Cruzeiro apresentou-me dois capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei:

      – Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota.

      Há lá ninguém que fale dessa forma!

      Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequena vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

      Não pode? Perguntei com assombro. E por quê?

      Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.

      – Foi assim que sempre se fez. Aliteratura é a literatura, seu Paulo. Agente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

                                  (RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 80. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 9)

Na narrativa de São Bernardo (Texto 11), ficam evidentes duas visões diferentes acerca da composição de uma obra literária. Na concepção defendida por Azevedo Gondim, o escritor deve se preocupar em compor um texto

Alternativas
Comentários
  • Graciliano Ramos, esse portentoso escritor, faz troça e desdenha do formalismo estético presente nas obras literárias. Isso está bastante claro neste trecho: ''Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota." Ora, se há uma demonstração de repulsa por essa escrita, conclui-se então que  Azevedo Godim defende que um texto deve ser rebuscado, ou melhor dizendo, "elaborado e solene".

     

    Letra C

  • C

    2§ "Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária," ..

     

    Nesse trecho depreende-se que a obra seria voltada para pessoas da zona rural, por isso a repulsa quanto o resultado feito por Godim...

     

    5§ " Há lá ninguém que fale dessa forma!"

    6§ ...replicou amuado que um artista não pode escrever como fala....

  • A chava da questão é saber o que é "pernóstico". rs