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ID
2669467
Banca
VUNESP
Órgão
TJ-RS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia os textos para responder à questão abaixo.


Texto I


Como reparar a escravidão?



    Como falar de um assunto grave e controverso no Brasil iracundo dos dias de hoje? Como falar da herança do escravismo brasileiro no nosso cotidiano?
    Para fundamentar a pertinência da discussão, cabe lembrar que a maioria da população brasileira, ou seja, 54% dos habitantes em 2014, se auto-identificam como afrodescendente. A origem desse panorama cultural tem suas raízes no povoamento do Brasil. Em cada 100 indivíduos desembarcados entre 1550 e 1850 no Brasil, 86 eram africanos escravizados e só catorze eram cidadãos portugueses. As estatísticas podem variar com novas pesquisas, mas é improvável que a proporção se altere. No século XX, imigrantes de outras paragens aumentaram a categoria dos brancos e, mais geralmente, dos habitantes não negros. Houve, contudo, desde 1960, uma queda geral da taxa de fecundidade. Mais acentuado entre as mulheres brancas do que entre as mulheres mulatas e negras, esse fenômeno acabou gerando a proeminência populacional afrodescendente. Algumas constatações podem ser tiradas dessa evolução.
    Foi essencialmente o trabalho africano e afro-brasileiro que sustentou os chamados ciclos econômicos – açúcar, ouro e café – e costurou as capitanias e depois as províncias num corpo nacional. Por esse motivo, faz todo o sentido incluir o estudo da história africana e afro-brasileira no ensino médio. Em seguida, é preciso rever o discurso sobre a nacionalidade. Não se pode dizer apenas que “O Brasil é uma obra de imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes”, como afirmou o presidente no seu discurso na Organização das Nações Unidas. O que deve ser dito, na ONU e alhures, é o seguinte: “O Brasil é obra de milhões de deportados africanos, índios e outros milhões de imigrantes pobres, que criaram uma nação, um Estado independente e multicultural”.

(Luiz Felipe de Alencastro. Como reparar a escravidão. Veja, 22.11.2017. Adaptado) 

Texto II
 
    Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas 9,8% dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil. Considerado apenas o Senado, pretos e pardos compõem somente 3,7% da Casa – 3 de um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513 deputados.

(https://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br)

Confrontando-se as informações dos dois textos, conclui-se corretamente que

Alternativas
Comentários
  • Letra D

     

    "os afrodescendentes são uma maioria demográfica, social e cultural"  é o que trata o primeiro texto

    "mas são uma minoria na política"  argumento defendido pelo segundo texto.

  • nunca tinha visto questão de comparar textos e fazer uma conclusão sobre...

    esse foi tranquilo, mas prevejo uns textos cabeludos por aí...

     

  • Gabarito letra D

     

    Fiquei curiosa sobre o significado de Iracundo, segue para aumentarmos nosso vocabulário:

     

    Significado de Iracundo

    adjetivo - Irado; que expressa ira; que tende a se irritar com facilidade.Irascível; que tem o gênio difícil ou se enraivece com facilidade.[Por Extensão] Furioso; que expressa uma raiva excessiva; repleto de rancor.

  • Não era nem necessário ler o texto

    Qualquer pessoa com conhecimento sobre o problema da minorias ou maiorias oprimidas poderia responder essa questão

    Abraços

  • D) os afrodescendentes são uma maioria demográfica, social e cultural, mas são uma minoria na política.

     

      Para fundamentar a pertinência da discussão, cabe lembrar que a maioria da população brasileira, ou seja, 54% dos habitantes em 2014, se auto-identificam como afrodescendente. (1º Paragrafo).

     

    Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas 9,8% dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil. Considerado apenas o Senado, pretos e pardos compõem somente 3,7% da Casa – 3 de um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513 deputados(3º Paragrafo).

     

     

    Gostaria de aborda um ponto que não tem nada a ver com o texto. Por que que branquelo não é racismo?

  •  Os pretos e pardos representam metade da população brasileira, mas apenas 9,8% dos deputados e senadores, segundo levantamento da Transparência Brasil. Considerado apenas o Senado, pretos e pardos compõem somente 3,7% da Casa – 3 de um total de 81 senadores. Na Câmara, a parcela é de 10,7% – 55 dos 513 deputados.

     

    D-os afrodescendentes são uma maioria demográfica, social e cultural, mas são uma minoria na política.

  • QUE TEXTO LINDÃO!

    Isso que é texto de qualidade, isso que é "papel social".

  • Rafa Saldanha, tentarei lançar um pouco de luz sobre a sua pergunta "Por que que branquelo não é racismo?"

    Dizer: seu branquelo, Alemão... no contexto brasileiro não é, tradicionalmente, um xingamento. Pelo menos não é encarado da mesma forma que dizer "seu negro". Porquê?

    A explicação remonta às origens da nossa colonização, pois, quando alguém diz: "seu negro..." na verdade ele quer dizer subliminarmente:"seu descendente de escravo (ser humano que, no contexto da origem do brasil, não teve oportunidade, foi serviente, foi chicoteado, humilhado, escravizado, tratado pior que os animais... ). Logo, é diferente de dizer "branquelo". Porque no contexto brasileiro os "brancos" eram os senhores de engenho, os políticos, os que açoitavam, os que eram servidos, os que estavam "por cima" e não se ofende ninguém dizendo que ele vem de uma origem que esteve por cima. Seria o mesmo que tentar ofender alguém dizendo que ele é ricaço, diferentemente é dizer que ele é um pobretão!

    É mais ou menos por isso que se ofende através do xingamento ligado a cor negra, na verdade não é a COR em si que é a ofensa, é o resgate da humilhação e do sofrimento ligado à cor e à origem escrava, pois subliminarmente a intenção do racista é dizer: PESSOA INFERIOR DESDE A ORIGEM, ETC...

    Abraços!!!