A princípio eu tb não entendi nada da alternativa B. Essa questão foi tirada da pag 127 do livro do Pindick (oitava edição) no rodapé:
"O fato de o excedente do consumidor poder ser medido em unidades monetárias envolve uma premissa
implícita a respeito do formato das curvas de indiferença dos consumidores, ou seja, de que a utilidade
marginal do consumidor, associada aos aumentos de renda, permanece constante dentro da faixa de renda
em questão. Para muitas análises econômicas, essa premissa é razoável. No entanto, pode ser duvidosa
quando estão envolvidas grandes variações de renda."
-Tá ok, mas não entendi nada ainda!!.
Minha visão: pra entender a questão, primeiramente, precisamos relembrar o que é o efeito renda na utilidade marginal do consumidor no mercado de trabalho. O feito renda diz que pra pessoas que já possuem salário muito alto, um aumento no salário dessa pessoa não faz ela aumentar a sua hora trabalhada pra ganhar a mais. Por exemplo, suponha que vc ganhe 1 milhão por mês, e sua em empresa dá um aumento de 10 mil reais desde que vc trabalhe uma hora a mais, o efeito renda diz que por vc já ser rico, vc não aumentara a sua hora trabalhada.
Quando a questão fala "...de que a utilidade marginal do consumidor, associada aos aumentos de renda, permanece constante dentro da faixa de renda em questão..." essa faixa quer dizer que, por exemplo, indivíduos que ganham entre 0 e 100 mil reais, o efeito renda não é válido, ou seja, ela trabalhara a mais por conta de um aumento em seu salário. Caso esteja acima da faixa de 0 e 100 mil, o efeito renda será válido, em outras palavras, a pessoa não trabalhara a mais por já ser rico, neste caso a curva de utilidade do indivíduo não é mais convexa, passa a ser negativa, pois mais salário leva a menos trabalho.
Fala pessoal! Professor Jetro Coutinho na área, para
comentar esta questão sobre o excedente do consumidor.
O Excedente do consumidor é uma medida de bem-estar, ou seja, de satisfação das pessoas ao poderem adquirir um determinado produto.
Como as pessoas são diferentes, elas irão atribuir valores diferentes para cada mercadoria que consomem. Umas valorizarão mais uma mercadoria enquanto outros não a consideram tão valiosa.
O fato é que como a satisfação de cada pessoa é diferente, o preço que elas estão dispostas a pagar por cada bem também é diferente. Uma pessoa que valorize muito uma mercadoria está disposta a pagar mais por ela. Já um consumidor que não dá muito valor a um bem está disposto a pegar pouco por este bem.
Podemos definir o excedente do consumidor individual como a diferença entre o preço que um consumidor estaria disposto a pagar menos o que ele realmente paga.
Mas, em vez de analisarmos apenas um consumidor individualmente, podemos realizar uma análise mais abrangente, agregada. É que, se pegarmos os excedentes individuais de cada consumidor e os somarmos, chegaremos ao excedente do consumidor agregado, que representa o excedente para todos os consumidores (e não apenas para um indivíduo).
Para medir o excedente, os economistas partem de uma premissa importante, a de que a utilidade marginal do consumidor permanece constante dentro de uma faixa de renda.
Por exemplo, uma pessoa que ganha um salário mínimo, consome determinados tipos de bens, com quase a totalidade da sua renda sendo direcionada à sobrevivência. Assim, ela obtém determinado nível de utilidade.
Uma pessoa que ganha quinze salários mínimos consome muito mais bens e possui um nível de utilidade total bem maior do que a primeira pessoa.
Apesar de a utilidade total destas pessoas serem diferentes, os economistas consideram que a utilidade MARGINAL do aumento de renda é constante. Isto é, se uma pessoa aumenta sua renda 1 salário mínimo para dois, ela aumentará sua utilidade marginal NO MESMO MONTANTE de uma pessoa cuja renda saia de quinze para dezesseis salários mínimos.
Esta é uma premissa muito forte, já que, na prática, sair de 1 salário mínimo para 2 é um salto bastante expressivo na quantidade de bens que a pessoa pode consumir. Já sair de 15 para 16 não faz lá muita diferença em termos de consumo.
Mas então os economistas precisam utilizar esta premissa para que seja possível mensurar o excedente individual. Se a utilidade marginal não fosse constante, isso significa que o excedente seria variável para cada bem dependendo da renda de cada pessoa, o que tornaria o conceito inválido (pois não poderíamos considerar apenas a diferença de preço entre o que se paga e o que se aceita pagar, mas também as variações na renda).
Dito isso, vamos às alternativas!
A) Incorreta. A alternativa define o excedente individual. O excedente do consumidor agregado é calculado pela soma dos excedentes individuais de todos os consumidores.
B) Correta. Como vimos acima.
C) Incorreta. As externalidades são efeitos da ação de uma pessoa sobre terceiros. As externalidades de rede são externalidades aplicadas principalmente à área de infraestrutura, onde ao fornecer uma determinada infra, toda a comunidade se beneficia.
Por exemplo, quando alguém forneceu a infraestrutura de internet, permitiu com que fossem criados milhares de negócios (redes sociais, faculdades online, etc.). Ou seja, o fato de uma infraestrutura de rede existir (a internet) teve efeitos positivos para terceiros.
No caso do excedente do consumidor, o que é aplicável não é a externalidade de rede, mas sim a chamada "externalidade difusora" ou externalidade de difusão. Esta externalidade ocorre quando uma pessoa aumenta o consumo de um bem porque outras pessoas aumentaram o consumo sobre este mesmo bem.
Imagine que você goste muito de uma pessoa famosa e queira segui-la sempre. Se este famoso abrir uma conta em uma rede social nova, você provavelmente irá abrir uma conta nesta rede social também.
Este é um exemplo claro de externalidade difusora: o fato de uma pessoa ter consumido o bem (o famoso ter aberto a conta na rede social), fez com que você consumisse também (afinal, você abriu a conta na nova rede também).
A externalidade difusora pode ter efeitos positivos (quando aumenta o consumo da mercadoria e, portanto, do excedente) e negativos (quando diminui o consumo da mercadoria e o excedente do consumidor).
Portanto, dois erros nesta alternativa. O correto seria considerar tanto os efeitos positivos quanto negativos (i) da externalidade de difusão (ii).
D) Incorreta. Se aumenta o consumo, temos uma externalidade de difusão positiva.
E) Incorreta. Esta aqui não tem nada a ver com nada. A raridade de um bem pode influenciar no excedente de um consumidor que dê valor a bens raros (como a poder comer uma iguaria), mas há outras pessoas (como eu) que preferem bens mais comuns (tipo comer um hambúrguer!).
Ou seja, dependendo da pessoa, podemos ter uma relação direta ou indireta do excedente com a raridade do bem.
Gabarito do Professor: Letra B.