SóProvas


ID
2875096
Banca
VUNESP
Órgão
UFTM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                           ‘Me corrige’, pede o pronome


             Uma das principais marcas do português brasileiro

                          permanece alijada da escrita


      Me parece cada vez mais claro que o pronome átono em início de frase, como o que acabo de cometer, será o último dos últimos tabus normativos a ser quebrado pelo inexorável abrasileiramento da língua que se entende e se pratica como nossa norma culta.

      É claro que me refiro à língua escrita. Sabe-se que, falando, a maior parte dos brasileiros iniciaria assim esta frase: “Se sabe que...”. Isso inclui pessoas de alta escolaridade e não exclui situações em que a comunicação prevê certa cerimônia.

      No livro “Oficina de Texto”, um guia de redação sensatamente equilibrado entre tradição e modernidade, o linguista Carlos Alberto Faraco e o romancista Cristovão Tezza, colunista da Folha, escrevem o seguinte: “Resta praticamente uma única regra universal na colocação de pronomes da língua-padrão escrita: jamais comece uma sentença com pronome átono”.

      Logo em seguida reconhecem que talvez esse não seja bem o único mandamento restante. Para poupar dor de cabeça com revisores e corretores de provas, dizem, vale a pena seguir também a regra “bastante duvidosa” das tais palavras atrativas, como “que”, “quando” e “não”, que sempre puxariam o pronome átono para junto de si.

      No mais, Faraco e Tezza dão ao leitor a bússola de colocação pronominal que julgo definitiva: “Prefira a forma que soar melhor”. Se você é brasileiro, isso exclui quase certamente a mesóclise, além de limitar a lusitana ênclise. Nossa inclinação é naturalmente proclítica.

      O gramático Manuel Said Ali (1861-1953) foi um pioneiro defensor da colocação de pronomes à moda da casa, contra o lusocentrismo dominante em sua época e ainda hoje presente na gramática normativa.

      Argumentava que “a pronúncia brasileira diversifica da lusitana; daí resulta que a colocação pronominal em nosso falar espontâneo não coincide perfeitamente com a do falar dos portugueses”.

      Tudo isso é lindo, mas convém ter sempre em mente o último tabu. Me faça o favor de contrariar sua fala e escrever “Faça-me o favor”, a menos que queira marcar uma posição. Se prepare, nesse caso, para as consequências.

(Sérgio Rodrigues, “‘Me corrige’, pede o pronome”. Em: Folha de S.Paulo, 02.08.2018. Adaptado)

Ao analisar a questão de colocação pronominal, o autor deixa claro que

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: B.


    Acertei, mas fiquei em dúvida entre a B e a A. Alguém poderia me dizer por que não poderia ser a alternativa A?

  • Também fiquei na dúvida entre a A e a B.

  • Acredito que o motivo da A estar incorreta é o simples fato do autor não afirmá-la ao longo do texto. Brasil e Portugal seguem as mesmas regras no caso dos pronomes? Qual trecho afirma isso?

    Não sei se fui feliz na minha explicação, mas o que eu entendi foi isso. Diferentemente do que acontece com a afirmativa B, sobre a qual existem trechos que embasam seu conteúdo.

  • Gabarito B.

    Argumentava que “a pronúncia brasileira diversifica da lusitana; daí resulta que a colocação pronominal em nosso falar espontâneo não coincide perfeitamente com a do falar dos portugueses”.

    Entendimento: Não tive dúvida quanto a alternativa, visto que o autor foi categórico ao dizer "que a pronuncia dos portugueses diversifica/não coincide" com a dos lusitanos.

    Dicionário:

    diversificar

    verbo

    transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo

    tornar ou ficar diverso, diferente, variado; variar ou fazer variar."o agricultor deve d. as culturas"

    lusitano

    adjetivo substantivo masculino

    relativo à Lusitânia, região da Hispânia, ou quem é seu natural ou habitante.

    Por extensão

    segundo a tradição, relativo a Portugal ou o que é seu natural ou habitante.

  • Exclui-se a A) por conta desse trecho: "Se você é brasileiro, isso exclui quase certamente a mesóclise, além de limitar a lusitana ênclise. Nossa inclinação é naturalmente proclítica."

    Aqui, o autor deixa claro que as tendências sobre uso de pronomes são diferentes entre Brasil e Portugal...não há como concordar com a assertiva que diz "seguem as mesmas regras no caso dos pronomes"....isso não acontece.

  • FAÇA-ME O FAVOR (PORTUGAL)

    ME FAÇA O FAVOR (BRASIL)

  • Achei que essa questão deveria ter sido anulada, pois tanto a letra A, quanto a letra B trás extrapolação do texto.

  • Gente, vamos pensar no nosso cotidiano. Quem fala "Eu preparo-me para concursos"?

    A maioria usa Eu me preparo para concursos. Brasileiro fala assim: pronome antes do verbo.

  • A galera ta dizendo que a questão deveria ter sido anulada por conta da alternativa A, eis a explicação do porquê dela estar errada:

    Principais erros dos julgamentos de assertivas:

    Extrapolar:

    O texto vai até um limite e o examinador oferece uma assertiva que “vai além” desse

    limite. O examinador inventa aspectos que não estão contidos no texto e o candidato,

    por não ter entendido bem o texto, preenche essas lacunas com a imaginação, fazendo

    outras associações, à margem do texto, estimulado pela assertiva errada.

    A alternativa A extrapola as possibilidades dada pelo texto. Vou deixar a baixo o resto dos julgamentos precipitados segundo o professor Felipe Luccas:

    Limitar e Restringir:

    É o contrário da extrapolação. Supressão de informação essencial para o texto. A

    assertiva reducionista omite parte do que foi dito ou restringe o fato discutido a um

    universo menor de possibilidades.

    Acrescentar opinião:

    O examinador parafraseia parte do texto, mas acrescenta um pouco da sua própria

    opinião, opinião esta que não foi externada pelo autor. A armadilha dessas afirmativas

    está em embutir uma opinião que não está no texto, mas está na consciência coletiva,

    por ser um clichê ou senso comum que o candidato possa compartilhar.

    Contradizer o texto.

    O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”.

    Para disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma

    paráfrase muito semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar

    inverso ao do texto.

    Tangenciar o tema.

    O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala de

    outro assunto, remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas podem

    até ser afins, mas no texto não se falou do segundo, só do primeiro; então houve fuga

    ou tangenciamento ao tema.

  •  Argumentava que “a pronúncia brasileira diversifica da lusitana; daí resulta que a colocação pronominal em nosso falar espontâneo não coincide perfeitamente com a do falar dos portugueses”.

    Gab: B

  • a) Brasil e Portugal, apesar das diferenças de usos, SEGUEM as mesmas regras no caso dos pronomes.

    Será que o erro da alternativa A está no fato de o Brasil NÃO seguir as regras, embora elas existam?

    Sei lá...essa VUNESP tá cada vez mais difícil!

  • ConcurSando, no seu exemplo, pode-se usar o pronome antes ou depois do verbo. Tanto faz.

  • Na prova errei essa questão, coloquei alternativa A.

    Entendi que a regra Gramatical é a mesma, apesar do uso ser diferente e por isso ela estaria correta.

  • EU FIZ ESSA PROVA.

    Alguém tirou 100 na prova e teve que entrar com Mandado de Segurança para garantir o cargo? Eu fiz a prova e peguei nota 86. Mas eu vi que os 10 primeiros colocados tiraram 100 na prova e não foram nomeados.

    documento.vunesp.com.br/documento/stream/OTQ2MDk2

    documento.vunesp.com.br/documento/stream/OTI4ODQx

    É assim mesmo? Fazem a prova e não nomeiam os aprovado dentro da vaga? Uberaba = 10 vagas.

    Se alguém quiser me enviar mensagem para saber o que acontecer... então não vale a pena estudar para esses cargos porque eles não nomeiam mesmo que você fique dentro das vagas...