SóProvas


ID
2836285
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Natividade - RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Uma coisa grande mesmo
Não adianta chorar o leite derramado, a árvore derrubada e colocar
a culpa nas gerações passadas. É bola pra frente.


    Difícil falar de sustentabilidade para pessoas que não querem, não gostam e têm dificuldade de pensar no futuro. 
Mas a pauta do mundo hoje é essa, goste ou não, queira ou não. Porque sustentabilidade é isto: trazer o futuro para o presente. É resolver os seus problemas e realizar seus sonhos hoje sem comprometer os sonhos de quem ainda nem nasceu. 
    Para quem é jovem e brasileiro, então, a dificuldade de incluir o futuro nas suas decisões é maior ainda. Vou explicar começando pelo que temos em comum: Brasil. Vivemos numa região do planeta que é muito boa e generosa com as nossas condições de vida. Para nós, humanos, para as plantas e para os animais. 
    Aprendi isso no livro do Eduardo Giannetti, O valor do amanhã. Ele diz que uma árvore no hemisfério Norte, como por exemplo o carvalho, tem que armazenar energias no verão para atravessar o inverno, senão morre. Uma palmeira nos trópicos, onde o inverno é quente, não tem esse mecanismo de armazenagem porque não precisa. 
    Isto é, nós, que vivemos nos trópicos, tendemos naturalmente a não esquentar a cabeça com o inverno, isto é, com o futuro. Daí para essa tendência virar atitude, cultura, estilo de vida, não custa nada. Conclusão: o brasileiro é cabeça fresca por natureza.
    O mesmo acontece quando temos pouca idade. Quando jovens, temos tanto para viver no presente e tanto futuro pela frente, que não temos nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro. Dizem que o máximo de futuro que a maioria dos jovens consegue pensar é três ou quatro dias. Mais praticamente, o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.
    Normal. De verdade, a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos. Aí é que se começa a pensar sério na vida, fazer planos, poupar, essas coisas. 
    Então, para jovens brasileiros, sustentabilidade é papo cabeça, abstrato, que só vira realidade quando vê crianças morrendo de falta de água, ursinho morrendo de falta de frio, peixe morrendo de falta de ar, floresta morrendo de falta de inteligência humana e boate fechando por falta de energia elétrica para a guitarra e o ar-condicionado.
    Estou falando isso para mostrar o tamanho do desafio para um jovem dos trópicos entender o que de fato está por trás da sustentabilidade e poder se preparar para contribuir na virada deste jogo que está pondo em risco o seu próprio futuro. (...) 
    É uma coisa grande mesmo. Muito maior do que o aqui, agora da minha geração, que muita gente entendeu que era pequeno e curto e acabou detonando sua saúde em poucos anos, destruindo sua vida e privando o futuro do seu talento. Muitos amigos, muitos músicos geniais foram destruídos por essa má compreensão do “aqui, agora”. (...)
    Vamos combinar: para sustentabilidade não existe futuro nem passado, só existe o presente, um presente eterno, um presente tão grande que só cabe na nossa consciência e se está na consciência vira estilo de vida. Então, a saída é acordar para essa nova consciência. Como cantam Céu e Beto Villares na sua “Roda”: “Caiu na roda, ou acorda ou vai dançar.


(Ricardo Guimarães. Uma coisa grande mesmo. Revista MTV, jun. 2007.)

Dentre os segmentos a seguir, o desvio em relação à linguagem formal está indicado em:

Alternativas
Comentários
  • linguagem formal, também chamada de "culta" está pautada no uso correto das normas gramaticais bem como na boa pronúncia das palavras. Já a linguagem informal ou coloquial representa a linguagem cotidiana, ou seja, trata-se de uma linguagem espontânea, regionalista e despreocupada com as normas gramaticais.

    Dentre as características da linguagem informal, temos a ausência da preocupação excessiva com o uso de normas gramaticais, utilização de gírias, palavrões, palavras inventadas, onomatopéias, expressões populares e coloquialismos, bem assim a utilização de vocabulário mais simples. 

     

    Gabarito: b) “... a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos.” 

     

    2 Erros:

    a gente ==> usada apenas na linguagem informal

    a gente ==> casa e tem filhos (conjuga-se na 3a pessoa do singular)

     

  • B de Brasa


    O motivo do gabarito é mais simples do que parece.


    A palavra A GENTE nao se usa na linguagem formal. Simples assim!


    A gente ou nós?

    As duas formas estão corretas e dependem da ocasião em que são empregadas. A gramática tradicional considera apenas a existência dos pronomes pessoais eu, tu, ele, nós, vós e eles - leque que não inclui formas como “você” e “a gente”. Por isso, quando fazemos o uso da norma culta, é exigido o “nós”. O pronome também é recomendado para situações formais de uso da língua - como um seminário acadêmico. Já na comunicação informal, “a gente” é perfeitamente aceitável.


    - O verbo fica sempre no singular. Exemplo:

    A gente quer comida. = Nós queremos comida



    Fonte: Portugues Esquematizado CAP 3

    Fonte na web: https://novaescola.org.br/conteudo/198/falar-a-gente-e-correto-ou-so-e-certo-usar-nos



    "O grande inimigo do conhecimento nao é a ignorancia, é a ilusao de ter conhecimento"

  • E palavra balada, pessoal? É uma palavra formal?

  • A palavra "balada" foi promovida de gíria à linguagem formal. Que bacana ... :(

  • Corruptela do original em frances "BALLADE", signficava uma peça musical de um único movimento, com qualidades narrativas dramáticas, elaborada por volta do Séc. XIV.


    Mais tarde, Fréderic CHOPIN escreveu uma peça que denominou de BALLADE, executada somente por pianos.


    Mais recentemente, ficou sub-entendida como definição para um tipo de de música, mais cadenciada, cujos compassos permitiram a dança à dois, com o corpo colado intimamente à outra pessoa.


    Hoje, significa ir à uma CASA NOTURNA do ramo do entretenimento musical, combinado com a venda de bebidas alcoólicas e, em alguns casos, alimentação.

    "Quando eu ouvia aquela balada, pensava somente nela"
    "Era só entrar uma balada, que eu pegava ela prá dançar"
    "Hoje eu não quero nem saber: Vou prá balada direto" https://www.dicionarioinformal.com.br/balada/

    Dessa forma, o uso da palavra "Balada" coaduna com a norma culta.


  • espaço na cabeça ...

  • Pessoal, o enunciado da questão diz: " Dentre os segmentos a seguir, o desvio em relação à linguagem formal está indicado em:"


    Acredito que a questão não está pedindo para identificar palavras típicas da linguagem coloquial (Ex: balada) , mas sim identificar algum erro gramatical. No caso da letra B:


    B“... a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos.” (6º§) 


    Quem "casamos e temos filhos" ? R: "a gente" [SUJEITO] . Logo, os verbos deveriam estar na conjugados na terceira pessoa do singular ( o autor acabou misturando um "nós" no meio da oração) .Ficaria:


    (...) quando [a gente] se casa e tem filhos



    De fato, a expressão "a gente" é típica da linguagem coloquial, mas o que a questão queria saber mesmo era a concordância verbal.



    Espero ter ajudado.

    Bons estudos!


  • Nós fomos ao cinema.

    A gente foi ao cinema.

    Você deve ter percebido que o sentido não foi alterado quando substituímos o pronome pessoal reto pela locução pronominal, não é mesmo? O que mudou foi a conjugação verbal. O pronome nós deverá ser utilizado com o verbo conjugado na primeira pessoa do plural, enquanto a locução a gente deverá vir acompanhada do verbo conjugado na terceira pessoa do singular, pois equivale ao pronome pessoal ela.



    Fonte: https://escolakids.uol.com.br/a-gente-ou-nos.htm

  • Muito bom o comentário de Árthus, porém como sempre a IDECAN faz a pegunta de uma assunto e a resposta é de outro . vai entender !

    Queria saber desde quando " balada " não é gíria ?

  • Estas duas formas - a gente e nós - estão corretas e existem na língua portuguesa. Nós é um pronome pessoal reto que indica um grupo e a gente é uma locução pronominal com valor semântico de nós. 

    Assim, nós e a gente podem ser utilizados como sinônimos, tendo apenas atenção para a distinta conjugação do verbo. O correto é conjugar o verbo na primeira pessoa do plural com o pronome nós e na terceira pessoa do singular com a expressão a gente. 

    Com nós, o verbo fica conjugado na 1.ª pessoa do plural:

    Nós andamos. 

    Nós cantaremos. 

    Nós sabíamos. 

    Com a gente, o verbo fica conjugado na 3.ª pessoa do singular:

    A gente anda. 

    A gente cantará. 

    A gente sabia. 

    É importante estar atento na conjugação dos verbos, para evitar erros comuns, como: a gente vamos, a gente fomos, nós vai, nós pede,...

     

    fonte==>https://duvidas.dicio.com.br/a-gente-ou-nos/

  • Resposta: B

    "Espaço na cabeça" é um tanto quanto esquisito, para não dizer informal.

  • Tive a mesma linha de raciocínio do Árthus (comentário abaixo).

  • quando nós casarmos quando nós tivermos
  • Nao vejo o erro da alternativa B que foi apontado pelos colegas: entre "a gente" e "casamos" temos silepse de pessoa, silepse é erro para a IDECAN? Na minha leitura o item B expressa apenas um recurso estilístico.

  • Desde quando "balada" não é gíria gente??? Assim fica difícil....

  • A) “... não temos nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro.” (5º§) CERTO.

    B) “... a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos.” (6º§) ERRADO.

    Sujeito no singular, os verbos devem permanecer no singular.

    Com a gente, o verbo fica conjugado na 3.ª pessoa do singular.

    C) “... um jovem dos trópicos entender o que de fato está por trás da sustentabilidade...” (8º§) CERTO.

    D) “Mais praticamente, o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.” (5º§) CERTO.

    Gabarito: B.

  • Concordo com o comentário do Árthus, segui esse pensamento para acertar a questão. Entretanto, há um tipo de concordância ideológica (silepse), onde temos um verbo em uma pessoa e o sujeito em outra, mas com o emissor se incluindo. Exemplo:

    - O povo iremos às urnas no próximo ano (O povo, sujeito, está na 3ª pessoa do singular; Já o verbo está na 1ª pessoa do plural, com o autor se incluindo).

    Veja que é o que ocorre na frase da letra B: A gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos. Note que o autor está se incluindo. Logo, não há erro aqui. A questão deveria ser anulada no caso.

  • Aprendi que: “Mais praticamente, o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.”

    esta muito errado por um simples detalhe:

    “Mais praticamente, ou o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.”

    Sem isso a alternancia não pode ser considerada culta, pra dizer o mínimo.

  • Para mim a questão se trata apenas da coloquialidade do termo "a gente", que não se enquadra na língua formal. Agora quanto a questão do "a gente ... casamos e temos filhos", posso estar enganada, mas creio que se trata de uma silepse de pessoa (figura de linguagem), pois o autor está se colocando na frase, sugerindo uma concordância ideológica e não gramatical.

  • É preciso ter muito cuidado com esse tipo de questão, já vi uma de concordância da CETREDE (prova da prefeitura de Juazeiro do Norte, nível médio, ano de 2019) em que a alternativa tida como certa seria exatamente a que apresentava esse tipo de desvio. A alternativa estava correta, pois esse tipo de desvio da língua configura uma figura de linguagem chamada Silepse. E mesmo não havendo previsão editalícia para o assunto figuras de linguagem e mesmo também sendo uma questão de concordância, tal desvio foi considerado correto.

  • Na discussão sobre a concordância verbal com a expressão "a gente" , a maioria aqui está equivocada, porque não compreendeu o comando da questão. O termo "a gente" pode concordar com a ideia que esta subentendida, por isso o autor fez a flexão em "casamos e temos" (silepse de gênero, número e pessoa). A questão pede o desvio em relação à linguagem formal, e não desvio gramatical. Cuidado com a IDECAN!

  • Essa banca é uma piada

    1. espaço na cabeça...
    2. balada...

    faz uma pergunta e a resposta é outra de outro assunto, o português dessa banca é muito mais muito subjuntivo, acertar é lucro!