Segundo Max Gluckman: "A aceitação da ordem estabelecida como certa, benéfica o mesmo sagrada parece permitir excessos desenfreados, verdadeiros rituais de rebelião, pois a própria ordem age para manter rebelião dentro de seus limites. Assim, representar os conflitos, seja diretamente, seja inversamente, seja de maneira simbólica, destaca sempre a coesão social dentro da qual existem os conflitos. Todo sistema social é um campo de tensões, cheio de ambivalências, cooperações e lutas contrastantes. Isso é verdade tanto para sistemas sociais relativamente estacionários que me apraz chamar de repetitivos — como para sistemas que mudam e se desenvolvem. Num sistema repetitivo os conflitos são resolvidos não por alterações na ordem dos postos ,mas por substituição das pessoas que ocupam esses postos. À medida que o tempo passa, o crescimento e mudança da população provocam, durante longos períodos, realinhamentos, mas não uma mudança radical do padrão."
Fonte: MAX, Gluckman, Rituais de Rebelião no Sudeste da África. Série Tradução Vol. 01, Brasília: DAN/UnB, 2011. disponível em: http://www.dan.unb.br/images/pdf/serie-traducao/st%2003.pdf.
Dessa forma, os rituais de rebelião não ocorrem para mudar a estrutura do sistema social, apenas funcionam como legitimadores da ordem preestabelecida, visando uma modificação na representação e não no sistema em si.