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ID
2790163
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2018
Provas
Disciplina
Relações Internacionais
Assuntos

Além de ser, no presente, a região de maior dinamismo econômico global, a Ásia é um espaço que abriga importantes dinâmicas políticas e de segurança que repercutem para além da própria região. Por essa razão, países que, a exemplo do Brasil, procuram, na maior aproximação com os países asiáticos, oportunidades de aprofundar sua inserção internacional devem considerar tanto os principais vetores das políticas externas na região como os antecedentes de seu próprio relacionamento no plano bilateral. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) o próximo item.


A cooperação em agricultura e alimentação representa importante vetor da cooperação do Japão com o Brasil. Os resultados alcançados ensejaram o forte incremento das exportações brasileiras de alimentos para aquele país e a experiência adquirida serviu de base, a partir do ano 2000, para iniciativa conjunta de cooperação no campo da agricultura conduzida no continente africano.

Alternativas
Comentários
  • ANULADO.

     

    Gabarito preliminar alterado de C para deferido com anulação (justificativa do CESPE): O uso da expressão “a partir do ano 2000” prejudicou o julgamento objetivo do item.

     

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    Ainda que Japão e Brasil cooperem nos campos de agricultura e alimentação, isso não se traduziu em aumento nas exportações de alimentos (notem que a assertiva é vaga, uma vez que não estabelece qualquer recorte temporal) e não suscitou cooperação técnica na África desde os anos 2000.

     

    Dividindo a análise da questão em partes.

     

    Primeiro, a parte correta. Segundo o site do MRE (ficha-país Japão - cuja leitura sempre recomendo):

    "A cooperação em ciência, tecnologia e inovação é ponto prioritário da agenda bilateral, ainda com grande potencial a ser explorado. Dentre as áreas mais promissoras, destacam-se tecnologias da informação e das comunicações; nanotecnologia; tecnologia aeroespacial; robótica; novos materiais, dentre outros [comentário: agricultura não figura como área promissora]. São exemplos bem-sucedidos de pesquisa científica conjunta as parcerias entre a EMBRAPA e o Centro Internacional Japonês para Pesquisas em Ciências Agrícolas (JIRCAS), na área de biotecnologia (...)".

     

    Segundo, os dados comerciais. Pelos dados do MDIC, temos o seguinte panorama sobre a exportação de alimentos (em porcentagem sobre o total):

    - Pedaços e miudezas comestíveis de aves (congelados): 12,1 (2012); 12,1 (2013); 15,8 (2014); 17,1 (2015); 15,5 (2016); 17,1 (2017), 14,2 (2018, jan/jun).

    - Milho em grão: 10,2 (2012); 11,3 (2013); 3,5 (2014); 9,5 (2015); 9,9 (2016); 8,6 (2017); 0,35 (2018, jan/jun)
    - Soja, mesmo triturada: 3,7 (2012); 4,1 (2013); 4,5 (2014); 3,8 (2015); 3,7 (2016); 3,3 (2017); 7,3 (2018, jan/jun)
    - Café não torrado: 7,0 (2012); 5,7 (2013); 7,3 (2014); 9,1 (2015); 9,0 (2016); 6,1 (2017); 6,6 (2018, jan/jun).

     

    Terceiro, a cooperação trilateral na África sobre agricultura. A rigor, ela não se inicia em 2000. Naquele ano, de fato, os governos de Brasil e Japão celebraram um convênio chamado "Programa de Parceria Brasil-Japão (JBPP)" para promover ainda mais a Cooperação Triangular.

     

    De acordo com o site da Japan International Cooperation Agency (JICA), contudo, os projetos de cooperação agrícola começam na segunda metade daquela década. O ProSavana (segundo o MRE, "uma das iniciativas mais bem-sucedidas" da cooperação triangular envolvendo Brasil e Japão no continente africano), foi inaugurado em 2009.

     

    (Prof. Guilherme Casarões)