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ID
2602534
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
PC-MA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Texto 5A5AAA


      Marlene tem cinquenta e cinco anos de idade e diagnóstico de depressão, dado quando ela tinha quinze anos de idade. Ela faz acompanhamento psicológico com frequência semanal há dois anos. Mesmo em uso de medicação prescrita pelo psiquiatra responsável pelo caso, ela tentou suicídio há trinta dias, por ingestão de medicamentos. Após vinte dias de internação, ela foi encaminhada a uma clínica de saúde mental. Como plano terapêutico, a equipe dessa clínica propôs a Marlene psicoterapia individual, acompanhamento psiquiátrico, terapia familiar, oficinas de arte e de culinária e aulas de ioga.

      A respeito de Marlene, o pai dela afirmou o seguinte para a equipe clínica: “Ela sempre foi minha filha problemática. Nunca se deu bem na escola. Já tentou se matar inúmeras vezes. Desde jovem, era difícil. Chorava sempre e sem nenhum motivo aparente. Houve uma época em que ela se cortava. Não tinha amigos nem animação para nada. Nunca foi de sair. Sempre ficou no seu quarto com suas coisas. Acho mesmo é que Marlene nunca quis viver. Já nasceu deprimida. Era um bebê triste. A mãe dela sempre teve depressão. Nunca conseguiu cuidar das nossas filhas. Sempre ficou tudo por minha conta.”. 

Considerando o caso clínico hipotético apresentado no texto 5A5AAA, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a Classificação Internacional das Doenças (CID-10) e as abordagens psicológicas, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • Critérios para o Transtorno depressivo maior:

     

    Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato

    subjetivo.

    Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita poroutras pessoas).

    Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos osndias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.)

    Insônia ou hipersonia quase todos os dias.

    Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

    Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

    Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).

    Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

    -> -> -> -> Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

     

    Então pq a D está errada? Como critério (e não para fechar o diagnóstico) a tentativa de suicídio serviria, não?

  • Concordo, Erika... Alguém mais ajuda?

  • Erika e Fabricio, a questão fala que a tentativa de suicidio por si só não serve como critério diagnóstico de depressão.

  • A questão está se referindo ao caso da Marlene, que pra mim, tendo em vista o caso dela estaria correto. Casos de tentativas de suicídio por si sós isoladamente não servem para critério de depressão , mas a assertiva fala no caso de Marlene, que possui vários outros sintomas condizentes com o diagnóstico... Na minha opinião deveria ter sido anulada
  • A letra A está incorreta pq se trata de uma adolescente. Copiei alguns trechos do seguinte artigo:


    https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/view/7807/6544


    Na sociedade ocidental contemporânea, uma forma específica de marcar o corpo tem se manifestado de forma cada vez mais frequente entre meninas adolescentes: a automutilação/cutting. Chamamos de automutilação/cutting a prática de autoprovocar-se cortes na pele de forma intencional, que para algumas adolescentes torna-se uma compulsão, sendo que recorrem aos cortes na pele como um alívio frente a situações de angústia. A angústia é entendida aqui de acordo com as concepções formuladas por Lacan (2005), como um afeto estrutural, que aparece em momentos extremos, nos quais algo de irrepresentável se apresenta e provoca uma desorganização subjetiva. Esses momentos extremos, de irrupção da dimensão do real, estão muito presentes na adolescência.


    A sustentação de uma imagem corporal na ausência de uma operação simbólica produzirá angústia, e fará com que o sujeito busque recursos para amenizá-la. Por vezes, a dificuldade em lidar com essa nova imagem corporal produzirá atos sobre o corpo. As práticas de automutilação/cutting são exemplos desses atos dirigidos ao corpo como tentativa de amenizar uma angústia. A respeito dos atos que surgem frente à angústia, Lacan nos diz que: “Agir é arrancar da angústia a própria certeza. Agir é efetuar uma transferência de angústia” (LACAN, 1962-2005, p.88). A partir dessa premissa podemos pensar as práticas de automutilação/cutting como um acting out, que se configura como uma mensagem endereçada ao Outro, que demanda uma interpretação, tal como Lacan (1962-2005) afirmou que o acting out aparece como sendo uma “mostração” da ordem da evitação da angústia.

  • A) INCORRETA. A psicose para Lacan está relacionada a não inclusão do Nome-do-Pai em seu registro no simbólico, no lugar do Outro, tendo assim o fracasso da metáfora paterna, mecanismo o qual ele denominou de foraclusão do Nome-do-Pai.

    B) INCORRETA. Na teoria a melancolia está ligada à perda de um objeto amado, real ou idealizada, na qual o objeto de amor não morreu, mas foi perdido enquanto objeto de amor, e a introjeção desse objeto perdido ao ego do sujeito.

    C) INCORRETA. O DSM-V apresenta como critérios diagnósticos para Transtorno de Sintomas Somáticos:

    A. Um ou mais sintomas somáticos que causam aflição ou resultam em perturbação significativa da vida diária.

    B. Pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos relacionados aos sintomas somáticos ou associados a preocupações com a saúde manifestados por pelo menos um dos seguintes:

    1. Pensamentos desproporcionais e persistentes acerca da gravidade dos próprios sintomas.

    2. Nível de ansiedade persistentemente elevado acerca da saúde e dos sintomas.

    3. Tempo e energia excessivos dedicados a esses sintomas ou a preocupações a respeito da saúde.

    C. Embora alguns dos sintomas somáticos possam não estar continuamente presentes, a condição de estar sintomático é persistente (em geral mais de seis meses).

    Especificar se:

    Com dor predominante (anteriormente transtorno doloroso): Este especificador é para indivíduos cujos sintomas somáticos envolvem predominantemente dor.

    Especificar se:

    Persistente: Um curso persistente é caracterizado por sintomas graves, prejuízo marcante e longa duração (mais de seis meses).

    Especificar a gravidade atual:

    Leve: Apenas um dos sintomas especificados no Critério B é satisfeito.

    Moderada: Dois ou mais sintomas especificados no Critério B são satisfeitos.

    Grave: Dois ou mais sintomas especificados no Critério B são satisfeitos, além da presença de múltiplas queixas somáticas (ou um sintoma somático muito grave).

    D) CORRETA. O DSM-V apresenta como critérios diagnósticos para o Transtorno Depressivo Maior, dentre outros:

    Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.

    Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica.

    1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)

    2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

    3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.).

    4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.

    5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

    6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

    7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorecriminação ou culpa por estar doente).

    8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

    9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

    E) INCORRETA. A depressão em Winnicott está ligada á diferenciação do objeto, anteriormente indistinguível do eu para o bebê e a descoberta da identidade pessoal. Seria parte natural e essencial ao amadurecimento.


    GABARITO: D


  • Somente a tentativa de suicídio não pode ser critério diagnostico para depressão, visto que para de diagnosticar depressão precisa de 5 ou mais sintomas descritos no DSM.

  • Pode até ser, que não seja requisitos para um diagnóstico de depressão, mas o fato de Marlene tentar várias vezes o suicido.Desde criança não receber cuidados suficientes , chorar sem motivos aparente, e sempre estar triste, poderia sim, ser considerado um caso de depressão. Na minha opinião deveria ter sido anulada.

  • Gente, a questão deixa claro que é "por si só", e desta forma, nem no caso de Marlene e nem em nenhum outro caso o suicídio consistiria num fator suficiente para o diagnóstico.

    Todos os colegas que trouxeram motivos para não concordar com gabarito mencionam o quadro da paciente por completo, porém a questão não pede isso, pede para analisar tendo em vista um único sintoma, que é o suicídio.

    Cuidado para não mergulharem fundo demais nas interpretações.