SóProvas


ID
2872171
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou:

— Repita o que você disse, Lóri.

— Não sei mais.

— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.

— Sim.

Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.

LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.


A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no

Alternativas
Comentários
  • "Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade."

    LETRA "C"

  • Autoconhecimento é a investigação de si mesmo.

    Analise filosófica é analisar e explicar os conceitos de um texto

  • Gab. C

    No trecho abaixo vemos claramente um processo de autoconhecimento da personagem:

    "E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade."

  • Para responder essa questão com facilidade, o candidato precisa conhecer sobre a obra da preciosa Clarisse Lispector cujo trabalho é pautado em personagens que têm uma epifania em um momento comum por meio de uma experiência cotidiana.

  • Uma coisa você pode ter certeza!! é muito complexo as questões que envolvem textos da Clarice Lispector.

  • para mim a letra D faz mais sentido mas ok ner
  • O último paragrafo inteiro remete ao autoconhecimento da personagem, o que é bastante comum nas obras da Clarice, pois, a partir de um tema cotidiano, ela descreve o psicólogo dos personagens (literatura intimista)

  • Odeio essa altura.

  • Nas obras da Clarice ela implementa, a partir de situações diárias, uma introspecção dos personagens.

    C

  • Ler os livros da Clarisse ajuda muito nesse tipo de questão que envolve as escritas dela