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ID
2832166
Banca
UFPR
Órgão
COREN-PR
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto abaixo é referência para a questão.

  Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então descobri que não tinha mais passado. 
  Diante de mim, o Museu Nacional do Rio queimava.
  O crânio de Luzia, a “primeira brasileira”, entre 12.500 e 13 mil anos, queimava. Uma das mais completas coleções de pterossauros do mundo queimava. Objetos que sobreviveram à destruição de Pompeia queimavam. A múmia do antigo Egito queimava. Milhares de artefatos dos povos indígenas do Brasil queimavam.
  Vinte milhões de memória de alguma coisa tentando ser um país queimavam. 
 O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já sabíamos. O excesso de realidade nos joga no não tempo. No sem tempo. No fora do tempo.
  O Museu Nacional em chamas. Um bombeiro esguichando água com uma mangueira um pouco maior do que a que eu tenho na minha casa. O Museu Nacional queimando. Sem água em parte dos hidrantes, depois de quatro horas de incêndio ainda chegavam caminhões-pipa com água potável. O Museu Nacional queimando. Uma equipe tentava tirar água do lago da Quinta da Boa Vista. O Museu Nacional queimando. A PM impedia as pessoas de avançar para tentar salvar alguma coisa. O Museu Nacional queimando. Outras pessoas tentavam furtar o celular e a carteira de quem tentava entrar para ajudar ou só estava imóvel diante dos portões tentando compreender como viver sem metáforas. Brasil, é você. Não posso ser aquele que não é. O Museu Nacional queimando. […] 
  Quando soube que o museu queimava, eu dividi um táxi com um jornalista britânico e uma atriz brasileira com uma câmera na mão. “Não é só como se o British Museum estivesse queimando, é como se junto com ele estivesse também o Palácio de Buckingham”, disse Jonathan Watts. “Não há mais possibilidade de fazer documentário”, afirmou Gabriela Carneiro da Cunha. “A realidade é Science Fiction”.on”.
  Eu, que vivo com as palavras e das palavras, não consigo dizer. Sem passado, indo para o Museu do Amanhã, sou convertida em muda. Esvazio de memória como o Museu Nacional. Chamas dentro de todo ele, uma casca do lado de fora. Sou também eu. Uma casca que anda por um país sem país. Eu, sem Luzia, uma não mulher em lugar nenhum. 
   A frase ecoa em mim. E ecoa. Fere minhas paredes em carne viva. “O Brasil é um construtor de ruínas. O Brasil constrói ruínas em dimensões continentais”. […]
  Ouço então um chefe de bombeiros dar uma coletiva diante do Museu Nacional, as labaredas lambem o cenário atrás dele. O bombeiro explica para as câmeras de TV que não tinha água, ele conta dos caminhões-pipa. E ele declara: “Está tudo sob controle”.
  Eu quero gargalhar, me botar louca, queimar junto, ser aquela que ensandece para poder gritar para sempre a única frase lúcida que agora conheço: “O Museu Nacional está queimando! O Museu Nacional está queimando!”.
   O Brasil está queimando.
    E o meteoro estava dentro do museu.

(Disponível em:https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/03/opinion/1535975822_774583.html>. Acesso em 04, set. 2018.)

Sobre o texto, considere as seguintes afirmativas:

1. O articulista não expressa opiniões nesse texto, atendo-se aos fatos ocorridos.

2. O articulista contrapõe a existência de um Museu do Amanhã no Rio de Janeiro com a falta de uma representação do passado diante do incêndio do Museu Nacional.

3. Trata-se de um texto narrativo, pois conta a história do que aconteceu com o articulista naquele dia.

4. O articulista do texto é uma mulher.

Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  •  vacilei nessa!

     

    1- ERRADO. O autor expoê sua opinião. ex: "Brasil, é você. Não posso ser aquele que não é." " O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já sabíamos".

     

     

    2- CERTO

     

    3- ERRADO  Trata-se de um texto descritivo-  texto em que predomina a riqueza de detalhes .Modo descritivo consiste na apresentração de traços ou caracteristicas de um ser vivo, um objeto, um ambiente, uma cena. Predominam os verbos de situação, em geral no presente (quero, conheço,vivo, consigo,)ou no pretérito imperfeito do indicativ (queimava, tentava, estava). Na descrição as caracteristicas ocorrem simultaneamente e tem organização espacial.

     

    4- CERTO. “Eu, que vivo com as palavras e das palavras, não consigo dizer. Sem passado, indo para o Museu do Amanhã, sou convertida em muda

     

    GABARITO B

  • "1. O articulista não expressa opiniões nesse texto, atendo-se aos fatos ocorridos."

    FALSA. Ao longo do texto, a autora expressa várias vezes uma opinião, como na proposição: "O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora."


    "2. O articulista contrapõe a existência de um Museu do Amanhã no Rio de Janeiro com a falta de uma representação do passado diante do incêndio do Museu Nacional."

    VERDADEIRA, de acordo com o fragmento: "Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então descobri que não tinha mais passado.

    Diante de mim, o Museu Nacional do Rio queimava."


    "3. Trata-se de um texto narrativo, pois conta a história do que aconteceu com o articulista naquele dia."

    FALSA. Ao longo do texto, a autora emite sua própria opinião. Portanto, como a alternativa restringe a qualificação do texto como apenas narrativo, é falsa.


    "4. O articulista do texto é uma mulher."

    VERDADEIRA. "Eu quero gargalhar, me botar louca..."




    Alternativa correta: LETRA B: "Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras."

  • Não confundir tipologia com gênero. O item 3 ao mencionar "narrativo" trata de tipologia textual. Um romance (gênero), que é uma narrativa (tipologia), pode ter forte elementos descritivos (tipologia). Uma matéria jornalística (gênero), que geralmente é uma dissertação (tipologia), pode ter elementos narrativos (tipologia). Ou seja, em um mesmo texto você pode ver elementos dissertativos e narrativos. O importante é ver o que predomina no texto, qual a intenção do autor. Neste texto existem elementos narrativos, quando a autora narra, como em tempo real, o museu queimando e as coisas acontecendo. Porém, a finalidade é defender uma tese, uma ideia, o que se percebe por seu caráter predominantemente argumentativo. Portanto, é uma dissertação argumentativa, em que pese utilizar de elementos narrativos durante o desenvolvimento.

  • Contrapor = comparar

  • Com relação ao ponto nº 4, é possível identificar que é uma mulher em "Eu, sem Luzia, uma não mulher em lugar nenhum."

    Pqp texto lix0

  • GABARRITO :B

    OOOOOOOOOOOOOO MISTURA LAZARENTA NARRATIVO DESCRITIVO .

  • 2. O articulista contrapõe a existência de um Museu do Amanhã no Rio de Janeiro com a falta de uma representação do passado diante do incêndio do Museu Nacional.

    3. Trata-se de um texto narrativo, pois conta a história do que aconteceu com o articulista naquele dia.

    GABARITO= B

    ASSIM UM COMENTÁRIO PESSOAL: A UFPR deveria ser menos esquerdista, não tenho nada contra, mas uma Universidade, não pode ser parcial (seja neutra).

    Texto é muito drama.

  • Ueslei, entao vc como concurseiro deveria abrir seus horizontes,a começar lendo sempre o titulo. Se trata de uma materia publicada em um jornal de gabarito de renome. Em nada tem a ver com ideologia politica!

  • Essas questões, a despeito de eu acertar algumas, são muito capciosas.

  • FIQUEM ATENTOS NA FONTE :

    (Disponível em:https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/03/opinion/1535975822_774583.html>. Acesso em 04, set. 2018.)

    EM OUTRAS QUESTÕES A UFPR DEIXA DESSA FORMA. OPINIÃÃÃO !

  • Gab B.

    1- Texto informativo e não opinativo.

    2- Verdade

    3- Vide item 1.

    4- Verdade

    BONS ESTUDOS GALERINHA!!!

  • Contrapor pode ser: confrontar ou comparar.

    De início entendi que o item 2 diz que o articulista é contra o Museu do Amanhã, porém a preposição denuncia o sentido de comparação. Vacilo! :(

    2. O articulista CONTRAPÕE a existência de um Museu do Amanhã no Rio de Janeiro COM a falta de uma representação do passado diante do incêndio do Museu Nacional.

  • /brasil.elpais.com/brasil/2018/09/03/opinion. Diz tudo rs

  • sasinhoraa do céu