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ID
2823334
Banca
VUNESP
Órgão
UNIFESP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Insubstituível papel


      Uma velha queixa sobre a inconveniência de ler jornal numa tela de computador referia-se à impossibilidade de levar o bicho para o banheiro, o banco da praça ou a praia. Mas isso era no tempo em que o computador pesava 30 quilos. Com os smartphones, o jornal está dentro deles e é possível levá-los para o banheiro, a rua ou qualquer lugar.

      Algumas virtudes do jornal de papel, no entanto, pareciam impossíveis de replicar. Como o gesto de abri-lo com os dois braços, e as gloriosas páginas duplas nos saltarem aos olhos, com sua combinação de manchetes e manchetinhas, textos curtos e longos, fotos, gráficos e anúncios que nos davam a sensação de pertencer ao mundo – algo que a telinha de três polegadas nunca poderia reproduzir.

      Sim, sei bem que, com os smartphones, o sujeito, em vez de ler o jornal todo dia, pode agora, se quiser, ler jornal o dia todo – sua agilidade para acompanhar os fatos e dar as notícias não tem equivalente. Mas o jornal em papel ainda tinha outra exclusividade. Depois de lido, relido e exaurido, ganhava uma linda sobrevida: ia embrulhar peixe na feira ou forrar a gaiola do papagaio.

      Não mais. Um fabricante de eletrônicos acaba de apresentar nos EUA a tela de TV que pode ser enrolada como um jornal. É um painel de diodo orgânico, seja o que for isso, de 18 polegadas, capaz de ser dobrado, enfiado no bolso do paletó e lido em pé no ônibus. E, talvez, também de forrar a gaiola ou embrulhar o peixe.

      Mas ainda não é o fim. Sempre restará ao jornal de papel uma função impossível para essa TV dobrável: matar a barata no banheiro.

(Ruy Castro, 16.01.2016. www.folha.uol.com.br/colunas/ ruycastro/2016/01/1730206-insubstituivel-papel.shtml. Adaptado)

Após a leitura integral do texto, conclui-se que o título encerra uma ironia, uma vez que, segundo o autor,

Alternativas
Comentários
  • A. ao abrir o jornal de papel e deparar-se com o seu conteúdo distribuído harmonicamente, o leitor não sentirá necessidade de substituí-lo pelo digital.

    ERRADO. No decorrer do texto constatamos que o jornal de papel já não é mais tão utilizado como antes.


    B. a sensação de pertencimento ao mundo proporcionada pelo jornal de papel não encontrará paralelo com a superficialidade do jornal digital. ERRADO. Não é essa a ironia.


    C. o jornal digital não é capaz de substituir o de papel no que se refere a sua maleabilidade e possibilidade de servir a outros fins além da leitura. ERRADO. No final da leitura lê-se que praticamente todas as utilidades do jornal típico foram mantidas, mesmo com o advento da tecnologia.


    D. o jornal de papel pode ser substituído pelo digital de modo amplo e quase irreversível, exceto no que se refere à função desprestigiada de matar baratas. CERTA. A ironia do texto reside justamente nessa única utilidade a qual, para o autor, o jornal de papel continua ímpar.


    E. a distribuição do conteúdo pela página do jornal de papel não pode ser replicada no digital, em virtude de limitações de ordem material. ERRADO. Sem nexo com a ideia repassada. Não são descritas tais limitações.


  • Gabarito: D


    Resposta no último parágrafo do texto:


    "Mas ainda não é o fim. Sempre restará ao jornal de papel uma função impossível para essa TV dobrável: matar a barata no banheiro."

  • fazer uma prova de português da VUNESP e se deparar com esse tipo de texto é como beber uma Coca-cola no deserto, refresca a tensão e a ansiedade e te faz rir um pouco rsrssrsrsr

  •  o autor fala de uma velha que reclamava de ler coisas nos dispositivos eletrônicos, a qual alegava que era de difícil locomoção... O autor destaca o fato dos novos dispositivos serem maleáveis à locomoção.


    no segundo parágrafo ele ressalta a possibilidade única do jornal: o seu tato e visão esplendida aos fatos. Coisa que os dispositivos móveis não têm.


    no terceiro parágrafo ele volta a ressaltar qualidades dos dispositivos móveis, como sua agilidade. Ao mesmo tempo cita uma utilidade única do jornal de papel: Suas utilidades " caseiras " após ser lido.


    Curiosamente ele retoma o trecho acima e cita uma novidade eletrônica criada nos EUA: tela de TV maleável , como jornais.


    No seu ultimo trecho, por fim, ele cita a qualidade única e INSUBSTITUÍVEL do jornal de papel: MATAR BARATAS NO BANHEIRO. hahah




    --- parafraseando, o Título do texto: INSUBSTITUÍVEL PAPEL, ele quer dizer que não basta criações tecnológicas, jamais terão as mesmas funcionalidades do JORNAL EM PAPEL

  • Pessoal, desculpem minha ignorância. Alguém poderia me esclarecer melhor onde está a ironia? Não consegui identificar.



    ironia

    substantivo feminino

    1. RETÓRICA (ORATÓRIA) figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empr., para definir ou denominar algo [A ironia ressalta do contexto.].


  • Errei porque justamente ignorei a ironia no fato de que um jornal digital nunca vai matar uma barata como um jornal de papel (a menos que a pessoa jogue o celular nela).

  •  Mas ainda não é o fim. Sempre restará ao jornal de papel uma função impossível para essa TV dobrável: matar a barata no banheiro.

    Gab: D

  • Gostei dessa muito fácil