SóProvas


ID
2872177
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Muitos trabalhos recentes de arte digital não consistem mais em objetos puros e simples, que se devem admirar ou analisar, mas em campos de possibilidades, programas geradores de experiências estéticas potenciais. Se já era difícil decidir sobre a paternidade de um produto da cultura técnica, visto que ela oscilava entre a máquina e os vários sujeitos que a manipulam, a tarefa agora torna-se ainda mais complexa.

Se quisermos complicar ainda mais o esquema da criação nos objetos artísticos produzidos com meios tecnológicos, poderíamos incluir também aquele que está na ponta final do processo e que foi conhecido pelos nomes (hoje inteiramente inapropriados) de espectadores, ouvintes ou leitores: numa palavra, os receptores de produtos culturais.

MACHADO, A. Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo: Edusp, 1993 (adaptado).


O autor demonstra a crise que os meios digitais trazem para questões tradicionais da criação artística, particularmente, para a autoria. Essa crise acontece porque, atualmente, além de clicar e navegar, o público

Alternativas
Comentários
  • Pergunta que explora a extrapolação. Ler as alternativas e perguntar "isso realmente está no texto?" Ajuda a achar as alternativas que extrapolam (vão além de) o limite do texto.

    Os "receptores de produtos culturais: anulam a proposta? Não. Assumem a criação? Não. Impedem a atribuição de autoria?

    A alternativa que mais se aproxima é aquele que sugere que eles interferem no processo criativo, são mais um fator no processo. Nem mais, nem menos!

  • Na interpretação desse texto é necessário ser objetivo. Só no segundo paragrafo que o texto vai se comunicar a pergunta, onde teremos "complicar ainda mais o esquema da criação nos objetos artísticos" associado ao trecho da pergunta "crise que os meios digitais trazem para questões tradicionais da criação artística". Seguindo a leitura do segundo parágrafo, temos que o ápice da crise artística ocorre por meio dos que estão "na ponta final do processo", os "espectadores" que antes apenas admiravam e analisavam a técnica e agora passam a interferir na leitura da obra. O produto final, neste caso, é a leitura que os "receptores" fazem da arte. Saímos do mundo material e partimos para o campo das ideias. Com esta análise é indiscutível a proposta da letra D), pois ela aponta para um público, interlocutor pensante, que contribui para a forma e sentido da obra.

  • Essas questões de linguagem vinheram com o diabo nelas.

  • o texto não diz claramente que o público anula ou altera a essência do autor, mas dá uma ideia de interferência em seu trabalho
  • Se quisermos complicar ainda mais o esquema da criação nos objetos artísticos produzidos com meios tecnológicos, poderíamos incluir também aquele que está na ponta final do processo e que foi conhecido pelos nomes (hoje inteiramente inapropriados) de espectadores...

    Esse trecho deixa claro que o público esta no processo final de criação,ou seja,faz parte

  • Dica: a maior parte das questões facilita se fizer por eliminação!

  • Questão escorregadia. A meu ver, não é pura e simplesmente uma questão de interpretação do texto.

    Primeiramente, é necessário ressaltar que o texto fala de arte digital. Logo, exclui-se da análise a arte produzida a partir de suportes "tradicionais": pinturas em tela, esculturas etc.

    Ok.

    Por que a questão da autoria nesse tipo de arte é problemática? Porque o internauta interage com a obra, a modifica, abre um "campo de possibilidades". É só pensar na questão dos memes: uma fotografia tirada por alguém (como a da menina olhando o incêndio da casa) pode se ressignificar a partir da criação de um meme. De quem é a autoria do meme? Do fotógrafo ou de quem manipulou a fotografia digitalmente? É essa a questão que o autor aborda.

    Gabarito : (D)

    A princípio, fiquei reticente em marcar (D). "Interferir" me pareceu ter uma conotação negativa, o que não é o caso. Mas aí me lembrei do assunto de ondas, em física, no qual a interferência pode ser destrutiva ou construtiva. Eis a prova de que o conhecimento é interdisciplinar :)

  • Concordo com todos os colegas. Acrescento a informação textual que me ajudou a acertar e que pode ajudar quem ainda não conseguiu captar a estratégia do texto: Veja

    Arte digital não consistem mais em objetos puros e simples, que se devem admirar ou analisar, mas em campos de possibilidades, programas geradores de experiências estéticas potenciais

    Posso estar errado, mas esse trecho abre a possibilidade de alterações da arte por meio de inúmeras edições que podem ser intermináveis, apagando, assim, a identificação exata da autoria, a primeira autoria. Essa é a crise específica da Arte Digital, como disse a colega abaixo.

    Assim, a melhor alternativa é aquela que fala de INTERFERÊNCIA.

    Prossigamos avante !