- ID
- 2738614
- Banca
- CESPE / CEBRASPE
- Órgão
- SEDUC-CE
- Ano
- 2013
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
Textos para a questão
Texto I
A beleza de Virgília tinha agora um tom grandioso, que
não possuíra antes de casar. Era dessas figuras talhadas em
pentélico, de um lavor nobre, rasgado e puro, tranquilamente bela,
como as estátuas, mas não apática nem fria. Ao contrário, tinha o
aspecto das naturezas cálidas, e podia-se dizer que, na realidade,
resumia todo o amor. Resumia-o sobretudo naquela ocasião, em que
exprimia mudamente tudo quanto pode dizer a pupila humana. Mas
o tempo urgia; deslacei-lhe as mãos, peguei-lhe nos pulsos, e, fito
nela, perguntei-lhe se tinha coragem.
— De quê?
— De fugir.
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. LXIII
Fujamos. Porto Alegre: L&PM, 2004, p.110-1.
Texto II
Rita, essa noite, recolhera-se aflita e assustada. (...) Desde
que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila
seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os
seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de
raça superior. O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às imposições
mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata,
porque a mulata era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado e
acre destes sertões americanos, onde a alma de Jerônimo aprendeu
lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos
bodes.
Aluísio Azevedo. O cortiço. Cap. XV.
São Paulo: Ática, 1990, p. 117
A partir da leitura comparativa entre os textos I e II, assinale a
opção correta acerca da diferença entre a produção literária realista
e a naturalista no Brasil.