Questão 2896075

• Banca: IF-MS
• Órgão: IF-MS
• Ano: 2019
• Provas: IF-MS - 2019 - IF-MS - Médico / Psiquiatra
• Disciplina: Psiquiatria
• Assuntos: Psicoterapia

                                       CASO CLÍNICO

Você recebeu para avaliação um jovem de 19 anos, que durante o serviço militar obrigatório passou a apresentar um comportamento paranoide, com presença de delírios persecutórios francos, dizendo que haveria câmeras nas lâmpadas de luz de sua casa e que o Brasil poderia ser invadido a qualquer momento. Disse, na consulta, que escreveu cartas ao Presidente da República, manifestando o perigo que isso representa e que tem dormido poucas horas por noite, fatos confirmados pela família, que apresenta a você o que o paciente escreveu. A família relata que seu comportamento passou a ficar “excêntrico” e que gesticulava muito, como se fizesse discursos, com solilóquios, por muitas vezes irritado. O paciente argumenta que Deus o designou chefe da operação militar contra a suposta invasão.

A família insistiu que o paciente usava drogas, mas o resultado do exame toxicológico de urina realizado 3 vezes nos últimos 2 meses foi negativo para as principais drogas, incluindo maconha e cocaína.

Os sintomas persistiram por vários meses e sua indicação terapêutica foi iniciar com o uso de clozapina, gradativamente, até a dose de 200 mg/dia, com a qual atingiu remissão dos sintomas.

Entre os antipsicóticos disponíveis atualmente, existe a divisão comum em agentes “típicos” (“clássicos” ou de “1ª geração”) e “atípicos” (ou de “2ª geração”). Esses últimos incluem fármacos como a clozapina, que foi o agente antipsicótico escolhido na terapêutica do paciente do caso clínico anterior. Com relação à ação dos antipsicóticos e implicações dos seus usos, assinale a alternativa CORRETA:

• A. Os antipsicóticos atípicos são praticamente desprovidos de afinidade por receptores além dos dopaminérgicos do tipo D₂, justificando a menor ocorrência de efeitos indesejados quando comparados aos agentes típicos.
• B. A via tuberoinfundibular permite o controle inibitório da liberação de prolactina pela ação da dopamina em receptores dopaminérgicos do tipo D1 presentes na hipófise. O risco de hiperprolactinemia, ginecomastia e galactorreia é maior com o uso de antipsocóticos típicos, que apresentam maior afinidade por esses receptores que os antipsicóticos atípicos.
• C. A ocorrência de efeitos extrapiramidais e parkinsonismo farmacológico é mais frequente com o uso de agentes típicos, como o haloperidol. Nessas situações, esse efeito indesejado pode ser minimizado pelo ajuste de dose do antipsicótico ou utilização de um agente antiparkinsoniano como adjuvante de tratamento.
• D. A razão de antagonismo de receptores serotoninérgicos e dopaminérgicos contribui para a menor incidência de efeitos extrapiramidais causados por agentes atípicos, que apresentam afinidade maior por receptores de serotonina do tipo 5HT₂ que por receptores dopaminérgicos do tipo D₂.
• E. A potência terapêutica de agentes antipsicóticos é maior quanto maior for a afinidade para receptores dopaminérgicos do tipo D₁.

Gabarito: D

Comentários

• A alternativa C também não estaria correta?

• Sobre a alternativa (c) Creio que o ideal seria mudar para um atípico (abrange os sintomas positivos e negativos, com menor efeito extrapiramidal).Meu raciocínio foi o seguinte: quanto menor o número de medicamentos para o paciente, melhor. Evitando a cascata iatrogênica.

• Qual é o erro dessa letra C, senhor Deus???? vamos dizer que a letra D esta "menos errada" kkkkk

• Pessoal, onde vocês aprenderam que antiparkinonianos são adjuvantes na farmacoterapia da esquizofrenia? Eles são somente para tratar o parkinsonismo agudo pelo menos até que seja encontrado o antipsicótico adequado. Essa prática que a psiquiatria selvagem tem de manter prometazina e Biperideno contínuos é um dos maiores erros que a psiquiatria ainda hoje comete. Exposição a essas medicações cronicamente não só piora o declínio cognitivo, como aumenta o risco de desenvolvimento de discinesia tardia!

  O item dado como correto, porém, está errado também. Atípicos não tem afinidade maior ppr 5ht2 que D2. O que diferencia entre um atípico e outro é a PROPORÇÃO de ação entre esses receptores, e não como exposto pela banca.

• Quase que marquei a B, mas fui na D por ter mais certeza que estaria correta. O erro da letra B é bem sútil, o que está incorreto é apenas o receptor, que é o antagonismo de D2 e não de D1 como afirma a alternativa.

  A dopamina, liberada na eminência mediana por neurônios da via tuberoipofisária, atua fisologicamente em receptores D2 para inibir a secreção de prolactina. Bloqueando os receptores D2 pelos fármacos antipsicóticos pode, portando, aumentar a concentração plasmática de prolactina. Cap 46 de fármacos antipsicóticos, Rang e Dale.

  Sobre a C, o correto seria a utilização de um antagonista muscarínico, tal como a benztropina visto que o bloqueio dos receptores D2 através de um agentes antipsicótico, resulta em uma liberação aumentada de acetilcolina nos receptores muscarínicos, produzindo, dessa forma, o efeitos extrapiramidais.

  Questão muito boa!