SóProvas


ID
2635903
Banca
VUNESP
Órgão
TJ-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                           Ai, Gramática. Ai, vida.


      O que a gente deve aos professores!

      Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que me ensinaram. E vocês querem coisa mais importante do que gramática? La grammaire qui sait régenter jusqu’aux rois – dizia Molière: a gramática que sabe reger até os reis, e Montaigne: La plus part des ocasions des troubles du monde sont grammairiens – a maior parte de confusão no mundo vem da gramática.

      Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de George Moore: escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei tantas citações? Simples: tenho em minha biblioteca três livros contendo exclusivamente citações. Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. Pena que os livros são em inglês. Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as revistas MAD e outras que vocês podem imaginar).

      Discordâncias à parte, gramática é um negócio importante e gramática se ensina na escola – mas quem, professoras, nos ensina a viver? Porque, como dizia o Irmão Lourenço, no schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas para a vida.

      Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo. Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográficos. Podemos acompanhar a vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as diferentes etapas por sinais de pontuação.

      Infância: a permanente exclamação:

      Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro, quem não chora não mama!

      Me dá! É meu!

      Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva!

      Olha como o vovô está quietinho, mamãe!

      Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe!

      Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança – não verás nenhum país como este!

      Dá agora! Dá agora, se tu és homem! Dá agora, quero ver!

(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar, 1996. Adaptado)

O que Oscar Wilde afirma acerca de George Moore – escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática – significa que

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra e).

     

    O trecho a ser analisada pela banca é o seguinte: " ... escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática ..."

     

     

    A expressão "até", no contexto acima, indica que George Moore escrevia um excelente inglês, mas, com o descobrimento da gramática, sua escrita acabou sendo prejudicada. O que é debatido no parágrafo anterior ajuda a concluir isso também. O seguinte trecho reforça essa ideia de comprometimento na escrita: " ... a maior parte de confusão no mundo vem da gramática."

     

    Por isso, a alternativa "e" é o gabarito em tela.

     

     

     

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  • Como falou o colega,

    o "até" acaba por dar uma idéia de adversidade, de oposição.

  • Além do "até", a ideia de adversidade existe também na oração anterior: há quem discorde.

  • A frase conferida a Oscar Wilde, que se mostra sarcástico, como de praxe, sugere ter havido comprometimento. Antes escrevia bem, depois que descobriu a gramática, não.

     

    Letra E

  • Considerando o fato do texto ser um elogio ao conhecimeno gramatical, pode-se concluir que apartir do momento que a frase diz : "HÁ QUEM DISCORDE", é só procurar a questão contraditória a ideia geral do texto.

    GAB. E

  • Alguém poderia me explicar o que torna a alternativa "D" errada?

     

  • LETRA E

     

    A palavra até, na maioria dos casos, funciona como preposição ou advérbio, mas nesse caso está mais desempenhando a funçãode de uma conjunção adversativa ( mas ,porém, todavia )

     

    escreveu excelente inglês, até que (MAS) descobriu a gramática, ou seja, e) o contato com a gramática ocasionou, na obra de George Moore, o comprometimento da qualidade de sua escrita.

  • "HÁ QUEM DISCORDE [...]"    (2° páragrafo)

  • Em uma linguagem coloquial.  George Moore escreve muito bem em inglês, mas depois que descobriu a gramátrica, viu que a coisa era mais obscura. :)

     

    Obs.Acho que está na hora de dormir. rs

     

     

  • Pessoal, a colocação dos colegas em enxergar o ATÉ como conjunção adversitiva, procede.No entanto, encontrei uma maneira maneira diferente para responder a questão. Ora, se o citado escrevia muito bem Ingês. Etende que não escreve mais. Porquê? Todos sabem que no Inglês usa a gramática. Daí já percebe que ele deixou de escrever bem.Acertei a questão fazendo essa leitura.    

  • questão dificil....

  • Gabarito: E

     

    Comentário: No segundo parágrafo, o autor do texto diz:

     

    “E vocês querem coisa mais importante do que gramática?”.

     

    Já no terceiro parágrafo, diz:

     

    “Há quem discorde”.

     

    Assim, o que ele quis dizer com a frase citada no enunciado da pergunta é que George Moore produzia excelentes obras, ATÉ que começou a fazer o uso da gramática e, por conseguinte, as mesmas deixaram a desejar.

     

    A palavra “até” nos transmite a ideia de adversidade. Assim, podemos concluir que as obras deixaram de ser excelentes.

     

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  • Interpretação é frustante !

  • ALTERNATIVA A – ERRADO – O que o texto dá a entender é o oposto. Possivelmente a linguagem empregada pelo autor começou a se distanciar do popular à medida que ele passou a privilegiar a gramática.

    ALTERNATIVA B – ERRADO – O que o texto dá a entender é justamente o oposto. Com a descoberta da gramática por parte do autor, seus fãs se decepcionaram com a queda de qualidade de suas obras.

    ALTERNATIVA C – ERRADO – O que o texto dá a entender é o oposto. O fato de o autor privilegiar a gramática fez com que ele perdesse qualidade em suas obras, talvez pelo fato de a linguagem empregada ser diferente da contemporânea.

    ALTERNATIVA D – ERRADO – A preocupação com os aspectos gramaticais teve como contrapartida uma perda de qualidade.

    ALTERNATIVA E – CERTO – O emprego da expressão “até que” dá entender que a obra de George Moore era excelente e passou a não mais ser a partir do momento em que esse autor privilegiou a gramática em suas obras. Dessa forma, a preocupação com os aspectos gramaticais teve como contrapartida uma perda de qualidade.

  • ganhou bastante dinheiro, ''até'' comprou um carro ( inclusive)

    ganhou bastante dinheiro, ''até que'' roubaram (mas)

  • A explicação do aluno André Aguiar está perfeita!

    **Não se baseiem na explicação dada pela professora no gabarito, porque está equivocada!

  • Parece adversidade mesmo,

  • Gabarito E:

    George Moore – escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática 

    O até que, da uma ideia de adversidade, causando a impressão de que parou de escrever um excelente inglês.

  • Questão difícil, mas sensacional. TOP eu errei ela ok, mas é top...

  • Gabarito: E

    Justificativa: podemos interpretar essa questão de duas formas: primeiro, pelo trecho "Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo...", se Wilde discorda, logo, acredita que a gramática não trouxe mudança positiva às obras de George, contrariando (discordando) a opinião do narrador. Segundo, pela palavra "até", que nos dá a compreensão de que estava bom e passou a ficar ruim.

    Exemplos:

    O ambiente estava calmo, até ligarem o rádio.

    As aulas estavam ótimas, até trocarem de professor.

    Fui bem na prova, até chegar em matemática.

  • A letra E é a única que desvaloriza a escrita de George, logo, é a certa, pois a conjunção dita por Wilde, "até que", condiz com isso.

  • eu conclui que ele já escrevia bem, porem com o descobrimento do inglês esse até poderia significar que melhorou, por exemplo : escrevia bem, até descobrir a gramática assim escrevendo muito melhor.

  • A MINHA interpretação foi a seguinte: o autor escrevia com excelência até que descobriu a gramática e elevou seu nível de linguagem técnica, assim prejudicando o entendimento e, consequentemente, baixando a qualidade geral de suas obras. Essa interpretação corrobora com o dito no parágrafo anterior, ao meu ver.

    .

    .

    GABARITO = E

  • Uso da locução subordinativa temporal “Até que” – Sintaxe

    ''Como locução subordinativa temporal, «até que» figura em orações subordinadas adverbiais, com o verbo:

    (a) geralmente, no conjuntivo, como acontece nas

    frases apresentadas na pergunta: «o Rui esperou até que o chamassem» [exemplo

    da Gramática do Português (GP) da Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 2001];

    (b) no infinitivo: «o Rui esperou até o chamarem»;

    (c) em contexto narrativo, no indicativo (idem, ibidem): «o carro enterrou-se na areia, e ninguém conseguia tirá-lo de lá, até apareceram os bombeiros».

    O uso do conjuntivo (subjuntivo, no Brasil) como se ilustra em (a) pode ser entendido como uma propriedade típica das orações subordinadas introduzidas pela locução «até que», as quais, denotando uma situação pontual (o evento marcado por «chamassem»), constituem, em relação à oração principal («o Rui esperou»), um limite temporal impreciso, de caráter genérico e contingente («o Rui esperou o tempo que foi preciso»). O uso do

    indicativo em c), tem «[...] função predominantemente narrativa, correspondendo

    a uma situação pontual que interrompe (inesperadamente) uma outra situação de

    caráter prolongado [...]» (idem, ibidem).

    Este contraste entre conjuntivo e indicativo torna-se mais saliente nas orações de «até que», quando se procura associar a locução «de repente»: com efeito, enquanto esta é incompatível com a frase em (a) – é estranha uma sequência como «o Rui esperou até que, de repente, o chamassem» –, já a sua inserção na frase ilustrativa do uso referido em (c) – «não conseguíamos sair dali, até que, de repente, apareceram os bombeiros para

    nos ajudar» – é aceite sem hesitação.'

    Referência; Tiago Lima.

    Questão

    Para Wilde, George escrevia ao seu gosto, após o "descobrimento da gramática" já não o satisfazia.

  • ganhou bastante dinheiro, ''até'' comprou um carro ( inclusive)

    ganhou bastante dinheiro, ''até que'' roubaram (mas)

  • Desde 2019 errando essa questão...

  • EAI CONCURSEIRO!!!

    Para você que vai fazer a prova para escrevente do TJSP e está em busca de questões inéditas, o PROJETO META 90 é uma apostila contendo 1410 questões INÉDITAS E COMENTADAS de toda a parte específica (disciplinas de Direito) cobradas no concurso de Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça de São Paulo e também em outros concursos de Tribunal como TJ/RJ, TJ/SC, TJ/GO que estão com edital aberto. Estou usando e está me ajudando muito, questões novas trabalham melhor a memoria. Fica minha indicação, pois a VUNESP e traiçoeira HAHAHA.

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  • A letra E é a única que diverge das demais, portanto, é a correta. Eu nem entendi o que Oscar Wilde quis dizer, mas analisando a questão, a letra E era a única diferente.

  • Gab: E;

    Sempre escreveu bem até acontecer algo...ou seja, de fato houve um comprometimento...utilizei esse pensamento de contraposição.

  • Até, marca o fim de determinada situação/ contexto. Sendo assim, essa questão, na minha opinião, foi absurda.

    Ora, se o cara escrevia muito bem até aqui. Agora, ele pode ter passado a escrever muito melhor ainda, ou então, passou escrever de forma mais coloquial, simplista. No texto, ao meu ver, não encontrei sinal algum para entender diferente.

    Assim, ficou uma intepretação aberta. Quem acertou, parabéns, quem errou. Paciência.