SóProvas


ID
2836288
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Natividade - RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Uma coisa grande mesmo
Não adianta chorar o leite derramado, a árvore derrubada e colocar
a culpa nas gerações passadas. É bola pra frente.


    Difícil falar de sustentabilidade para pessoas que não querem, não gostam e têm dificuldade de pensar no futuro. 
Mas a pauta do mundo hoje é essa, goste ou não, queira ou não. Porque sustentabilidade é isto: trazer o futuro para o presente. É resolver os seus problemas e realizar seus sonhos hoje sem comprometer os sonhos de quem ainda nem nasceu. 
    Para quem é jovem e brasileiro, então, a dificuldade de incluir o futuro nas suas decisões é maior ainda. Vou explicar começando pelo que temos em comum: Brasil. Vivemos numa região do planeta que é muito boa e generosa com as nossas condições de vida. Para nós, humanos, para as plantas e para os animais. 
    Aprendi isso no livro do Eduardo Giannetti, O valor do amanhã. Ele diz que uma árvore no hemisfério Norte, como por exemplo o carvalho, tem que armazenar energias no verão para atravessar o inverno, senão morre. Uma palmeira nos trópicos, onde o inverno é quente, não tem esse mecanismo de armazenagem porque não precisa. 
    Isto é, nós, que vivemos nos trópicos, tendemos naturalmente a não esquentar a cabeça com o inverno, isto é, com o futuro. Daí para essa tendência virar atitude, cultura, estilo de vida, não custa nada. Conclusão: o brasileiro é cabeça fresca por natureza.
    O mesmo acontece quando temos pouca idade. Quando jovens, temos tanto para viver no presente e tanto futuro pela frente, que não temos nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro. Dizem que o máximo de futuro que a maioria dos jovens consegue pensar é três ou quatro dias. Mais praticamente, o tempo da próxima balada ou o prazo para entregar o trabalho da escola.
    Normal. De verdade, a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos. Aí é que se começa a pensar sério na vida, fazer planos, poupar, essas coisas. 
    Então, para jovens brasileiros, sustentabilidade é papo cabeça, abstrato, que só vira realidade quando vê crianças morrendo de falta de água, ursinho morrendo de falta de frio, peixe morrendo de falta de ar, floresta morrendo de falta de inteligência humana e boate fechando por falta de energia elétrica para a guitarra e o ar-condicionado.
    Estou falando isso para mostrar o tamanho do desafio para um jovem dos trópicos entender o que de fato está por trás da sustentabilidade e poder se preparar para contribuir na virada deste jogo que está pondo em risco o seu próprio futuro. (...) 
    É uma coisa grande mesmo. Muito maior do que o aqui, agora da minha geração, que muita gente entendeu que era pequeno e curto e acabou detonando sua saúde em poucos anos, destruindo sua vida e privando o futuro do seu talento. Muitos amigos, muitos músicos geniais foram destruídos por essa má compreensão do “aqui, agora”. (...)
    Vamos combinar: para sustentabilidade não existe futuro nem passado, só existe o presente, um presente eterno, um presente tão grande que só cabe na nossa consciência e se está na consciência vira estilo de vida. Então, a saída é acordar para essa nova consciência. Como cantam Céu e Beto Villares na sua “Roda”: “Caiu na roda, ou acorda ou vai dançar.


(Ricardo Guimarães. Uma coisa grande mesmo. Revista MTV, jun. 2007.)

O trecho da letra da música citado “Caiu na roda, ou acorda ou vai dançar.” (10º§) indica

Alternativas
Comentários
  • OU ACORDA OU VAI DANÇAR, TEM-SE ESSAS DUAS ALTERNATIVAS.

  • Gabarito D de Donuts. (▀̿̿Ĺ̯̿▀̿ ̿)


    Alternativas Introduzem uma ideia de opção, alternância.

    As conjunções mais comuns são OU...OU, ORA...ORA, QUER...QUER, SEJA...SEJA.

    Ex.: “Ou paga ou eu mando sangrá-lo devagarinho” (Graciliano Ramos). → Observe que a conjunção OU estabelece uma opção, escolha. Se a pessoa pagar, o outro não mandará sangrá-lo; caso não pague, o outro mandará sangrá-lo.

    Ora estudo ora trabalho. → Observe que, nesta frase, o sujeito EU possui duas atividades: estudar e trabalhar. Contudo é interessante perceber que os fatos não acontecem simultaneamente, ou seja, eles se alternam.

    Quer no prazer, quer na dor” (Castro Alves).

    Obs.: Importa salientar que às vezes a conjunção OU pode ter valor aditivo. Ex.: Gostava de encher o apartamento de amigos, ou sair com a turma...” (Luis Fernando Veríssimo). → A conjunção OU no exemplo introduz mais uma atividade que dá prazer ao sujeito tácito.



    "Cuidado com o medo; ele adora roubar sonhos"

  • Mas isso está mais para condicional, não? Ter alternativas (perante as quais você escolhe uma opção, ou faz isso ou faz aquilo,o que não deixa de ser uma condicional) é diferente de haver alternância (quando você alterna entre uma coisa e outra, hora faz uma coisa, hora faz outra). Não me parece que esse trecho da música dá esse sentido de alternância, de hora estar acordado e hora ir dançar. Mas enfim ...

  • O trecho da música claramente expressa alternância "ou vc faz isso (acorda) ou vc faz aquilo (vai dançar)", nada tem a ver com condição.

  • Alternância -> Ou...ou.

  • A questão é sobre conjunções e quer que indica o trecho “Caiu na roda, ou acorda ou vai dançar.” . Vejamos:

     .

    Conjunções coordenativas são as que ligam orações sem fazer que uma dependa da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

     .

    A) pedido.

    Errado. "Ou... ou", não indica pedido, mas, sim, alternância.

     .

    B) negação.

    Errado. "Ou... ou", não indica negação, mas, sim, alternância.

     .

    C) oposição.

    Errado.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    D) alternância.

    Certo. Temos, nesse caso uma conjunção coordenativa alternativa: ou...ou.

    Conjunções coordenativas alternativas: têm valor semântico de alternância, escolha ou exclusão.

    São elas: ou... ou, ora... ora, já.. já, seja... seja, quer... quer, não... nem...

    Ex.: Ou estudava ou trabalhava. Seja concursado, seja concurseiro, todos merecem respeito.

     .

    Gabarito: Letra D