SóProvas


ID
2711005
Banca
Prefeitura de Fortaleza - CE
Órgão
Prefeitura de Fortaleza - CE
Ano
2018
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

“Perversão seria o nome do que nos desperta indignação. Mas, porque o estado social ‘normal’ não representa o bem ético, torna-se difícil pensar a perversão de modo simples” (Cristian Dunker).


Essa sentença abrange, de forma exemplar, as dificuldades clínicas referentes à formulação de uma estrutura perversa. Sendo assim, examine os enunciados abaixo:


I. Freud, no texto “os três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, apresenta a estrutura perversa e a caracteriza como estando em oposição à neurose.

II. O recalque, mecanismo que responde pelas manifestações neuróticas, produz um afastamento de algumas representações psíquicas da consciência. Na perversão, ocorreria um processo similar.

III. A denegação perversa da castração, simbolicamente representada pela atribuição de um pênis feminino, é uma tentativa de se furtar aos imperativos da lei simbólica.

IV. “o outro deseja, mas segundo a lei que eu determino”. Essa frase apresenta de forma sucinta a relação que o perverso mantém com o outro.

V. Freud apresenta o conceito de “cisão do eu”, ao falar da perversão, justamente para demarcar que o conflito é inconsciente.


Marque a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • alguém ajuda nessa questão, please

  • @anielly silva

    essa questão e bem complicada até para quem é da psicanalise, eu mesa errei estudando por anos esse assunto.

    I. Freud, no texto “os três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, apresenta a estrutura perversa e a caracteriza como estando em oposição à neurose

    Essa afirmativa está errada porque Freud não diz que a perversão está em oposição a neurose, ele diz que a neurose é o negativo da perversão. Ou seja, o que uma pessoa neurótica reprime e pode gratificar simbolicamente através de sintomas, o paciente com perversão a expressa diretamente por meio de sua conduta sexual.

    II. O recalque, mecanismo que responde pelas manifestações neuróticas, produz um afastamento de algumas representações psíquicas da consciência. Na perversão, ocorreria um processo similar.

    Errada. O que acontece na neurose é um recalque da castração, o neurótico recalca e o que e recalcado retorna sob a forma de sintoma. O que ocorre na psicose não é similar na neurose, na psicose ocorre a recusa ou renegação da castração, ao se deparar com a realidade que a mãe é castrada o perverso desmente a castração e substitui o falo por um fetiche, que pode ser qualquer objeto.

    III. A denegação perversa da castração, simbolicamente representada pela atribuição de um pênis feminino, é uma tentativa de se furtar aos imperativos da lei simbólica.

    Correta. A denegação é a forma de negação da castração na perversão, ele desmente que a mãe e castrada. O desmentido é um mecanismo de defesa por meio do qual o sujeito se recusa a reconhecer a realidade de uma percepção negativa, no caso, a ausência de pênis na mulher (Roudinesco, 1998, p. 656). É precisamente por meio dessa negação da castração, que esta se torna presente, fator que irá diferir o sujeito perverso do sujeito psicótico. No perverso, existe recalque (da castração materna), portanto ele está inserido no contexto simbólico e reconhece a diferença sexual. Ele sabe que deveria haver um objeto lá, mas reconhece que não há, detendo-se na sua observação. Por isso, ele produz esse objeto – o fetiche – como substituto fálico da mãe castrada. Ao erigir esse substituto, o objeto herdará todo o interesse que outrora fora voltado para o pênis.

  • IV. “o outro deseja, mas segundo a lei que eu determino”. Essa frase apresenta de forma sucinta a relação que o perverso mantém com o outro.

    Correta. O perverso não está fora da lei, ele faz a lei.

  • V. V. Freud apresenta o conceito de “cisão do eu”, ao falar da perversão, justamente para demarcar que o conflito é inconsciente.

    O conflito na perversão é entre o ego e a realidade, ou seja, de uma percepção da realidade que é a percepção da castração. A cisão do ego ou clivagem do ego é a expressão utilizada por Freud para designar o fenômeno que opera no fetichismo e nas psicoses que é a coexistência no seio do ego de duas atitudes psíquicas para com a realidade exterior quando essa realidade contraria e exigência pulsional, uma leva em conta a recusa da castração e a outra reconhece a falta de pênis.