SóProvas


ID
2890336
Banca
IDHTEC
Órgão
CRQ - 19ª Região (PB)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A moça em prantos

        O poeta encontrou uma pedra no meio do caminho, nunca esqueceu dessa pedra, que lhe deu assunto para o seu poema mais conhecido. Não sendo poeta, encontrei não uma, mas infinitas pedras no meio do caminho. 

        Mas jamais esqueci a primeira moça que vi chorando. Eu devia ter seis ou sete anos, achava que só as crianças podiam e deviam chorar, tinham motivos bastante para isso, desde as fraldas molhadas nos primeiros meses de existência até a inexpugnável barreira dos “não pode”.

        Mesmo assim fiquei imaginando a causa do seu pranto. Faltara à escola e por isso ficara sem sobremesa? Fora proibida de brincar na calçada? Queria ganhar uma bicicleta e fora convencida a continuar com o insípido velocípede?

        Vi muita gente chorando depois, homens feitos, mulheres maduras. Eu mesmo, quando levo meus trancos, repito o menino que ia para debaixo da mesa de jantar para poder chorar sem passar recibo da minha dor. A moça que chorava não se escondera, chorava de mansinho, na verdade nem parecia estar chorando. Devia apenas estar muito triste porque misturava todos os motivos para a sua tristeza.

Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 04/05/2003)

No primeiro parágrafo, o autor emprega uma função da linguagem para introduzir a narrativa. Qual delas?

Alternativas
Comentários
  • Alguém explica??

    Ao meu ver:

    Emotiva >>>> Poética >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Metalinguística

  • Metalinguística - o poeta falando sobre a poesia.

     "O poeta encontrou uma pedra, que lhe deu assunto para o seu poema"

  • Gabarito A

    1) Função emotiva: evidência à primeira pessoa (enunciador).   Eu amo, eu sofro, eu perco, eu ganho. Minha vida em torno de mim, dentro de mim, fora de mim.

     

    2) Função conativa (apelativa): evidência à segunda pessoa (enunciatário). Os comerciais são belíssimos exemplos dessa função, uma vez que sua natureza é convencer ou persuadir o destinatário. É comum o emprego de formas imperativas.  Compre já! Venha para a Caixa você também!

     

    3) Função fática: evidência ao canal de comunicação. Revela preocupação com se o canal está bem estabelecido.

    Alô! Você está me ouvindo? A Função Fática privilegia a interação entre emissor e receptor das mensagens, ou seja, locutor e interlocutor. Ela é utilizada na abertura ou estabelecimento da comunicação e também na sua interrupção.

    Essa função da linguagem está presente principalmente nos cumprimentos, nas despedidas e nos diálogos em geral (conversas telefônicas, por exemplo).

     Características:

    Interação entre as pessoas do discurso.

    Testar o canal de comunicação.

     

     

    4) Função referencial ou denotativa: evidência ao contexto situacional (referencial). O melhor exemplo é a notícia de jornal.

     

    5) Função poética: evidência à construção do texto, apelo a figuras, versos... O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais e expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico. Embora seja própria da obra literária, a função poética não é exclusiva da poesia nem da literatura em geral, pois se encontra com frequência nas expressões cotidianas de valor metafórico e na publicidade. O soneto é um belo exemplo.

     

    6) Função metalinguística: evidência ao código. Se um texto fala do próprio texto, já temos metalinguagem. O melhor exemplo é o dicionário, pois ali encontramos palavras reunidas para explicar o significado das próprias palavras. É a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto.

    fonte: minhas anotações.

  • Alguém pode me explicar porque é função metalinguística? Pois, até então o primeiro paragrafo, fala sobre o Poeta e não do Poema em si...

  • Paulo Riot, o primeiro paragráfo se refere ao poema "No Meio do Caminho" que é uma das obras-primas de autoria do escritor Carlos Drummond de Andrade.

  • A função metalinguística aparece em textos que têm como foco ou como tema o próprio código, ou seja, a linguagem "fala" da própria linguagem.