SóProvas


ID
2759545
Banca
FCC
Órgão
TRT - 15ª Região (SP)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Quando pela primeira vez li Jean-Paul Sartre fiquei fascinado. Isso era filosofia sobre a vida, sobre encontrar sentido e sobre como se conduzir.

      “A existência precede a essência.” Se houvesse um concurso para a frase mais curta que resumisse uma posição filosófica inteira, essas palavras de Sartre venceriam. Trata-se da base sobre a qual o existencialismo moderno foi construído.

      Sartre está dizendo que ao contrário dos objetos do mundo – por exemplo, minha torradeira – os seres humanos não podem ser definidos pelas suas propriedades. A torradeira é criada para tostar pão; a capacidade de tostar é o propósito e a essência da torradeira. No entanto, nós, seres humanos, podemos gerar e alterar nossas propriedades e propósitos fundamentais ao longo do caminho, de modo que não faz sentido dizer que temos alguma essência definidora imutável. Em primeiro lugar, nós existimos, e, em seguida, criamos a nós mesmos. Isso não é algo que minha torradeira poderia fazer.

     Naturalmente, Sartre não quis dizer que podemos autocriar nossas propriedades físicas. Eu não posso querer ser alto. Nem posso querer ser marroquino. As questões importantes, porém, cabe a mim determinar, por exemplo: como exatamente eu quero viver, o que eu quero fazer com meu tempo limitado na Terra, pelo que eu estaria disposto a morrer – as qualidades que fundamentalmente fazem de mim um indivíduo. Tudo isso está aí para ser conquistado. Minhas conquistas.

      Sartre não está apenas descrevendo esse potencial que é único para os seres humanos, ele está exortando-nos a adotá-lo e com ele nossa responsabilidade por aquilo que nos tornamos. E isso é assustador: se eu sou o mestre do meu destino, e o meu destino não se sai assim tão bem, não tenho ninguém para culpar além de mim mesmo.

(Adaptado de: KLEIN, Daniel. O livro do significado da vida. Trad. Leonardo Abramowicz. São Paulo, Gente, 2017, p. 54-55) 

Da leitura do texto, entende-se que a frase “A existência precede a essência” pressupõe que

Alternativas
Comentários
  •  4º § - Naturalmente, Sartre não quis dizer que podemos autocriar nossas propriedades físicas. Eu não posso querer ser alto. Nem posso querer ser marroquino. As questões importantes, porém, cabe a mim determinar, por exemplo: como exatamente eu quero viver, o que eu quero fazer com meu tempo limitado na Terra, pelo que eu estaria disposto a morrer – as qualidades que fundamentalmente fazem de mim um indivíduo.

    Isso explica que as  decisões devem ser orientadas por nossas próprias vontades ( livre-arbítrio) LETRA B

  • A resposta está no segundo parágrafo.

    A torradeira é criada para tostar pão; a capacidade de tostar é o propósito e a essência da torradeira. No entanto, nós, seres humanos, podemos gerar e alterar nossas propriedades e propósitos fundamentais ao longo do caminho, de modo que não faz sentido dizer que temos alguma essência definidora imutável. Em primeiro lugar, nós existimos, e, em seguida, criamos a nós mesmos. Isso não é algo que minha torradeira poderia fazer.

    Isso significa que "se criamos a nós mesmos" temos livre-arbítrio. Resposta B.

  • gente, porque os índices de ERRO das provas de técnico são sempre muito superiores aos de analista nas provas da FCC - tribuniais? "Tecnicamente" as provas de ensino médio DEVERIAM ser/ SERIAM  mais fáceis, de maneira que deveriam ter mais acertos? Qual a análise de vocês?

  • achei a ALTERNATIVA E coerente com o texto, principalmente, por esta passagem:

     

     

     

    2º§.: '' No entanto, nós, seres humanos, podemos gerar e alterar nossas propriedades e propósitos fundamentais ao longo do caminho, de modo que não faz sentido dizer que temos alguma essência definidora imutável."

     

     

    a frase  “A existência precede a essência” pressupõe que:

     

     

    e) o homem sinta-se potente por ter uma essência mutável.

     

     

     

    alguém pode explicar o que torna esta alternativa errada?

  • Que isso! Tenso!

  • Em primeiro lugar, nós existimos, e, em seguida, criamos a nós mesmos...

     

    ...As questões importantes, porém, cabe a mim determinar (livre-arbítrio), por exemplo: como exatamente eu quero viver, o que eu quero fazer com meu tempo limitado na Terra, pelo que eu estaria disposto a morrer – as qualidades que fundamentalmente fazem de mim um indivíduo...

     

    Gabarito: B

  • (A) a existência do homem seja predefinida por seus propósitos. (não é predefinida, no texto deixa claro o livre-arbítrio);

     

    (B) as ações humanas sejam orientadas pelo livre-arbítrio. (exatamente, veja: se eu sou o mestre do meu destino, e o meu destino não se sai assim tão bem, não tenho ninguém para culpar além de mim mesmo);

     

    (C) a essência humana não possa ser alterada pela história. (pode sim ser alterado, livre-arbítrio para definir sua essência);

     

    (D) o tratamento dado a um indivíduo resulte de sua essência. (não é coerente com a ideia de livre-arbítrio);

     

    (E) o homem sinta-se potente por ter uma essência mutável. (extrapolação);

  • kleyton muniz, eu também marquei a letra E.

    O que torna, acredito, a alternativa errada seja a expressão grifada: "e) o homem sinta-se potente por ter uma essência mutável.", pois extrapola as informações constantes do texto que, em nenhum momento, traz esse sentimento de superioridade, potência por possuir uma essência mutável. 

     

  • Exato, não marquei a "E" pelo fato de não encontrar base no texto para essa relação de "potência".

     

     As questões importantes, porém, cabe a mim determinar, por exemplo: como exatamente eu quero viver, o que eu quero fazer com meu tempo limitado na Terra, pelo que eu estaria disposto a morrer 

     

    b) as ações humanas sejam orientadas pelo livre-arbítrio

  • A existência precede a essência.

     

    Primeiro, o indivíduo existe e, com essa sua existência enquanto ser é capaz de moldar sua essência (o que ele foi, é ou vai ser). Ora, essa mutabilidade da essência pode ser descrita como oriunda do livre arbítrio próprio do ser humano (grosso modo, ele faz "o que der na telha").

  • "No entanto, nós, seres humanos, podemos gerar e alterar nossas propriedades e propósitos fundamentais ao longo do caminho, de modo que não faz sentido dizer que temos alguma essência definidora imutável. Em primeiro lugar, nós existimos, e, em seguida, criamos a nós mesmos. Isso não é algo que minha torradeira poderia fazer."

  • Eu errei apenas uma questão de análista e acertei apenas uma questão de técnico. 

    Português para técnico estava bem puxado, Deus me livre desses textos rss

    Bola pra frente, logo mais retorno a esse texto

  • Uma pressuposição (no caso, a de que as ações humanas sejam orientadas pelo livre-arbítrio) é uma afirmação que sustenta uma outra suposição (de que a existência precede a essência).

    Se não existe livre-arbítrio, seríamos iguais a torradeira citada no texto, uma vez que nossas ações e "funcionamento" já estariam determinados. Sem o livre-arbítrio a frase de Sartre não teria sentido.

  • Apenas complementando os colegas, a mim não parece correta a assertiva "E", pois ao final do texto o autor deixa claro o quão assustador pode ser a tomada de consciência do livre arbítrio, mesmo diante do potencial único que isto representa.

    "Sartre não está apenas descrevendo esse potencial que é único para os seres humanos, ele está exortando-nos a adotá-lo e com ele nossa responsabilidade por aquilo que nos tornamos. E isso é assustador: se eu sou o mestre do meu destino, e o meu destino não se sai assim tão bem, não tenho ninguém para culpar além de mim mesmo."

  • O enunciado pede um PRESSUPOSTO. Tenho que partir do princípio de que sou livre para que minha essência seja mutável (caso contrário, se eu não fosse livre, a minha existência e a minha essência estariam correlacionadas, como é o caso da torradeira). 

    A letra e), ao meu ver, não aponta um pressuposto, mas sim uma CONSEQUÊNCIA: devo me sentir potente por ser livre.

  • No entanto, nós, seres humanos, podemos gerar e alterar nossas propriedades e propósitos fundamentais ao longo do caminho, de modo que não faz sentido dizer que temos alguma essência definidora imutável. Em primeiro lugar, nós existimos, e, em seguida, criamos a nós mesmos. Isso não é algo que minha torradeira poderia fazer.

     

    AS  NOSSA PROPRIEDADES (ESSÊNCIAS) SOFREM ALTERAÇÕES AO LONGO DA NOSSA EXISTÊNCIA E POR ISSO NÃO SÃO PREDEFINIDAS OU IMUTÁVEIS!

    Livre-arbítrio: Poder, faculdade de decidir, de escolher, de determinar, dependente apenas da vontade; livre-arbítrio.

     

    LETRA B

  • beemm força barra