SóProvas


ID
2589058
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Marília - SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            A língua maltratada


      É impressionante como as pessoas falam e escrevem de maneira errada. Presenciar punhaladas na língua não me assusta tanto. Fico de cabelo em pé ao perceber que as pessoas acham feio falar corretamente. Se alguém usa uma palavra diferente, numa roda de amigos, acaba ouvindo:

      – Hoje você está gastando, hein?

      Vira motivo de piada. O personagem que fala certinho é sempre o chato nos programas humorísticos.

      Mesmo em uma cidade como São Paulo, onde a concorrência profissional é enorme, ninguém parece preocupado em corrigir erros de linguagem. Incluem-se aí profissionais de nível universitário.

      Um dos maiores crimes é cometido contra o verbo haver. Raramente alguém coloca o H. Mesmo em jornais, costumo ler: “Não se sabe a quanto tempo…”.

      Outro dia, estava assistindo ao trailer de Medidas Extremas. Lá pelas tantas, surge a legenda: “Vou previni-lo”. O verbo é prevenir. No filme Asas do Amor, também não falta uma preciosidade. Diz-se que um personagem é “mal”. O certo é “mau”.

      Legendas de filme não deveriam sofrer um cuidado extra? Para se defender, o responsável pelas frases tortas é bem capaz de dizer:

       – Deu para entender, não deu?

      Errar, tudo bem. O problema é deixar o erro seguir em frente.

      Em novelas de televisão, no teatro, nos filmes, por exemplo, justifica-se empregar uma linguagem coloquial*, pois os atores devem falar como as personagens que interpretam. Mas há limites, pode-se manter o tom coloquial sem massacrar a língua.

      Muita gente passa o dia malhando na academia. Outros conhecem vinhos. Existem gourmets capazes de identificar um raro tempero na primeira garfada. Analistas econômicos são capazes de analisar todas as bolsas do universo. No entanto, boa parte acha normal atropelar o português.

Descaso com a língua é desprezo em relação à cultura. Será que um dia essa mentalidade vai mudar?

                                     (Walcyr Carrasco. VejaSP, 22.04.1998. Adaptado)

*coloquial: informal 

Segundo o autor,

Alternativas
Comentários
  • "Descaso com a língua é desprezo em relação à cultura. Será que um dia essa mentalidade vai mudar?"

     

    GABARITO - C

  • Ótimo texto!

  • Apesar de não gostar do texto( regionalismo linguístico também é cultura, muito mais legítima do que o português imposto autoritariamente), a opção correta é a C. 

  • e se reclamar vai piorar :D kkkkk
    Imagino walcyr lendo seu texto de 1998 HOJE, 2018, deve se arrepender amargamente por ter reclamado daquela geração!

     

  • "Vou previni-lo" como citado no texto. O que está errado??
  • o correto é PREVENI-LO - Felipe Peretti

  • O Autor,no texto,refere-se à linguagem formal e seu desuso. Até mesmo onde deveria ser usada de forma correta e formal, vem sendo substituída pelo uso "coloquial", justificando-se a fala do dia a dia das pessoas comuns.

  •  a) os textos publicados em jornais não contêm erros gramaticais, pois seguem estritamente a norma-padrão.

    Um dos maiores crimes é cometido contra o verbo haver. Raramente alguém coloca o H. Mesmo em jornais, costumo ler: “Não se sabe a quanto tempo…”.

     

    b) o uso da linguagem coloquial deve ser restrito a pessoas que trabalhem em projetos culturais.

     

     Em novelas de televisão, no teatro, nos filmes, por exemplo, justifica-se empregar uma linguagem coloquial*, pois os atores devem falar como as personagens que interpretam. Mas há limites, pode-se manter o tom coloquial sem massacrar a língua. - Aqui o autor comenta que é compreensivel quando pessoas ligadas a projetos culturais usam da linguagem cloquial, no entanto não diz que deve ser restrito somente a esse grupo de pessoas,

     

     c) o interesse em conhecer melhor a língua portuguesa é importante, pois ela é parte da nossa cultura.(Gabarito)

    Descaso com a língua é desprezo em relação à cultura. Será que um dia essa mentalidade vai mudar?

     

     d) a cidade de São Paulo se destaca, no país, por possuir o maior número de profissionais com nível superior.

    Mesmo em uma cidade como São Paulo, onde a concorrência profissional é enorme, ninguém parece preocupado em corrigir erros de linguagem. Incluem-se aí profissionais de nível universitário. - O autor comenta apenas que a concorrência é grande, não é possível inferir sobre ter dito que a cidade se destaca pela quantidade de profissionais de nível superior.

     

     e) as personagens humorísticas têm como característica marcante falar de acordo com as regras gramaticais.

    O personagem que fala certinho é sempre o chato nos programas humorísticos.