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ID
2829526
Banca
IDECAN
Órgão
CRF-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

E se o Império Romano não tivesse acabado?

    Em vez da França, a província de Gália. Em vez da Inglaterra, a Bretanha. Em vez da Bulgária, a Trácia. Quem já leu as aventuras de Asterix conhece bem esses nomes esquisitos de regiões dominadas pelos exércitos de Roma (as histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C., época do apogeu do Império Romano). Pois assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado: uma única nação contornando o Mediterrâneo ao longo das costas europeia, asiática e africana. Mas a mudança dos nomes das localidades europeias é a menos importante das diferenças. O mundo seria outro. O capitalismo talvez ainda não tivesse surgido e, sem ele, a conquista e a colonização da América não aconteceriam. No final das contas, o Brasil poderia ser até hoje uma terra de índios.
    Mas vamos aos poucos. Primeiro é bom lembrar o que houve com o império de Roma. O poder imperial começou a se esfarelar no século 3, quando ocorreram lutas internas entre generais e vivia-se uma verdadeira anarquia militar. Para se ter uma ideia, em 50 anos houve pelo menos 20 imperadores, que foram destituídos um após o outro (alguns inclusive reinaram simultaneamente, em conflito). 
    Não era para menos. A economia romana era baseada no trabalho escravo e o suprimento de escravos dependia da conquista de novos territórios. O problema foi que o reino tornou-se grande demais para ser administrado, as conquistas minguaram, os escravos escassearam e a vida boa acabou. A arrecadação de impostos diminuiu e a população pobre começou a reclamar. Para ajudar, ainda havia o cristianismo (que era contra a escravidão e a riqueza da elite) e uma peste que varreu a região. Nessa barafunda de problemas, tentou-se de tudo, até a divisão administrativa do império em dois, o do Ocidente (com sede em Roma) e o do Oriente (o Império Bizantino), com sede em Constantinopla (onde antes ficava Bizâncio).
    Para este último, a solução foi eficaz. Mas o Império Romano do Ocidente, assolado pela crise econômica, perdeu seu poder militar e foi aos poucos invadido por guerreiros germânicos. Em 395, a divisão administrativa transformou-se em divisão política e o império rachou em dois. Deixada à própria sorte, a metade ocidental durou pouco. A queda definitiva ocorreu em 476, quando a tribo do rei Odoacro derrubou o último chefe de Roma, Rômulo Augústulo. No Oriente, no entanto, o Império Romano continuou existindo por quase mil anos, até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.
    Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental, diz Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em primeiro lugar, o imperador seria também o papa, como em Constantinopla, onde o imperador governava tudo o que interessava: o Exército e a Igreja. Ou isso ou haveria uma divisão de poderes com a Igreja. Essa mistureba de papéis provavelmente criaria situações curiosas, como bispos governando uma província como Portugal, ou melhor, a Lusitânia, e párocos dirigindo cidades.
    A influência religiosa seria ainda maior do que foi na Idade Média ou atualmente. Nas províncias, o divórcio e o aborto provavelmente seriam proibidos e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos, como comer peixe às sextas-feiras, tivessem a força de lei, com penas severas (o açoite, o exílio e a prisão domiciliar eram comuns) para quem degustasse uma costelinha no dia sagrado.
    As línguas derivadas do latim, como o português, o espanhol, o francês e o italiano, provavelmente seriam muito diferentes. O português, por exemplo, não teria sofrido a influência das línguas árabe e germânica, já que, nesse nosso mundo hipotético, possivelmente não ocorreriam as invasões dos germânicos e muçulmanos na península Ibérica. Palavras de origem árabe e tão portuguesas, como azeite, não fariam parte do nosso vocabulário.
    E o capitalismo? “Provavelmente demoraria mais para acontecer”, afirma Funari. “Impérios em geral dificultam o desenvolvimento do capitalismo, que depende do individualismo para se desenvolver. Um Estado muito forte e controlador é um obstáculo”, diz o historiador. Na Europa, o feudalismo e a fragmentação do poder favoreceram o surgimento do capitalismo. No Japão, onde houve a fragmentação do Estado e a implantação de um sistema de shogunato, isso também aconteceu, ao contrário da China, um império que durou até 1911. Retardado o capitalismo, a colonização da América também seria outra. E os astecas, incas, tupinambás e guaranis talvez tivessem se desenvolvido mais e oferecido maior resistência aos europeus. Indo mais longe, um império inca talvez pudesse existir até hoje. Mas essa é uma outra hipótese.

(Lia Hama e Adriano Sambugaro – http://super.abril.com.br/cultura/se-imperio-romano-nao-tivesse-acabado-444330.shtml?utm_source= redesabril_super&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_jovem.)

Tendo em vista as características semânticas e formais do texto, entende-se que o principal objetivo do texto é:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D

  • Jesus nos defenderá!!

  • Gabarito: D


    Acho que tô entendendo a IDECAN, nesta questão se eu marco a letra A ela diz que seria D e se marco D ela diria que era A... hummm creio que isso se aplica pra tudo... banca mizeravi.



    08/11 marquei B e ela disse que era D

  • Meu Deus. Queria fazer um comentário construtivo, mas impossível
  • Explicar um "e se.....” condicional só a Idecão!

  • Acertei por eliminação, mas não consigo explicar.

  • Galera! Tá explicíto que o autor contou um fato histórico ocorrido, em seguida adiciona explicações de como seria o mundo atualmente se a história tivesse tomado outros rumos. Principalmente nesta parte:

    " Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental, diz Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)... " => Exposição de uma opnião/explicação de algo.  


  • Peço que me corrijam se eu estiver enganado, mas a questão pergunta apenas sobre os gêneros textuais. Ao invés de deixar o nome de cada um (dissertativo, narrativo, descritivo, expositivo e Instrucional (injuntivo), coloca as definições de cada um.


    Relatar um fato: descritivo.

    Narrar história: narrativo.

    Instruir procedimentos: injuntivo (instrucional)

    Explicar um conhecimento: dissertativo/argumentativo.


    Pelo que vi, o texto expõe um tema claro no título: a hipótese do império romano ter persistido. Daí, detalha como era o império, e quais características dele mudariam o mundo que temos hoje. Introdução, desenvolvimento e conclusão.


    Assim - ou por eliminação das anteriores, como dito antes, chega-se à letra D como a correta (ou a menos errada). Marquei a questão para comentário. Se houver erro, novamente peço que me corrijam.


    Bons estudos!


  • da até preguiça de ler um texto desse!

  • Entendo que o autor "explica um conhecimento" ao entender a história e conseguir relacionar os acontecimentos passados, projetando um futuro imaginário. Não se trata um mero relato (letra A) ou narrativa (B), pois o narrador expõe sua opinião sobre o tema. Também não há nenhuma "instrução de processo" (C).


    Gabarito: D

  • Entendo que o autor "explica um conhecimento" ao entender a história e conseguir relacionar os acontecimentos passados, projetando um futuro imaginário. Não se trata um mero relato (letra A) ou narrativa (B), pois o narrador expõe sua opinião sobre o tema. Também não há nenhuma "instrução de processo" (C).


    Gabarito: D

  • Entendo que o autor "explica um conhecimento" ao entender a história e conseguir relacionar os acontecimentos passados, projetando um futuro imaginário. Não se trata um mero relato (letra A) ou narrativa (B), pois o narrador expõe sua opinião sobre o tema. Também não há nenhuma "instrução de processo" (C).


    Gabarito: D

  • BANCA BIZARRA!

  • Eu pensando que o Português da FCC tava puxado até conhecer essa IDECAN... SOCORROOOO

  • VAMOS PEDIR COMENTÁRIO DO PROFESSOR!

  • Ótimo o comentário do Lucas Almeida!

  • O cara é um historiador, ou seja, tem amplo conhecimento do assunto, não é um zé mané igual a mim que está aqui tentando passar em um concurso! Logo:

    A) RELATAR UM FATO NÃO, porque apesar de haver fatos históricos no texto, o autor expressa um pensamento dele.

    B) NARRAR UMA HISTÓRIA também não é o objetivo do texto porque se fosse assim, ele narraria apenas a história como aconteceu sem suposições.

    C)INSTRUIR PROCEDIMENTOS também não porque os verbos estariam no modo imperativo

    D)CORRETA. Ele queria demonstrar no texto o conhecimento do professor Funari.

  • E pensar que em menos de duas semanas irei enfrentar essa banca ... Que Deus nos ajude

  • Questões muito subjuntivas, pelo menos há 2 respostas possíveis!