SóProvas


ID
2884201
Banca
IDECAN
Órgão
CRF-SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

            Por que é que morreram tantos remédios? Por que é que os remédios morrem? Tal é o problema. Não basta expô-lo; força é achar-lhe solução. Há de haver uma razão que explique tamanha ruína. Não se pode compreender que drogas eficazes no princípio de um século sejam inúteis ou insuficientes no fim dele. Tendo meditado sobre este ponto algumas horas longas, creio haver achado a solução necessária.

            Esta solução é de ordem metafísica. A natureza, interessada na conservação da espécie humana, inspira a composição dos remédios, conforme a graduação patológica dos tempos. Já alguém disse, com grande sagacidade, que não há doenças, mas doentes. Isto que se diz dos indivíduos, cabe igualmente aos tempos, e a moléstia de um vi não é exatamente a de outro. Há modificações lentas, sucessivas, por modo que, ao cabo de um século, já a droga que a curou não cura; é preciso outra. Não me digam que, se isto é assim, a observação basta para dar a sucessão dos remédios. Em primeiro lugar, não é a observação que produz todas as modificações terapêuticas; muitas destas são de pura sugestão. Em segundo lugar, a observação, em substância, não é mais que uma sugestão refletida da natureza. 

(Machado de Assis. Disponível em: http://www.cronicas.uerj.br/home/cronicas/machado/rio_de_janeiro/ano1893/19nov1893.html. Fragmento.)

O verbo haver possui inúmeras acepções, a forma apresentada na locução “Há de haver uma razão que explique tamanha ruína.” (1º§) está de acordo com a exigência linguística da norma culta da língua assim como em:

Alternativas
Comentários
  • A forma conjugada houveram tem uma utilização muito reduzida, estando apenas correta a conjugação do verbo haver em todas as pessoas quando o verbo haver se apresenta como verbo auxiliar, com sentido equivalente ao verbo ter:

    eles tiveram; eles houveram.

    Verbo haver - Pretérito perfeito do indicativo:

    (Eu) houve

    (Tu) houveste

    (Ele) houve

    (Nós) houvemos

    (Vós) houvestes

    (Eles) houveram

    Exemplos com houve e houveram Semana passada, ele houve de ir conversar com o diretor sobre suas novas funções. Semana passada, eles houveram de ir conversar com o diretor sobre suas novas funções. Houve de acontecer essa situação para que você me desse valor. Houveram de acontecer essas situações para que você me desse valor.

    Fonte: https://duvidas.dicio.com.br/houve-ou-houveram/

  • O verbo “haver” é muito explorado pelas bancas em sua impessoalidade. No entanto, aqui houve um desvio a essa tendência. Note que o referido verbo está em sua forma pronominal (haver-se), cujo sentido é o de “sair-se”, de modo que a flexão no plural é legítima:

    “Os participantes não se houveram bem no evento.”

    “Os participantes não se saíram bem no evento.”

    Letra B

  • Haver como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”, “considerar”, “lidar”, ainda que esses usos sejam menos recorrentes:

    Houveram (= “obter”)  do juiz a comutação da pena (sujeito: “comutação da pena”).

    Nós havemos (= “considerar”) por honesto. (sujeito: “nós”)

    Os alunos houveram-se (= “lidar”) muito bem nos exames. (sujeito: “os alunos”)

  • A forma conjugada houveram tem uma utilização muito reduzida, estando apenas correta a conjugação do verbo haver em todas as pessoas quando o verbo haver se apresenta como verbo auxiliar, com sentido equivalente ao verbo ter:

    https://duvidas.dicio.com.br/houve-ou-houveram/

    Neste caso, o sentido de “haver” é “saiu”.

    “Os participantes não se houveram bem no evento.”

    “Os participantes não se saíram bem no evento.”

    Obs: Só não achei fonte para a última análise.

    Contudo, geralmente as bancas cobram o verbo “haver” é em sua impessoalidade.

  • Qual o erro da D)???

  • Gostaria de saber qual é o erro da D, também!!!