SóProvas


ID
28657
Banca
CESGRANRIO
Órgão
Caixa
Ano
2008
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

          José de Arimatéia subiu a escada de pedra do
     alpendrão, e deu com Seu Tonho Inácio na cadeira de
     balanço, distraído em trançar o lacinho de seis pernas
     com palha de milho desfiada. A gente encontrava aquelas
5   trançazinhas por toda parte (...) - naqueles lugares onde
     o velho gostava de ficar, horas e horas, namorando a
     criação e fiscalizando a camaradagem no serviço. Com a
     chegada do dentista, Tonho Inácio voltou a si da avoação
     em que andava:
10        - Hã, é o senhor? Pois se assente ... Hum ... espera
     que a Dosolina quer lhe falar também. Vamos até lá
     dentro...
           E entrou pelo corredor do sobrado, acompanhado do
     rapaz.
15       Na sala - quase que sempre fechada, naturalmente
     por causa disso aquele sossego e o cheiro murcho de
     coisa velha - a mobília de palhinha, o sofá muito grande,
     a cadeirona de balanço igual à outra do alpendre. Retratos
     nas paredes: os homens, de testa curta e barbados, as
20  mulheres de coque enrolado e alto (...), a gola do vestido
     justa e abotoada no pescoço à feição de colarinho. Povo
     dos Inácios, dos Gusmões: famílias de Seu Tonho e Dona
     Dosolina. Morriam, mas os retratos ficavam para os filhos
     os mostrarem às visitas - contar como aqueles antigos
25  eram, as manias que cada qual devia ter, as proezas
     deles nos tempos das primeiras derrubadas no sertão da
     Mata dos Mineiros.
          De seus pais, José de Arimatéia nem saber o nome
     sabia.
30       Lembrava-se mas era só do Seu Joaquinzão Carapina,
     comprido e muito magro, sempre de ferramenta na mão
     - derrubando árvore, lavrando e serrando, aparelhando
     madeira. (...) E ele, José de Arimatéia, menininho de
     tudo ainda, mas já agarrado no serviço, a catar lascas e
35 serragem para cozinhar a panela de feijão e coar a água
     rala do café de rapadura, adjutorando no que podia.
     
    PALMÉRIO, Mário. Chapadão do Bugre. Rio de Janeiro: Editora Livraria
José Olímpio, 1966. (Adaptado)

Alguns trechos do texto, especialmente o primeiro parágrafo, permitem caracterizar Seu Tonho como

Alternativas
Comentários
  • Não entendi a resposta dessa questão. De qual trecho exatamente ele está falando para apotar a letra E como certa?
  • naqueles lugares onde o velho gostava de ficar, horas e horas, namorando acriação e fiscalizando a camaradagem no serviço. Esse trecho dá a entender que por ele estar fiscalização a camaradagem no serviço, isso faz dele um fazendeiro próspero.
  • Um item descritivo apenas, a questão da "fiscalização do serviço" por si mesmo não poderia provar a alternativa e, senão as evidências para a alternativa D, pois a velharia e lembrança do passado é muito mais notória. Questão mal formulada.
  • O primeiro parágrafo fala em (l. 7)"criação", daí podemos pensar em criação de algum tipo de animal e quem cria animal é fazendeiro. concluímos pelas respostas que a unica que se encaixa é a letra e).Abraço...
  • ...namorar a criação e fiscalizar a camaradagem do serviço dá a dica de ter alguma coisa, mas não de ser próspero. Em outro trecho: povo dos Inácios, dos Gusmões... pode indicar alguma notoriedade, porém, não há nada que mostre CLARAMENTE que se trata de um próspero fazendeiro, pode, sim, indicar um proprietário rural empobrecido.
  • Realmente não é questão das mais claras, mas pelos trechos "namorando a criação e fiscalizando a camaradagem no serviço." (l. 6-7) e "nos tempos das primeiras derrubadas no sertão da Mata dos Mineiros" (l. 26-27) podemos deduzir que: 
    a) ele possui uma criação;
    b) está numa posição de chefia (ou proprietário), pois está fiscalizando; e
    c) atividade ligada à campo, porcausa das derrubadas no sertão.
    Só não entendi o que justificaria a prosperidade, talvez a tranquilidade que demonstra.. O fato de estar "namorando" a criação, demonstra sua satisfação (?).
  • (linhas 1-2) "...subiu a escada de pedra do alpendrão..."
    Alpendre:
     1. Teto saliente, de uma só água, à entrada de um edifício. 2. Pátio coberto
    Conclui-se que era uma residência de grandes proporções, o que aponta para uma condição de prosperidade.
  • Questão dificilima, precisa de muitissima atenção para responder.
  • O cespe justamente conseguiu confundir bastantes candidatos com a palavra ''próspero" , pois a idéia que a maioria tem da palavra próspero vem da idéia de daquele que prospera, se desenvolve, progride ... 
    Sendo que também "próspero" significa aquele que tem êxito; bem-sucedido, afortunado... Ou ainda por extensão de sentido aquele que acumulou riquezas; rico, abastado. 
    Onde podemos observar pelo uso de adjetivos terminados em "ão" a escada de pedra do "alpendrão" , o sofá muito grande , E também quando se refere às famílias ... Povo dos Inácios, dos Gusmões tempos das primeiras derrubadas no sertão da Mata dos Mineiros ... 
    Pode se observar a partir dai que Seu Tonho era de fato um fazendeiro , além de indicar no trecho namorando a criação e fiscalizando a camaradagem no serviço.

    Portando resposta correta : Letra de efêmero --- > aquilo que é passageiro , que dura pouco ... 

    Os estudos são efêmeros , mas o cargo e o emprego são indeléveis ... rsrsrsrs
  • É só perceber quando o texto diz "namorando a criação" e "fiscalizando a camaradagem no serviço", "com a chegada do dentista..." Quem é pobre ou modesto não tem "criação" nem "fiscaliza a camaradagem no serviço", tampouco tem "dentista atendendo em se domicílio"...

    Percebendo isso fica simples de resolver a questão.
  •  Escada de pedra do alpendrão, palha de milho desfiada...  típico de fazenda!

  • Questão capciosa, o texto fala de um homem trançando palha desfiada, o que leva a crer que estava produzindo algo, artesanato talvez. Logo depois fala de namorar a criação, o que sugere que esteja namorando o resultado do trançar, sua criação. Em nenhum momento também fica claro que o dentista foi lá para tratá-lo. Também se fala de coisa velha, cheiro murcho. Fazendeiro tudo bem, mas próspero?! Pelo amor de deus, cesgranrio!

  • Que m e r d a de questão. Em que parte do texto diz que o Seu Tonho era um "próspero fazendeiro"???

  • Na minha opinião, a alternativa B estaria correta.