Fazendo uma análise da linguagem empregada
pelas mensagens publicitárias relativas ao turismo,
percebe-se que elas, para vender seus diversos produtos de
consumo, têm utilizado palavras, conceitos e referências
provenientes do universo religioso. É o sagrado no turismo
que aciona um tesouro de imagens primordiais: a felicidade,
a perfeição, o paraíso.
A palavra paraíso é de origem persa – pairidaeza,
que quer dizer “jardim murado”; e sua representação, seu
símbolo, é um jardim, o lugar onde se deu a criação, o país
originário de Adão e Eva, enfim o centro do cosmos, que
remete a um estado de perfeição.
Para a tradição religiosa judaico-cristã, no paraíso
o homem revitaliza-se. Lá se dá a comunicação direta com o
divino. Lá é o lugar do não trabalho. Não há doenças,
velhice, morte; lá se é imortal e eternamente jovem. É um
lugar de muitas águas, diversas árvores, solo fértil, e a
temperatura amena é permanente. Que outra imagem
poderia traduzir uma natureza tão exuberante, intocada,
atraente e caprichosa?
Depois vieram o pecado, a culpa, a expulsão, e
Deus determinou que querubins interditassem ao homem a
entrada, mantendo o paraíso inacessível a ele.
Basicamente, são esses os clichês que acompanham a
imagem do paraíso construída no Ocidente.
Mas o Ocidente sempre sonhou em retornar ao
paraíso, para aliviar a nostalgia melancólica de tudo aquilo
que um dia fez parte do passado glorioso do homem e que
foi perdido. E foram muitos os homens que se lançaram em
sua busca durante os séculos, seduzidos pelo poderoso
desejo de reencontrar esse lugar amado, seja com as
grandes navegações, seja com as especulações literárias.
O reencontro do paraíso perdido pode dar-se,
ainda, nas viagens turísticas. Muitos brasileiros realizam a
viagem de seus sonhos: fica cada vez mais barato ir para
longe de casa. Eles são embalados por propostas e apelos
tentadores para as “fugas” do cotidiano, com mil planos de
viagens e formas de pagamento diversas e para quaisquer
orçamentos financeiros. A demanda turística intensifica-se,
e os brasileiros veem que o paraíso está ao seu alcance em
até cinco vezes, sem juros.
Sabah Aoun. À procura do paraíso no universo do turismo.
Rio de Janeiro: Papirus, 2001 (com adaptações).
Assinale a alternativa em que a reescritura proposta mantém a correção gramatical e preserva o sentido original de passagem do texto I.