RESPOSTA : Letra 'B' O 30 de novembro de 2009 marca exatos 30 anos do episódio em que, pela primeira vez, um presidente da República — um general, e em plena ditadura militar — partiu para a confrontação direta com populares.
O episódio, que ficou lembrado dali em diante como Novembrada, aconteceu em Florianópolis. Até hoje é lembrado como o primeiro sinal do enfraquecimento do regime militar, que de fato caminhou para o ocaso cinco anos depois. Foi um marco histórico na campanha pela redemocratização do Brasil.
Um manifesto organizado por 30 estudantes na Praça XV de Novembro — onde ficava a então sede do governo do Estado, o Palácio Cruz e Sousa — foi um dos fatores que desencadearam a ira do presidente João Baptista Figueiredo.
Mas não foram eles os únicos a protestarem. No caminho entre o aeroporto Hercílio Luz e o Centro da Capital, o presidente foi recepcionado por um "panelaço" de donas de casa, que batiam nas panelas reclamando que não tinham o que comer.
Na Praça XV, juntavam-se aos estudantes familiares das vítimas do Massacre de Anhatomirim, inconformados com a inauguração de uma placa em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto, o presidente que deu origem ao nome Florianópolis, acusado de ter ordenado o traumático fuzilamento dos seus opositores federalistas.
Muita gente simples também queixava-se das condições de vida à época. Os taxistas (muitos deles com ponto na praça e nas redondezas) estavam inconformados com um novo aumento dos combustíveis.
Irritado com os protestos e palavras de ordem, o presidente, que participava de ato oficial dentro do palácio, resolveu ir à sacada. Dali, gesticulou de maneira polêmica com a mão direita. Os manifestantes entenderam o gesto como um insulto, e xingaram a mãe do presidente.
— Minha mãe não está em pauta — repetia um transtornado Figueiredo, que intempestivamente, e contrariando todos os conselhos (inclusive o do então governador Jorge Bornhausen), desceu à Praça para tirar satisfação com os manifestantes.
Mantendo a programação, o presidente ainda tomou um café no Senadinho, onde voltou a ser ofendido e criticado pela população da Capital.
No saldo final, sete estudantes foram presos, com base na lei de Segurança Nacional. A placa em homenagem a Floriano foi arrancada de seu pedestal, e vandalizada de todas as maneiras pelos manifestantes.