SóProvas


ID
2907445
Banca
FCC
Órgão
Prefeitura de Recife - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                Quem não gosta de samba


      “Como se dá que ritmos e melodias, embora tão somente sons, se assemelhem a estados da alma?”, pergunta Aristóteles. Há pessoas que não suportam a música; mas há também uma venerável linhagem de moralistas que não suporta a ideia do que a música é capaz de suscitar nos ouvintes. Platão condenou certas escalas e ritmos musicais e propôs que fossem banidos da cidade ideal. Santo Agostinho confessou-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”. Calvino alerta os fiéis contra os perigos do caos, volúpia e emefinação que ela provoca. Descartes temia que a música pudesse superexcitar a imaginação.

      O que todo esse medo da música - ou de certos tipos de música - sugere? O vigor e o tom dos ataques traem o melindre. Eles revelam não só aquilo que afirmam - a crença num suposto perigo moral da música -, mas também o que deixam transparecer. O pavor pressupõe uma viva percepção da ameaça. Será exagero, portanto, detectar nesses ataques um índice da especial força da sensualidade justamente naqueles que tanto se empenharam em preveni-la e erradicá-la nos outros?

      O que mais violentamente repudiamos está em nós mesmos. Por vias oblíquas ou com plena ciência do fato, nossos respeitáveis moralistas sabiam muito bem do que estavam falando.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 23-24)

O que une as posições que uma venerável linhagem de moralistas manifestou é, segundo as convicções do autor do texto,

Alternativas
Comentários
  • Gab D

    o repúdio ao que há justamente de prazeroso e encantatório na música, o que revela que também eles são sensíveis aos efeitos dessa arte.

    Trecho do texto a qual se refere a questão.

    Santo Agostinho confessou-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”. Calvino alerta os fiéis contra os perigos do caos, volúpia e emefinação que ela provoca. Descartes temia que a música pudesse superexcitar a imaginação.

  • gab = Letra D

    o repúdio ao que há justamente de prazeroso e encantatório na música, o que revela que também eles são sensíveis aos efeitos dessa arte.

    Santo Agostinho confessou-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”. 

  • o que significa "emefinação"?

    não encontrei em canto nenhum.

  • Alternativa "a" – Não são todos que demonstram aversão. Ocorreu extrapolação textual ao usar o pronome indefinido.

    Alternativa "b" – Seria a capacidade, não a incapacidade. Mais: não são todos que se sentem tocados pelos elementos musicais.

    Alternativa "c" – As responsabilidades profissionais não são mencionadas.

    Alternativa "d" – Ideias mencionadas no primeiro parágrafo: Santo Agostinho confessou-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”. Descartes temia que a música pudesse superexcitar a imaginação.

    Alternativa "e" – Não são mencionados o ócio e a improdutividade, logo não há críticas.

    Resposta: D

    Fonte: https://dudaprof.blogspot.com/2018/06/treino-fcc-trt-2-e-trt-15.html

  • LETRA D

    Acertei a questão por interpretação das alternativas, mas até agora não entendi o que o enunciado quis dizer.

    Como diria o poeta, nunca nem vi.

  • Letra A - ERRADA – A aversão manifestada não é pelo poder democrático embutido na música, mas sim pelas sensações contrárias a um moralismo que ela é capaz de despertar até mesmo nesses críticos.

    Letra B – ERRADA – Os críticos não se mostram incapazes de se sentir tocados pela música, segundo o autor do texto. Na verdade, é pelo fato de eles se sentirem tocados que reagem de forma adversa.

    Letra C – ERRADA – Trata-se de uma extrapolação textual. Em nenhum momento se faz menção à distração de responsabilidades profissionais. O que se alega é que a música é capaz de despertar nas pessoas sentimentos que vão de encontro a um moralismo.

    Letra D – CERTA – Exato! Segundo o autor, os críticos que repudiam os efeitos contrários à moral presentes na música se mostram vulneráveis. Como resposta, adotam o ataque e o repúdio.

    Letra E – ERRADA – Trata-se novamente de uma extrapolação. Em nenhum momento se faz menção aos efeitos de ócio e improdutividade decorrentes da música.

    Resposta: D