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ID
2790595
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2018
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Tendo em vista que o processo de independência do Brasil pode ser compreendido como parte das profundas mudanças que marcaram a história ocidental a partir do último quartel do século XVIII, julgue (C ou E) o item que se segue.


A transferência da Corte portuguesa para a América foi proposta em crises anteriores à de 1807. Seus defensores consideravam a fragilidade de Portugal em meio às disputas entre as potências europeias, marcadamente entre França e Inglaterra, e a importância das possessões coloniais para a manutenção da Coroa portuguesa. Entre os proponentes dessa ideia, encontrava-se o padre Antônio Vieira, ainda no século XVII.

Alternativas
Comentários
  • CORRETO.

     

    Sobre este aspecto vale transcrever um trecho do artigo de Lúcia Bastos na obra Crise Colonial e Independência (Coleção História do Brasil Nação, Volume 1) em sua página 76:

    "Assim, quando a assinatura do Tratado de Fontainebleau entre França e Espanha, em 27 de outubro de 1807, foi seguida de um ultimato de Napoleão Bonaparte e pela notícia da entrada, em território português, das tropas comandadas por Junot, não chegou a ser surpresa que D. João optasse pela saída há muito aventada por diversos homens públicos: a retirada da corte para a parte americana do Império."

    A dificuldade da questão é o fato de ter citado o Padre Antônio Vieira, cuja vida e influência no governo português é muito anterior à Independência. Porém, para a Diplomacia luso-brasileira ele é de extrema importância, tendo vivido em Salvador durante parte de sua infância e juventude e atuado com destaque na Política Externa Portuguesa no reinado de D. João IV, sendo conselheiro do Rei e viajado por diversas regiões na década de 1640 em missões diplomáticas. Seu conselho para a mudança da corte para o Brasil é sem dúvidas algo não tão explícito em sua biografia, porém deduzível pelas suas ideias e propostas.

  • O plano de transferência da família real e da corte de nobres portugueses para o Brasil, refúgio seguro para a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na metrópole, já havia sido anteriormente cogitado:


    - Durante a crise de sucessão de 1580, ante o avanço dos tercios do duque de Alba, D. António I terá sido aconselhado a buscar um refúgio além-Atlântico;

    - No contexto da Restauração da Independência (1640), quando a França abandonou Portugal no Congresso de Münster (1648), o padre António Vieira apontou ideia semelhante a D. João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império.

    - Posteriormente, embora sem ameaça militar iminente, o diplomata Luís da Cunha defendeu a ideia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

    - A ideia principiou a ser colocada em prática quando da invasão de Portugal por tropas espanholas, no contexto do chamado Pacto de Família, tendo o marquês de Pombal chegado a ordenar o apresto de uma esquadra que transportaria D. José I, a família real e a corte. À época, Pombal considerava alguns exemplos estrangeiros, como a recomendação de Sébastien Le Prestre de Vauban ao futuro Filipe V de Espanha para que se refugiasse na América, e nomeadamente o precedente da imperatriz Maria Teresa da Áustria que se dispusera a descer o rio Danúbio, caso a sua Corte em Viena viesse a correr perigo.

    - No início do século XIX, no contexto internacional criado pela ascensão do império de Napoleão Bonaparte, a ideia da retirada da família real para o Brasil voltou à tona, tendo sido defendida pelo marquês de Alorna em 30 de maio de 1801 e, novamente, em 16 de agosto de 1803, por D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

    - A ideia de uma transferência para o Brasil, ressurgindo como um meio de reforço à segurança nacional, sobretudo em contextos de ameaça iminente à soberania de Portugal, foi apresentada como uma via necessária ao cumprimento de um projecto messiânico, como em António Vieira, ou como um meio para redefinir as relações de forças no "equilíbrio europeu" pós-Vestfália, como o marquês de Alorna, Luís da Cunha e o conde de Linhares.


    https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil

  • Com a invasão de Portugal por tropas napoleônicas, a sede do reino português se transferiu para o Brasil, que recebeu a família real portuguesa em 1808.

    Ou seja, a ideia de transferência da sede do poder português para o Brasil tinha conotação de segurança nacional, tendo em vista a ameaça iminente à soberania de Portugal.

    Ressalte-se, no entanto, que o plano de transferência da família real e da corte de nobres portugueses para o Brasil já havia sido cogitado anteriormente em vários momentos da História Portuguesa, inclusive no início e durante a ascensão de Napoleão Bonaparte.

    Já na década de 1790, D. Rodrigo de Souza Coutinho, afilhado do Marquês de Pombal, desenvolveu a ideia de transferência da sede do Império para a América, onde estaria a sede do Império Luso-Brasileiro.

    O eixo dinâmico do império português, em termos práticos, já se desenvolvia principalmente no Atlântico Sul. Desta forma, transferir a sede para o Brasil dinamizaria as relações entre a América e a África.

    Especificamente no contexto da ascensão do império de Napoleão Bonaparte, a ideia da retirada da família real para o Brasil foi defendida pelo marquês de Alorna, em 30 de maio de 1801, e em 16 de agosto de 1803, por D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

    Gabarito: Certo

  • Que prova difícil da pega. Quando vc acha que vai acertar as questões daí o Rio Branco te devolve pro mundo real.

  • banca lixo .... embora tenha acertado mas acho um absurdo . Só faltou perguntar se o padre cagava também

  • Com a invasão de Portugal por tropas napoleônicas, a sede do reino português se transferiu para o Brasil, que recebeu a família real portuguesa em 1808.

    Ou seja, a ideia de transferência da sede do poder português para o Brasil tinha conotação de segurança nacional, tendo em vista a ameaça iminente à soberania de Portugal.

    Ressalte-se, no entanto, que o plano de transferência da família real e da corte de nobres portugueses para o Brasil já havia sido cogitado anteriormente em vários momentos da História Portuguesa, inclusive no início e durante a ascensão de Napoleão Bonaparte.

    Já na década de 1790, D. Rodrigo de Souza Coutinho, afilhado do Marquês de Pombal, desenvolveu a ideia de transferência da sede do Império para a América, onde estaria a sede do Império Luso-Brasileiro.

    O eixo dinâmico do império português, em termos práticos, já se desenvolvia principalmente no Atlântico Sul. Desta forma, transferir a sede para o Brasil dinamizaria as relações entre a América e a África.

    Especificamente no contexto da ascensão do império de Napoleão Bonaparte, a ideia da retirada da família real para o Brasil foi defendida pelo marquês de Alorna, em 30 de maio de 1801, e em 16 de agosto de 1803, por D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

    Gabarito: Certo

    Danuzio Neto | Direção Concursos

  • Tudo certinho, daí colocam o Padre no meio p/ tentar confundir o Aluno... TENSO

  • "No contexto da Restauração da Independência (1640), quando a França abandonou Portugal no Congresso de Münster (1648), o padre António Vieira apontou ideia semelhante [à transferência da corte portuguesa para o Brasil] a D. João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império" (colchetes meus)

    Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil). Parece até que as bancas se inspiram aqui para fazer questões. Dá pra responder quase tudo de TPS usando só a Wikipedia.

  • O plano de transferência da família real e da corte de nobres portugueses para o Brasil, refúgio seguro para a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na metrópole, já havia sido anteriormente cogitado:

    - Durante a crise de sucessão de 1580, ante o avanço dos tercios do duque de Alba, D. António I terá sido aconselhado a buscar um refúgio além-Atlântico;

    - No contexto da Restauração da Independência (1640), quando a França abandonou Portugal no Congresso de Münster (1648), o padre António Vieira apontou ideia semelhante a D. João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império.

    - Posteriormente, embora sem ameaça militar iminente, o diplomata Luís da Cunha defendeu a ideia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

    - A ideia principiou a ser colocada em prática quando da invasão de Portugal por tropas espanholas, no contexto do chamado Pacto de Família, tendo o marquês de Pombal chegado a ordenar o apresto de uma esquadra que transportaria D. José I, a família real e a corte. À época, Pombal considerava alguns exemplos estrangeiros, como a recomendação de Sébastien Le Prestre de Vauban ao futuro Filipe V de Espanha para que se refugiasse na América, e nomeadamente o precedente da imperatriz Maria Teresa da Áustria que se dispusera a descer o rio Danúbio, caso a sua Corte em Viena viesse a correr perigo.

    - No início do século XIX, no contexto internacional criado pela ascensão do império de Napoleão Bonaparte, a ideia da retirada da família real para o Brasil voltou à tona, tendo sido defendida pelo marquês de Alorna em 30 de maio de 1801 e, novamente, em 16 de agosto de 1803, por D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

    - A ideia de uma transferência para o Brasil, ressurgindo como um meio de reforço à segurança nacional, sobretudo em contextos de ameaça iminente à soberania de Portugal, foi apresentada como uma via necessária ao cumprimento de um projecto messiânico, como em António Vieira, ou como um meio para redefinir as relações de forças no "equilíbrio europeu" pós-Vestfália, como o marquês de Alorna, Luís da Cunha e o conde de Linhares.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil