SóProvas


ID
2910712
Banca
FCC
Órgão
Prefeitura de Recife - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Jurar ou planejar


            Num de seus contos provocadores, Machado de Assis põe em cena um casal de apaixonados que faz um juramento de amor, por conta de uma longa separação que devem cumprir. A jura é quebrada pela moça, que se apaixona por outro, e o narrador faz ver que ela está “muito próxima da Natureza”, ou seja, que ela atende aos movimentos mais naturais da vida.

            Jurar é desafiar o tempo, o destino, o futuro; é afirmar que nada pode ser maior que nosso desejo de agir conforme juramos. Um juramento expõe a beleza da vontade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra mostra também nossos limites. 

            Dirão os mais racionalistas: não jure, planeje. Diante do futuro, levante hipóteses de trabalho e as analise, não tome nenhuma como definitiva. Mas o homem insiste em sonhar para além do que é planejável, e o que dá certo nos bons planejamentos acaba tornando-o ainda mais convicto de que sua vontade é tudo, sendo mesmo capaz de jurar por isso.


(Joaquim de Assis Villares, inédito)

Um juramento expõe a beleza da vontade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra mostra também nossos limites.


Numa nova e igualmente correta redação da frase acima, iniciada agora pelo segmento A quebra de um juramento mostra nossos limites, pode-se seguir esta coerente complementação:

Alternativas
Comentários
  • Alternativa "a"

    Pois é uma conjunção subordinativa concessiva :

    São as conjunções que indicam uma oração em que se admite um fato contrário à ação principal, mas incapaz de impedi-la:

    ex: Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que , apesar de que, nem que, que.

    site: https://www.todamateria.com.br/conjuncoes-subordinativas/

  • Trecho original: "Um juramento expõe a beleza da vontade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra mostra também nossos limites."

    Comentário:

    Temos que entender o sentido da frase, depois sim procurar qual conjunção se reflete à ideia exposta no trecho.

    Observe que o juramento expõe 2 coisas:

    1) A beleza da vontade humana; e

    2) Nossos limites.

    Ok, Agora observa a alternativa A:

    "A quebra de um juramento mostra nossos limites, embora não deixe de expor a beleza que está em afirmarmos nossa vontade."

    -> Observe que o sentido concessivo não reflete uma oposição categórica, mas sim uma oposição que não, necessariamente, deixa de ocorrer.

    Com isso, observa-se que o gabarito é a alternativa A.

    --

    GABARITO, PORTANTO: LETRA A.

  • Corroborando!

    Tenha em mente também que a adversidade é “prima” da concessão, ambas tem valor de contraste, oposição. A concessão é uma adversidade que não impede um resultado de se realizar.

    Em muitas questões, vão ser pedidas reescrituras em que uma concessão será substituída por uma adversidade e vice-versa, com as devidas adaptações, já que conjunções concessivas levam o verbo para o subjuntivo: embora/caso eu possa...

    Então, segue uma dica para interpretação:

    Em uma frase que conste uma conjunção adversativa, a informação mais importante é a que vem após a conjunção.

    Ex: Ela grita do nada, mas é gente boa. (Ser gente boa é mais importante do que ela gritar do nada.)

    Seria totalmente diferente de dizer: “Ela é gente boa, mas grita do nada”, pois, nesse segundo caso, o foco estaria no fato de gritar.

    Para escrever essa sentença na forma concessiva equivalente, o foco teria que estar na outra oração, não na concessiva:

    Embora seja gente boa, grita do nada!

    ✓ Portanto, após a conjunção adversativa é que de fato vem a opinião relevante do falante.

    Veremos, adiante, que a conjunção adversativa constitui um operador argumentativo forte, enquanto a concessiva é um operador argumentativo fraco.

    Fonte: Prof. Felipe Luccas

  • Fcc tem muito amor pelas conjunções concessivas! Hoje eu acertei. Sigo com fé.

  • Mais alguém saturado de ler mensagens motivacionais por aqui?

  • Correção profª Flavia Rita. https://www.youtube.com/watch?v=97SrSFP1t_g

  • Adversativasligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante.

    Concessivasintroduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc.

  • É questionável a presente questão, visto que, na verdade, é a quebra de juramento que expõe nossos limites, e não o ato de jurar. Na alternativa "A", a mim parece que é a própria quebra do juramento o motivo a ensejar a exposição da beleza de nossa vontade, o que foge da frase mencionada no enunciado, segundo a qual é o próprio juramento - e não sua quebra - que enseja a exposição da beleza de nossa vontade.

  • Sobre a C) Não existe "À medida EM que"

    Apenas temos:

    Na medida em que = Causal

    À medida que = Proporcional. 

  • No trecho original, empregou-se a conjunção adversativa “mas”. Esta é responsável por enfatizar a informação por ela introduzida – sua quebra mostra também nossos limites – e, consequentemente, relativizar a informação anterior – um juramento expõe a beleza...

             

    Ora, uma forma de reescrever essa frase, mantendo seu sentido original, consiste em empregar a conjunção concessiva para introduzir aquela informação relativizada, amenizada.

    Tomando um exemplo mais simples, dizer “Ele é um bom aluno, mas é preguiçoso” equivale a “Embora preguiçoso, ele é um bom aluno.”.

    Isso posto, a opção que satisfaz é a letra A, ao empregar a conjunção subordinativa concessiva “Embora”.