SóProvas


ID
2840530
Banca
CONSULPAM
Órgão
Câmara de Juiz de Fora - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o Texto II


16 milhões de brasileiros sofrerão com a automação na próxima década


    A elite política e econômica global está preocupada com o futuro do trabalho. Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação até 2030, segundo estimativa da consultoria McKinsey. Uma amostra recente foi o corte de 60 mil cargos públicos anunciado pelo governo Michel Temer este mês, boa parte em razão da obsolescência, como no caso de datilógrafos e digitadores.
    No mundo, no período entre 2015 e 2020, o Fórum Econômico Mundial prevê a perda de 7,1 milhões de empregos, principalmente aqueles relacionados a funções administrativas e industriais. A avaliação de especialistas da área é que o mercado de trabalho passa por uma grande reestruturação, semelhante à revolução industrial. A diferença é que agora tudo acontece muito mais rápido: desde 2010, o número de robôs industriais cresce a uma taxa de 9% ao ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
    Um caminho para contornar o problema é treinar a força de trabalho para que aqueles de menor qualificação profissional não fiquem para trás, diz o diretor da OIT. “Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidades matemáticas, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional”, afirma. Ele cita como exemplo o Senai, cuja proposta é preparar mão de obra técnica para a indústria. Estudo na Unicef divulgado em dezembro alerta para o risco da tecnologia digital transformar-se em um novo motor de desigualdade. Embora 1 em cada 3 usuários da internet seja uma criança, há ainda 346 milhões de jovens sem acesso ao mundo digital.
    Há uma forte preocupação com os trabalhadores de menor qualificação, em termos do impacto da tecnologia. Essas pessoas não são realmente alfabetizadas digitais, e não terão oportunidade para aprender habilidades específicas. Eles serão deixados para trás e terão uma empregabilidade muito pequena", diz Salazar, da OIT. A velocidade com que as mudanças ocorrem demanda mudanças também na educação dos mais velhos, diante do prolongamento da vida profissional, na esteira do aumento da longevidade. A automação não é a único motivo de preocupação. A emergência de novas relações profissionais fora do contrato tradicional é outro fator desestabilizador. Um novo grupo de pessoas cresce à margem dos direitos trabalhistas, classificados ora como “trabalhadores independentes”, ora como "invisíveis" ou simplesmente "informais".
    Segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial com diretores das áreas de recursos humanos em empresas de 15 países, 44% deles acreditam que o maior impacto no mercado hoje vem das mudanças no ambiente de trabalho, como home office, e nos arranjos flexíveis, como contratação de pessoas físicas para trabalhar por projeto (a chamada "pejotização”). O percentual é semelhante entre os brasileiros (42%). Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à "gig economy", como plataformas online e aplicativos – programadores freelancer e motoristas de Uber entram nessa categoria. A tendência é de que as empresas reduzam ao máximo o número de empregados fixos dentro do contrato tradicional, terceirizando para consultores o que for possível como forma de redução de custos e ganho de eficiência, segundo o Fórum Econômico Mundial.
    Assim, embora a tecnologia gere uma demanda por novas atividades altamente qualificadas, como programação de um aplicativo, a probabilidade é que as empresas terceirizem a função, em vez de contratar diretamente esse profissional. Gerenciamento de mídias sociais é um exemplo de função repassada a consultores, pagos por tarefa. Essa ausência do reconhecimento de uma relação de emprego faz a OIT classificar esse tipo de trabalho como "invisível".
    Ainda não está claro se elas serão regulamentadas ou se cairão no trabalho informal, diz a OIT. Já nos Estados Unidos e na Europa, ganha força a classificação da categoria como "trabalhadores independentes", calculada em 162 milhões de pessoas pela consultoria McKinsey. A reforma trabalhista feita no Brasil no final de 2017 tentou abarcar em parte essas mudanças, ao regulamentar o home office, por exemplo. Polêmicas, como a situação dos motoristas de Uber, contudo, persistem.
    Um desafio extra para o Brasil é que ele precisa começar a lidar com essas questões novas ao mesmo tempo em que ainda não resolveu problemas antigos, como o alto índice de informalidade, que voltou a subir durante a crise e hoje atinge 44,6% dos trabalhadores, segundo o IBGE. É preciso estender a cobertura da legislação ao "velho" e ao "novo" mercado, Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe. "O objetivo não é proteger o emprego em si, mas sim garantir os direitos trabalhistas clássicos mesmo que haja mais flexibilidade", diz.
    Para o sociólogo Ruy Braga, professor da USP e autor dos livros "A Rebeldia do Precariado" (2017) e "A Política do Precariado" (2012), as novas formas de trabalho que surgem mascaram o avanço do velho subemprego. Para ele, a reforma trabalhista, ao formalizar atividades de tempo parcial ou de curta duração, oficializa essa desestruturação do mercado. "Do ponto de vista microeconômico, é bastante racional que você elimine cargos intermediários. Mas, do ponto de vista social, a coisa se complica, porque você vai ter menos empregos de qualidade e de maior renda. Consequentemente, uma sociedade mais polarizada, o que significa mais desigual e com dificuldades de se integrar", avalia.

(Extraído e adaptado de:

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1951904-16-milhoes-de-brasileiros-sofrerao-com-automacao-naproxima-decada.shtml)

No enunciado “Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidades matemáticas, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional”, ocorre um fenômeno de linguagem, identifique-o.

Alternativas
Comentários
  • não entendi, mas o gabarito é c

  • A erva tava forte nesse dia hein.

  • tem professor pra responder nao ? isso aqui é pago ta fod..


  • O que é Redundância:


    Redundância é um substantivo feminino que caracteriza aquilo que é dito ou feito em excesso, tornando-se repetitivo.

    Sua origem vem do latim redundantĭa e redundare, que significa “voltar”.

    A redundância se refere a alguma situação em que as informações já tenham sido dadas e que novamente voltam a ser mencionadas em outro momento.

    Exemplo: "O diretor falou durante quatro horas seguidas o que poderia ter dito em 40 minutos".

    Na gramática, a redundância está ligada ao discurso que utiliza diferentes palavras para expressar uma mesma ideia ou raciocínio. Normalmente utiliza-se vícios de linguagem muito comuns como: subir para cima, encarar de frente, metades iguais, há anos atrás, entre outros.

    Exemplo: "Roberto neste momento fala sobre o panorama geral da situação da empresa".

    A palavra também pode substuída por sinônimos como prolixidade, pleonasmo, repetição. Já o oposto da redundância é a brevidade, a concisão, a objetividade.

    Quando uma pessoa utiliza expressões diferentes para se referir à mesma ideia, dizemos que esta é uma pessoa redundante.

    GABARITO C


    INTERPRETE A FRASE:


    resposta: O que é novo não pode mais ser criado, de modo que “novos empregos que estão sendo criados” apresenta uma redundância que deve ser evitada.

  • Acho que o erro da D é dizer que a vocação não dá pra ser treinada. É possível sim desenvolver uma vocação.

  • Que loucura foi essa?

  • Na verdade, foi pedido uma figura de linguagem. Só que há mais de uma. É a típica questão em que a banca escolhe o gabarito que quiser. Deveria ser anulada.

  • Não sei por que os professores nunca comentam o que pedimos. ISSO AQUI É PAGO VIU.

  • O que é novo não pode mais ser criado, de modo que “novos empregos que estão sendo criados” apresenta uma redundância que deve ser evitada.

    Se são novos empregos com certeza estão sendo criados.

  • A figura de linguagem pedida foi pleonasmo ou redundância.

    É que nem: subir pra cima, descer pra baixo, criar algo novo (e tem como criar algo velho?).

  • Ora, analise :

    Os novos empregos que estão sendo criados 

    Se são novos ..torna-se vicioso dizer que estão sendo criados..

    Pleonasmo é a redundância de termos no âmbito das palavras, mas de emprego legítimo em certos casos, pois confere maior vigor ao que está sendo expresso.

    Sucesso,bons estudos não desista!

  • Nunca vi uma banca pra exigir mais abstração nas questões de português que a CONSULPAM..

  • Acho que a "D" está mais para quem treina uma vocação a qual já nasceu com ela, tipo, tenho vocação pra ser policial, tá no sangue, porém preciso dos 6 meses que irei passar na academia para "treinar" essa minha vocação...

    Interpretei-a assim.

  • Comentando a letra C: está certo (leiam o comentário do nosso colega @Mateus Oliveira). O Pleonasmo não é um erro em si (Ex. Maria, eu a chamei. Esse a é chamado de objeto direto pleonástico), o errado é o pleonasmo vicioso (ex. "Eis que criei novas coisas". Uma forma para se corrigir": "Eis que faço novas todas as coisas");

    Erro da letra D: Embora todos nós possamos ter uma vocação, isso não significa que ela não possa ser treinada. Exemplo do nosso dia a dia o CR7 (o cara já tinha a vocação, mas treinou muito para ser o que é hoje).