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ID
262438
Banca
FCC
Órgão
TRE-RN
Ano
2011
Provas
Disciplina
Administração Pública
Assuntos

Com relação à passagem do modelo racional-legal ao paradigma pós-burocrático, considere as afirmativas abaixo.

I. Apesar da forte tendência de flexibilização, não houve ruptura com o modelo burocrático, tendo em vista que a lógica de ação predominante nas organizações continua sendo voltada para o cálculo utilitário de consequências, associado à racionalidade formal.

II. As organizações ditas pós-burocráticas ainda estão fortemente vinculadas à autoridade racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.

III. A organização pós-moderna teria como principais características a centralização e a estruturação em redes hierarquizadas conectadas pelas tecnologias de informação.


IV. A liderança nas organizações pós-burocráticas é facilitadora e solucionadora de conflitos e problemas, baseando-se na abertura, participação, confiança e comprometimento.

V. O tipo organizacional pós-burocrático é representado por organizações simbolicamente intensivas, produtoras de consenso por meio da institucionalização do diálogo.

Está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  • Letra D

    O único item errado é o III.

    III. A organização pós-moderna teria como principais características a descentralização e a estruturação em redes hierarquizadas orgânicas conectadas pelas tecnologias de informação.

    O item I está correto, pois o modelo gerencial não pode romper totalmente com alguns elementos buocráticos. 
  • Segundo Chiavenato:

    A administração pública gerencial constitui um avanço e, até certo ponto, um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretando, que negue todos os seus princípios. Pelo contrátio, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático.

    E ainda:

    O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções e incentivo à criatividade.
  • Comentário do PROFESSOR RAFAEL ENCINAS (ponto dos concursos) para esta questão:

    "Essa questão foi copiada do texto “Do Modelo Racional-Legal ao Paradigma Pós-Burocrático: Reflexões sobre a Burocracia Estatal”, de Paulo Henrique Ramos Medeiros, disponível em:
    http://www.clebertoledo.com.br/blogs/gestaopublica/administracao/files/files/ok%20Burocratico%20racional%20legal.pdf

    Segundo Medeiros:
    Dellagnelo e Machado-da-Silva (2000) concluíram que, apesar da forte tendência de flexibilização, não houve ruptura com o modelo burocrático, tendo em vista que a lógica de ação predominante nas organizações continua sendo voltada para o cálculo utilitário de consequências, associado à racionalidade formal.
    A primeira afirmação é certa porque o modelo pós-burocrático irá manter esse “cálculo utilitário de consequências”, que significa que as decisões são tomadas com base na utilidade que a ação governamental pode gerar, ou seja, com base nos benefícios, nos resultados. Vimos que a burocracia é racional porque ela busca os melhores procedimentos tendo em vista os fins visados, ou seja, vimos que, na teoria, ela se preocupa sim com o resultado. E o modelo pós-burocrático vai defender isso mais enfaticamente.
    A segunda afirmação foi dada como certa, mas se trata de um equívoco da FCC, algo comum quando eles adotam essa prática do “copia & cola” nas questões, pois retiram uma frase do seu contexto e ela perde o sentido. Vou tentar explicar a confusão que eles fizeram.
    O texto de Medeiros traz muito das conclusões de outro texto: “Racionalidade, autoridade e burocracia: as bases da definição de um tipo organizacional pósburocrático”, de Flávio Carvalho de Vasconcelos, disponível em: http://app.ebape.fgv.br/comum/arq/Vasconcelos.pdf


  • Vasconcelos afirma que:
    No entanto, organizações baseadas em princípios como esses são particularmente raras e, na verdade, mesmo os mais ardentes defensores do conceito de pós-burocracia concedem que, como tipo ideal, organizações verdadeiramente pós-burocráticas não existem.
    O autor entende que as organizações com as características essenciais do modelo pósburocrático não existem. Com base nisso, Medeiros afirma que:
    Vasconcelos (2002) reforça esse entendimento de Dellagnelo e Machado-da-Silva (2000), quanto a não ruptura com o modelo burocrático tradicional, pois as organizações ditas pós-burocráticas ainda estariam fortemente vinculadas à autoridade racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.
    Percebam que ele fala em organizações DITAS pós-burocráticas, ou seja, elas não são verdadeiras organizações burocráticas, pois não possuem as características essenciais do modelo.
    Voltando agora para a questão, ela coloca a frase “as organizações ditas pósburocráticas ainda estão fortemente vinculadas à autoridade racional-legal” fora de seu contexto. Quem lê, pensa que ela afirma que o modelo pós-burocrático ainda se baseia na autoridade racional-legal. Mas não é isso. Ela afirma que as organizações passam a impressão de serem pós-burocráticas, mas ainda estão fortemente vinculadas à autoridade racional-legal.
    A terceira afirmação é errada. Não se caracteriza pela centralização, mas sim pela descentralização, e são redes não hierárquicas, em que diversas organizações cooperam entre si e atuam de forma conjunta, no mesmo nível.
    A quarta afirmação é certa. Segundo Medeiros:
    Define-se a pós-modernidade como a pesquisa da organização pósmoderna, aquela que teria como principais características a descentralização, a estruturação em rede conectada pelas tecnologias de informação, bem como a liderança facilitadora e solucionadora de conflitos e problemas, baseada na abertura, participação, confiança e comprometimento.
    A quinta afirmação é certa. Segundo Vasconcelos:
    Autores mais recentes definem o tipo organizacional pós-burocrático como organizações simbolicamente intensivas, produtoras de consenso através da institucionalização do diálogo. Essas organizações seriam mais especificamente caracterizadas por: constituir grupos de trabalho flexíveis e forças-tarefa temporárias com objetivos claros; criar espaços para diálogo e conversação; enfatizar confiança mútua; usar o conceito de missão como ferramenta
    estratégica; disseminar informação, criar redes de difusão e recuperação de conhecimento; criar mecanismos de feedback e avaliação de performance por peer review; criar capacidade de resiliência e flexibilidade na organização.
    Gabarito: D.
  • III. A organização pós-moderna teria como principais características a centralização e a estruturação em redes hierarquizadas conectadas pelas tecnologias de informação.
     

     

    Vá e Vença!

  • Sobre a I, entendo que houve ruptura sim, porém não completa, visto que a burocracia ainda influencia fortemente o setor público, mas temos várias iniciativas gerenciais, tais como publicização, privatização, orçamento-programa, controle de resultados, deslegalização, etc.

    Então, falar que não houve, sem qualquer flexibilização, é errado.