SóProvas


ID
28207
Banca
CESGRANRIO
Órgão
REFAP SA
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Aquele estranho animal
Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui,
os de Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que
só poderia ter acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo
nada: sou neutro.
Mas, pelo que me contaram, o primeiro automóvel
que apareceu entre aquela brava indiada, eles o mataram
a pau, pensando que fosse um bicho. A história foi assim
(...).
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - tropt,
tropt, tropt (este é o barulho do trote) - quando de repente
ouviu - fufufupubum ! fufufupubum chiiiipum!
E eis que aí a "coisa", até então invisível, apontou
por detrás de um capão, bufando que nem touro brigão,
saltando que nem pipoca, se traqueando que nem velha
coroca, chiando que nem chaleira derramada e largando
fumo pelas ventas como a mula-sem-cabeça.
"Minha Nossa Senhora."
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada
louca rumo da cidade (...).
Chegado que foi, o piazinho contou a história como
pôde, mal e mal e depressa, que o tempo era pouco e não
dava para maiores explicações, pois já se ouvia o barulho
do bicho que se aproximava.
Pois bem, minha gente: quando este apareceu na
entrada da cidade, caiu aquele montão de povo em cima
dele, os homens uns com porretes, outros com garruchas
que nem tinham tido tempo para carregar de pólvora,
outros com boleadeiras, mas todos de a pé, porque
também nem houvera tempo para montar, e as mulheres
umas empunhando as suas vassouras, outras as suas
pás de mexer marmelada, e os guris, de longe, se
divertindo com seus bodoques, cujos tiros iam acertar
em cheio nas costas dos combatentes. E tudo abaixo de
gritos e pragas que nem lhes posso repetir aqui.
Até que enfim houve uma pausa para respiração.
O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma
clareira, no meio da qual se viu o auto emborcado,
amassado, quebrado, escangalhado, e não digo que morto,
porque as rodas ainda giravam no ar, nos últimos transes
de uma teimosa agonia. E quando as rodas pararam, as
pobres, eis que o motorista, milagrosamente salvo, saiu
penosamente engatinhando por debaixo dos escombros
do seu ex-automóvel.
- A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!

QUINTANA, Mário. Poesia Completa. Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar, 2005.

Ao contar o "causo", o narrador o faz, mostrando, em alguns trechos, certa descontração, parecendo estar bem próximo de seus ouvintes-leitores. Para isto, ele usa, como recursos, termos de uma linguagem:

Alternativas
Comentários
  • Não consegui abrir o texto
  • Também errei a questão.

    Resumindo: A linguagem oral utiliza-se de recursos como exclamação ou linguagem coloquial.

    A linguagem coloquial, informal ou popular é uma linguagem utilizada no quotidiano em que não exige a observância total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação feita através de jornais, revistas e principalmente num diálogo.

     

     

     

  • Ao relatar a história, o narrador utiliza marcas de oralidade. Tal afirmação pode ser evidenciada na seguinte expressão: "E eis que aí a "coisa".
  • Pessoal vamos faciltar, podemos ver o uso da oralidade nos trechos.


    Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - tropt,
    tropt, tropt (este é o barulho do trote) - quando de repente
    ouviu - fufufupubum ! fufufupubum chiiiipum!



  • Essa questão eu acertei sem nem ler o texto, vejam o enunciado:

    "Ao contar o "causo", o narrador o faz, mostrando, em alguns trechos, certa descontração, parecendo estar bem próximo de seus ouvintes-leitores. Para isto, ele usa, como recursos, termos de uma linguagem:"

    Ao olhar para os termos "causo", "descontração" e "estar bem próximo de seus ouvintes-leitores" é passada uma idéia de coloquialismo. Ao olhar as alternativas você tem 3 expressões (Técnica, Formal, Rebuscada) que são sinônimos de liguagem formal; tem 1 expressão que é impossível em um texto (Gestual); a única opção que restou e dá ideia de coloquialismo, vulgo "a língua do povão", é a linguagem oral (falada).

    Resposta: Letra D