SóProvas


ID
2717740
Banca
VUNESP
Órgão
PC-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Debaixo da ponte


       Moravam debaixo da ponte. Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam. Ninguém lhes cobrava aluguel, imposto predial, taxa de condomínio: a ponte é de todos, na parte de cima; de ninguém, na parte de baixo. Não pagavam conta de luz e gás porque luz e gás não consumiam. Não reclamavam da falta d’água, raramente observada por baixo de pontes. Problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa. Viviam debaixo da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, receber amigos, fazer os amigos desfrutarem comodidades internas da ponte.

      À tarde surgiu precisamente um amigo que morava nem ele mesmo sabia onde, mas certamente morava: nem só a ponte é lugar de moradia para quem não dispõe de outro rancho. Há bancos confortáveis nos jardins, muito disputados; a calçada, um pouco menos propícia; a cavidade na pedra, o mato. Até o ar é uma casa, se soubermos habitá-lo, principalmente o ar da rua. O que morava não se sabe onde vinha visitar os de debaixo da ponte e trazer-lhes uma grande posta de carne.

                        (Carlos Drummond de Andrade. A bolsa e a vida. Adaptado)

É correto afirmar que, em sua crônica, Drummond

Alternativas
Comentários
  • CORRETA - B

  • não consegui vizualizar o autor dizer que há carência, embora sabemos que há. Achei que a alternativa B não estaria correta por causa do trecho: " Viviam debaixo da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, receber amigos, fazer os amigos desfrutarem comodidades internas da ponte". A final ele chama de comodidade....

    Bom..., mas vida que segue...

    Boa sorte a todos que irão prestar para papiloscopista....e os demais cargos também!!!

  • Também não visualizei onde há carência (na crônica), mas no senso comum é mais que certo isso ser evidente... fica, sim, claro as soluções: Até o ar é uma casa, se soubermos habitá-lo, principalmente o ar da rua.

  • ... " problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa". 

    O período acima negritado serviu-me de base para o entendimento do sentido de carência exposto na crônica.

  • Colegas, o autor está sendo irônico ao mencionar as "comodidades internas da ponte". Aliás, como não há carência na situação do sujeito que retira seu alimento, vestuário e objetos de casa do lixo??

  • o texto começa com "Moravam debaixo da ponte. Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam" ..e relata as dificuldades vividos por moradores de rua obvimente por desampara do governo ,,é não é um critica ?? 

  • O fato da D) estar errada é : 

    faz uma crítica explícita à política de abandono dos moradores de rua.

     

    Na verdade, essa crítica é implícita, pois em nenhum momento ele critica diretamente o "governo'' em não atender às necessidades básicas dos moradores de rua;

  • A letra D, no meu entendimento. Seria a que poderia confundi o candidato. No entanto, percebe-se que a tal não é a alternativa boa. Uma vez que o examinador diz que há uma política de abandono. Ora, não existe tal política. Além disso, bem colocado a informação do colega acima. Quando diz que o autor do texto faz uma críta implícta e não Explícita. Perfeita colocação.       

  • Eu acertei aqui, mas fiquei indeciso entre a B e D

  • Um aspecto interessante é que crônicas têm mais a finalidade de descrever situações cotidianas do que estabelecer críticas, propriamente...

  • Vi nada de carência --´

  • Claro que há carência demonstrada no texto, o autor está sendo irônico, afinal, que comodidade existe em viver debaixo da ponte?

  • Possui assim uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma (familiaridade dos Atos) entre o escritor e aqueles que o leem.

    Somos Predestinados!

  • POR ELIMANÇÃO. NÃO CONCORDO COM O GAB, POIS NÃO TEM NADA A VER COM CARÊNCIA.

  • Na minha opinião, letra D. No início do texto já diz "Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam". Existe aí uma crítica e o tom irônico no restante do texto deixa isso mais claro. Não é uma simples descrição do modo de vida dos moradores de rua, mas sim uma crítica quanto às suas condições.

  • GAB. B)

    descreve aspectos da vida de moradores de rua, expondo suas carências.

  • Não é uma crítica explícita, pois se fosse explícito, teriamos noção, não a dúvida do que se trata o texto.

  • que ridiculo...