SóProvas


ID
2713228
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.


Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor.


      Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.


      A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência.


      Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.


(Adaptado de: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. São Paulo, Ubu, 2017) 

... não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... (3°parágrafo)


Uma nova redação para a frase acima, em que se mantêm a clareza, o sentido e a correção, está em:

Alternativas
Comentários
  • Letra - E

    O segundo período apresenta uma ideia de contraste/adversidade com relação ao primeiro período. 

    A primeira ideia sustenta que para entendermos como, de fato, os mitos são,  não devemos subestimar o alcance da hilaridade que eles promovem. A segunda ideia traz o contraste e diz que para isso devemos interpretá-los com suas características cômicas e solenes quando estiverem juntas em uma história mitológica.

     

  • oracoes coordenadas aditivas - e,nem ,mas,também,bem como,como...

    ... não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...

    Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, mas considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...  

    substituicao do "e" pela vírgula : Como regra geral ,nao se usa vírgula antes de "e".

    Excecão:Tem só um caso em que vai virgula ,que é quando a frase depois do "e" fala de uma pessoa,coisa,ou objeto(sujeito) diferentes.

    ex:O sol já ia fraco,e a tarde era amena(Graca Aranha)

    a primeira frase fala do sol ,enquanto a segunda fala da tarde.Os sujeitos sao diferentes .Portanto, usamos virgula

    fonte:https://ciberduvidas.iscte-iul.pt

  • Mostrou o parágrafo na FCC, volte ao texto!!!

  • é claro que o definitivo da ciência é transitório, e não por culpa da ciência

     

    2013

    Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do texto, a conjunção “e”, em “e não por deficiência da ciência” (L.2-3), poderia ser substituída por mas.

    Certa

  • Sobre a letra B)
    Acredito que se estivesse assim estaria correta:  "Não só NÃO devemos subestimar ... COMO também devemos considerar"

    Relação de conformidade 

  • Conjunções: 

     

     

    A conjunção “e” (aditiva) pode aparecer com valor adversativo.

     

    Ex.: É ferida que dói e não se sente” (Camões). (= mas)

     

     

    A conjunção “mas” (adversativa) pode aparecer com valor aditivo.

     

    Ex.: Era um homem trabalhador, mas principalmente honesto. (além de ser trabalhador ele também é honesto, uma qualidade se soma à outra)

     

     

     

    Fonte: https://www.gramaticaparaconcursos.com/2014/03/conjuncoes.html

     

     

     

    ''No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.''

  • O interessante é que quem não retornou ao texto acabou não entendendo o sentido real da frase

    Na hora da prova, quase caí nessa pegadinha

    Abraços

  • ERRADO CORRETO CORREÇAO

     

     a) Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, e, todavia, considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 

     


      b) Não devemos subestimar (ou seja, além de subestimar, existe outra coisa) o alcance real do riso que eles provocam, mas também considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 


      c) Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, a fim de considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 

     


      d) Não devemos nem subestimar (mesmas ideia da B) o alcance real do riso que eles provocam, nem considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 


      e) Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, mas considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...  

     

     

    Ao meu ver da questão. Se eu estiver errado queira me corrigir.

  • Não deveria ter uma vírgula isolando a locução deslocada "ao mesmo tempo" na letra E? Essa questão deveria ter sido anulada.

  • A alternativa a) está errada justamente por ter a vírgula depois do "e". Nas orações com sentido adversativo, a qual estamos buscando, a vírgula deverá vir antes do "e".

    ex: O capitão estava ferido[,] e (=mas) continuou lutando.

    São uns incompetentes[,] e (=mas) ocupam altos cargos.

    Exemplos retirados de Cegalla (2012, p. 143).

    a) Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e, todavia, considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 

     

    Gabarito (E)

  •  

    Quanto à alternativa E: Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, mas considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...  

     

    Ao mesmo tempo... COM ou SEM vírgulas!

     

    Explicação:

     

    A vírgula será facultativa se o adjunto adverbial for de curta extensão

     

    Fernando Pestana:

     

    As gramáticas ensinam que adjuntos adverbiais deslocados de curta extensão podem ser ou não separados por vírgula.

     

    Exemplo: Finalmente ela chegou ou Finalmente, ela chegou.

     

    Quantos vocábulos um adjunto adverbial deslocado precisa ter para ele não ser considerado de curta extensão e consequentemente ser sempre separado por vírgula? Uma locução adverbial com três ou mais palavras já não é de curta extensão e demanda obrigatoriamente a utilização da vírgula.

     

    Mas...antecedido de vírgula.

     

    Explicação:

     

    Estou na dúvida se o "mas" tem valor de adição ou adversividade. Acho que tem valor adversativo. Sendo assim, ensina Fernando Pestana:

     

    O e com valor adversativo (= mas), conclusivo/consecutivo (= portanto) ou enfático é separado por vírgula, segundo muitos gramáticos, como Luiz A. Sacconi e Hildebrando André:

     

    “Ele sempre chega atrasado, e nunca leva bronca do patrão.

     

    “Ela foi prorrogada, e não anulada.”

     

  • Questão traiçoeira!

    Sabia resolver, mas não entendi o raciocinio do examinador.

    Bastava olhar para o texto e saber que o (E) é uma adição e quem tem o mesmo valor é o MAS.

    Obrigado aos amigos pelo esclarecimento.

  • gabarito letra E:

    As conjunções "e"," antes", "agora"," quandosão adversativas quando equivalem a "mas". Por exemplo:

    Carlos fala, e não faz. ( Carlos fala, mas não faz). (trecho retirado: https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf85.php).

     

    No contexto percebe-se que o "e" tem valor adversativo. (olhando o contexto todo da frase no texto fica mais fácil.)

     

    .. não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes... 

     Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, mas considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...  

  • Ótima questão que mostra o uso pouco conhecido do mas com sentido de adição. A letra B tem uma pegadinha para quem ler rápido, que é o termo só no começo do enunciado. Lembrando que com o sentido de adição, o mas não precisa do termo também.

  • a) E. Aqui está dizendo que não devemos considerar que um mito pode ... Alteração de sentido.
    O texto diz que devemos considerar ...
    b) E. Alteração de sentido. O texto diz que não devemos subestimar.
    c) E. Alteração de sentido. O fato de não subestimar o alcance real do risco não é para considerar que um mito ... Não há relação de causa e efeito no texto original. O texto tem duas ideias com sentido de acréscimo:
     1 - não devemos subestimar o alcance real do riso ...
     2 - devemos considerar que um mito pode ao mesmo tempo ...
    d) E. Alteração de sentido. O texto diz que devemos considerar.
    e) C

  • GAB E

    "Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e (mas sim)  fazer rir aqueles que o escutam."

    Uma nova redação para a frase acima, em que se mantêm a clareza, o sentido e a correção, está em: 

     e) Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, (mas sim) considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...  

     

     

  • afinal, qual o erro da A?????

     

    li e não entendi as explicações dos colegas.

     

    todavia pode vir entre vírgulas, me parece. logo, não seria esse o erro. não vejo alteração de sentido com o acréscimo de todavia.

    não entendi. todavia e MAS tem o mesmo sentido, pra mim. qual o erro da LETRA A, então?

  • Na alternartiva a, há alteração de sentido. Vejamos:

    Propositura 1: " subestimar o alcance real do riso"

    Propositura 2: "considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar..."

    O sentido original do texto é de que devemos evitar a propositura 1, e sim fazer a 2.

    A utilização do todavia tal como na alternativa A induz a pensar que se a propositura 2 for praticada a 1 não deve ser,  o que altera claramente o sentido do trecho.

  • Comentário: A questão trabalha a reescrita, mantendo-se o sentido, a clareza e a correção. Perceba o contexto:

    "Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam."

    Pelo contexto, entendemos que não devemos subestimar o alcance real do riso que os mitos provocam. Por conta disso, devemos considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.

    Assim, há uma negação em “não devemos subestimar” e uma afirmação em “devemos considerar”. Por isso, podemos entender um valor de contraste com a conjunção “e” e o ideal seria uma vírgula antes dessa conjunção, mas o autor não a inseriu por liberdade linguística.
    A alternativa (A) está errada, pois apresenta a conjunção aditiva “e” e a conjunção adversativa “todavia”. Assim, houve incorreção gramatical.
    A alternativa (B) está errada, pois apresenta a expressão correlativa de adição “não só...mas também”. Assim, não preserva o valor adversativo do trecho original.
    A alternativa (C) está errada, pois o trecho não apresenta valor adverbial de finalidade, conforme se observa com a locução prepositiva “a fim de”.
    A alternativa (D) está errada, pois a expressão correlativa “nem...nem” transmite noção de adição de negações, o que muda o sentido original do trecho.
    A alternativa (E) é a correta, pois a conjunção “mas” preserva o sentido original de contraste, adversidade, que se encontra no texto. Compare o trecho original e a reescrita desta alternativa:
    Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.
    Não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam, mas considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes...
    Gabarito: E

     

    DÉCIO TERROR

    ESTRATÉGIA

  • Pessoal, cuidado! Tem gente achando que o "mas", neste caso, possui o sentido aditivo, porém, a verdade é que o "e" que foi empregado no sentido adversativo.

     

    Geralmente, o "e" adversativo é precedido de vírgula, todavia, não é obrigatória, podendo ser usado como segue no texto!

  • O "e" está adversativo e não "mas" aditivo.

     

    Há negação de um para aceitação do outro.

  • Gostei do comentário do Borges Diogo e da ANA LEAL. Muito obrigado aos dois!!

  • COMO ENTENDER QUE ACERTO AS DIFÍCEIS E ERRO AS FÁCEIS?

     

  • às vezes o "e" tem sentido adversativo!

  • É uma tortura responder essas questões pelo celular. 

  • Letra E.

    Observe cada uma das inadequações das reescritas:

    a) Errada. O uso de todavia não respeita as relações semânticas internas ao período.

    b) Errada. O uso da expressão “não só, mas também”, que cria um paralelismo, não respeita as relações semânticas internas ao período.

    c) Errada. O uso de a fim de não respeita as relações semânticas internas ao período.

    d) Errada. O uso da expressão “nem ..., nem”, que cria um paralelismo, não respeita as relações semânticas internas ao período.

    e) Certa. Está correta porque no trecho original a conjunção “e” equivale à conjunção “mas”.

    Questão comentada pelo Prof. Bruno Pilastre

  • Note que os trechos oracionais “não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam” e “(devemos) considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes” guardam entre si uma relação de oposição. O segundo trecho é uma retificação do conteúdo do primeiro.

    Isso posto, analisemos as opções:

    Letra A – ERRADA – Na proposta de reescrita, há duas conjunções – a aditiva “e” e a adversativa “todavia”, o que gera imprecisão na redação.

    Letra B – ERRADA – A expressão “não só... mas (também)” tem valor aditivo, alterando, assim, o sentido original.

    Letra C – ERRADA – A locução “a fim de” expressa a ideia de finalidade, alterando, assim, o sentido original.

    Letra D – ERRADA – A expressão “nem... nem” tem valor aditivo, alterando, assim, o conteúdo original.

    Letra E – CERTA – A locução “mas (sim)” tem valor retificador, o que mantém preservada a correção gramatical e o sentido original.

    Resposta: E

  • José Maria | Direção Concursos

    Note que os trechos oracionais “não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam” e “(devemos) considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes” guardam entre si uma relação de oposição. O segundo trecho é uma retificação do conteúdo do primeiro.

    Isso posto, analisemos as opções:

    Letra A – ERRADA – Na proposta de reescrita, há duas conjunções – a aditiva “e” e a adversativa “todavia”, o que gera imprecisão na redação.

    Letra B – ERRADA – A expressão “não só... mas (também)” tem valor aditivo, alterando, assim, o sentido original.

    Letra C – ERRADA – A locução “a fim de” expressa a ideia de finalidade, alterando, assim, o sentido original.

    Letra D – ERRADA – A expressão “nem... nem” tem valor aditivo, alterando, assim, o conteúdo original.

    Letra E – CERTA – A locução “mas (sim)” tem valor retificador, o que mantém preservada a correção gramatical e o sentido original.

    Resposta: E