SóProvas


ID
2691223
Banca
FCC
Órgão
SABESP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão. 


1       A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista em questões ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em entrevista por que trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm dificuldade de achar um lugar nos museus.

2    Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de início, que aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu coleciona desde 1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de que a arte em questão vem. Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena é sempre aquela que não é nacional. É o tipo de arte que os países não querem usar para representá-los no exterior. É o “folclore”, o “artesanato”. Para este tipo de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do Folclore. Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não é considerado simplesmente arte?

3     E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de formas de expressão rurais, colocase a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por mulheres. Mas se a obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou seja, se tiver estudado com “as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se torne um artista reconhecido. Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil.

4   Até que ponto especialistas em arte, socializados em culturas ocidentais, refletem a respeito do fato de que talvez não possam julgar tradições artísticas que não conhecem? Acredito que as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como bom aquilo que já conhecem. As pessoas, em sua maioria, não pensam que cresceram em um mundo visual específico. Esse mundo serve como uma espécie de norma. É mais uma questão sensorial que intelectual. Acho que, entre nós, há muito pouco autoquestionamento no que concerne ao que nos marcou esteticamente.

(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível em: https://www.goethe.de)

Na entrevista, Mona Suhrbier defende o argumento de que

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D

    Basicamente, a autora critica aqueles que não consideram as artes indígenas como arte por não serem expressões urbanas e relacionadas a nomes conhecidos neste meio urbano. Trata-se de critérios ocidentais, presentes na Europa, que não enxergam outros modos de manifestação cultural ou que, se enxergam, classificam como artes inferiores. Consequentemente, as artes que não se encaixam nesses padrões ocidentais são segregadas e não têm o destaque merecido em museus (Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil).

  • Em que parte do texto é possível concluir, sem extrapolar, que os critérios ocidentais consideram as outras modalidades artísticas como INFERIORES?

    Grande parte dessas questões de interpretação só levam em conta a visão do examinador. São questões em que se acerta ou se erra sem a menor convicção. Depois, com o gabarito em vista, é bem tranquilo justificar o injustificável.

  • GABARITO LETRA D

     

    Tentanto responder ao questionamento do colega Jonathas, acredito que o cerne da resposta reside no seguinte fragmento:

    (...) Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena é sempre aquela que não é nacional. É o tipo de arte que os países não querem usar para representá-los no exterior. É o “folclore”, o “artesanato”. Para este tipo de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do Folclore. (...)

     

    A arte indígena, vista por critérios ocidentais, é marcada pela noção de inferioridade se comparada às artes de origens urbanas, sendo necessário, inclusive, criar um espaço apartado das demais para que seja possível sua exibição. Se arte é, por que não exibí-la junto às demais? Penso que esse é o questionamento que a questão buscou.

     

    Qualquer erro, por gentileza me notifique. Sucesso a todos!

     

  • Complementando...

     

     

    ERROS E REFERÊNCIAS

     

     

    a) as pessoas, quando desenvolvem critérios de apreciação de acordo com a cultura em que estão inseridas, podem apreciar a arte sem opiniões preconcebidas. 

     

     

    →  O texto diz exatamente o contrário, quando atribui a 'culpa' na CULTURA ocidental, em que as pessoas estão inseridas.

     

     

    "Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”."

     

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    b) a arte nacional costuma ser marcada pelo folclore, ainda que tal identificação não seja aceita pelos que desejam se pautar em paradigmas europeus. 

     

     

    →  Reparem a contradição do enunciado que vai de encontro ao texto, que diz que a arte indígena NÃO é nacional.

     

     

    "arte indígena é sempre aquela que não é nacional [...]. É o “folclore”, o “artesanato”."

     

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    c) a arte indígena, ainda que não seja identificada como arte nacional, deve ter seu lugar de apreciação salvaguardado em instituições como o Museu do Folclore. 

     

     

    →  A entrevistada, ao contrário do que o enunciado diz, QUESTIONA se é realmente necessário existir o "Museu do folclore"

     

     

    "Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu?"

     

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    e) o artesanato feito por mulheres, em regiões como a Amazônia, deve ser exibido em centros urbanos, para servir de inspiração a artistas que se dedicam às técnicas universalmente aceitas. 

     

     

    →  Extrapolação total do texto.

     

     

     

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    Confira o meu material gratuito > https://drive.google.com/drive/folders/1sSk7DGBaen4Bgo-p8cwh_hhINxeKL_UV?usp=sharing

  • Comentários do Professor Felipe Luccas do Estratégia Concursos no link https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/prova-comentada-sabesp-fcc-portugues/

    No link, a prova que ele recebeu tem uma sequência diferente, mas ele justifica cada alternativa. Vale a pena conferir. 

    Correto. De fato, a autora critica essa “segregação” da arte indígena, como se fosse uma arte menor, rural, inferior, segregada a museus de ‘Folclore’, como algo que não é representativo dos povos ocidentais. Em outras palavras, a autora ataca esse preconceito que diz que aquilo que não é tipicamente “ocidental” não é uma arte considerada “arte” propriamente dita.

     

  • O problema é o seguinte, 99% das provas questões de português da FCC têm pegadinhas para palavras que extrapolam o texto e INFERIOR é uma delas.

    Isso é GOLPE!

  • Gabarito D

     

    Acertei a questão com o cu na mão por causa da palavra "inferiores", a qual achei muito forte. Confesso que só marquei por eliminação mesmo.

     

  • "Acredito que as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como bom aquilo que já conhecem."

    Usando a lógica:  se o que conhecem é julgado bom, as outras modalidades não se enquadram nesse critério para serem julgadas como boas. Logo, são inferiores. (forçando um pouco, mas é o jeito)

  • GABARITO D

     

    Trecho do texto que ajuda a encontrar a alternativa correta:

    Mona Suhrbier: "Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil."

     

    "As noções do que seja arte devem libertar-se do modelo europeu, marcado por critérios ditos “ocidentais”, que consideram as outras modalidades artísticas como inferiores."

     

  • "Quando uma produção deriva de formas de expressão rurais, colocase a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por mulheres. Mas se a obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou seja, se tiver estudado com “as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se torne um artista reconhecido. Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil."

  • Será se é so eu que odeio interpretação de texto? Prefiro economia, contabilidade, TI do que interpretação de texto. Porra velho!

     

  • Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil

  • inferiores me fez errar