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ID
28486
Banca
CESGRANRIO
Órgão
DECEA
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I
E SE...não tivéssemos medo?

          Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
     do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
     acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
     terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5   seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
     não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
     como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
     quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
     acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
     involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
     raciocínio.
          Além desse medo primordial, existe o medo
     criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
     de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
     chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
     Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
     menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
     psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
     Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
     seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
     de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
          O medo é um conceito fundamental para Freud, o
     pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
     de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
     homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
     motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
     Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
     culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
     "Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
     francês Jean Delumeau, autor do livro História do
     Medo no Ocidente.
          "O medo se reproduz na forma da autoridade física
     e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
     mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
     barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
     eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
     alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
     superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
     medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
    
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).

"O medo acaba com a gente quando estamos vendo um filme de terror..." (l. 2-4) Assinale a opção em que, reescrevendo a passagem acima, o sentido se mantém.

Alternativas
Comentários
  • "Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço" "Se cair 7 vezes, levanta-te 8". "Sinta a dor da disciplina, para não sentir a do arrependimento." "Quando se tem uma meta, o que era obstáculo passa a ser uma das etapas do plano". "Quanto mais treino, mais sorte tenho"! "A vida míngua ou se agiganta de acordo com a coragem de cada um". "Hoje concurseira. Amanhã concursada! Rumo ao TRT"!
  • Seus comentários são ótimos, além do mais quando estamos desmotivados.
  • GABARITO: Letra C

     

    "O medo acaba com a gente QUANDO estamos vendo um filme de terror..."

    Reescritura → "Somos dominados pelo medo SEMPRE QUE assistimos a um filme de terror."

     

    As duas passagens possuem uma CONJUNÇÃO TEMPORAL.

    As conjunções temporais iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que [= desde que], etc. 

     

    Letras A e B → Usam conjunção proporcional [À medida que / Quanto mais ... (mais)]

    Letras D e E → Usam conjunção causal (Já que / Como)

  • c-

    A passagem original usa conjunção subordinada adverbial temporaral -> quando.  A opção correta é outra que tenha outra conjunção/locução conjuntiva que mantenha ideia de tempo -> sempre que;