O termo âncora cambial encerra a utilização de uma variável econômica – o câmbio – como mecanismo de controle de preços (inflação). Em uma economia, digamos, “normal”, a taxa de câmbio, isto é, o preço da moeda local frente a outras moedas, reflete o valor do dinheiro do país, considerados, principalmente, a taxa de inflação doméstica, a produtividade da economia e também a credibilidade do governo quanto à garantia do poder de compra da moeda.
No entanto, a taxa de câmbio pode ser manipulada pelo governo. Basta, para isso, que ele intervenha no mercado. Se ele compra moeda estrangeira, força, por conseqüência, a desvalorização da moeda nacional. Isso porque a moeda estrangeira (normalmente o dólar) passa a ser um produto mais escasso. E, segundo a lei da oferta e da procura, quanto menos produto (moeda) no mercado, maior o seu preço. Por outro, quando o Governo vende moeda estrangeira, o efeito é justamente o inverso. O preço do dólar cai, pelo aumento da oferta, e o preço da moeda local sobe em relação a ela. Nos dois casos, a taxa de câmbio deixa de ser reflexo das condições macroeconômicas do país para ser uma variável controlada pelo Governo.
Quando o Plano Real foi instituído, temia-se que a cultura de reajustes quase semanais de preço pusesse tudo a perder. Que fez o Governo? Interveio de forma maciça no câmbio, levando, no limite, o dólar a valer menos de R$ 1 no início do plano (chegou a até R$ 0,82). Isso teve dois efeitos imediatos. Primeiro, tornou os preços de produtos importados mais baratos, de forma a inibir o aumento de seus similares nacionais. Segundo, mitigou o aumento dos preços vinculados a alguns índices de preço sensíveis à variação do dólar, como o IGP-M. Isso diminuiria os aumentos dos aluguéis e de alguns preços públicos, como a tarifa de energia.
Justamente pelo efeito de “segurar”, ainda que de forma indireta, os preços da economia, dá-se ao uso do câmbio para esse fim o nome de “âncora cambial”.
O problema, como todo mundo veio a descobrir mais tarde, é que a âncora cambial traz efeitos colaterais nefastos para a economia em geral. Primeiro, destrói o parque industrial do país em duas frentes: nas vendas internas e nas exportações, pelo aumento relativo dos preços praticados. Segundo, pelo aumento exponencial das importações, a balança comercial se desequilibra, abrindo um rombo nas contas externas. Com isso, o país começa a ficar cada vez mais dependente de entrada de dólares para manter equilibrado o balanço de pagamentos.
fonte: https://blogdomaximus.com/2013/02/08/a-ancora-cambial/
RESOLUÇÃO:
a) Correto! A âncora cambial consistia no lastreamento da oferta moeda doméstica (nova moeda, o Real) em
reservas cambiais. Na prática, o que se tinha era uma dolarização indireta da economia.
b) Errado! A paridade não foi fixa. Inicialmente, ficou definido que o teto era de 1 para 1, mas que o dólar poderia
variar para baixo. Depois, passou-se a trabalhar com minibandas cambiais.
c) Longe disso! Câmbio flutuante só veio em 1999. O regime de minibandas que vigorou por anos até então era
um regime de câmbio praticamente fixo.
d) Errado! Não havia indexação. O Câmbio era controlado pelo BC sem relação direta/obrigatória com a inflação
passada.
e) Não houve nenhuma maxidesvalorização. O que se viu foi justamente a ocorrência de minidesvalorizações
sucessivas (aproximadamente 0,6% ao mês) a partir de 1995 e que duraram até 1998.
Resposta: A