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I. Mais que conhecer e dominar tipos e métodos de avaliação ou diferenciar análise e avaliação, é necessário compreender seu papel no Estado Democrático de Direito.
II. A avaliação possui dimensão estritamente técnica, por isso não cabe referência ou preocupação quanto à universalização ou não de direitos.
III. As abordagens da literatura especializada sobre metodologias avaliativas padecem de uma preocupação essencialmente tecnicista e gerencialista, pois enfatizam métodos e técnicas e carecem de análises qualitativas, dedicadas ao conteúdo e significado da política e/ou programa avaliado.
IV. A expansão da utilização de modelos e métodos de avaliação no Brasil e na América Latina não teve influência da ótica gerencialista. Além disso, os processos de fragmentação e tipificação das políticas não contribuíram para as contrarreformas do Estado.
V. As concepções de Estado e de política social não são relevantes para a realização da avaliação de políticas, programas ou projetos sociais.
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Segundo Ivanete Boschetti:
I ) A avaliação de uma política social pressupõe inseri-la na totalidade e dinamicidade da realidade. Mais que conhecer e dominar tipos e métodos de avaliação ou diferenciar análise e avaliação, é fundamental reconhecer que as políticas sociais têm um papel imprescindível na consolidação do Estado democrático de direito e que, para exercer essa função, como seu objetivo primeiro, devem ser entendidas e avaliadas como um conjunto de programas, projetos e ações que devem universalizar direitos. Para tanto, toda e qualquer avaliação de políticas sociais (ou de programas e projetos) deve se sobrepor à mera composição de técnicas e instrumentos, e se situar no âmbito da identificação da concepção de Estado e de política social que determina seu resultado.
III ) Não queremos aqui reproduzir essas abordagens, já fartamente debatidas na literatura especializada sobre metodologias avaliativas. Em nossa opinião, elas padecem de uma preocupação essencialmente tecnicista e gerencialista, pois enfatizam métodos e técnicas e carecem de análises qualitativas, dedicadas ao conteúdo e significado da política social e/ou programa avaliados. Do ponto de vista metodológico, adotam uma abordagem sequencial, que trata as políticas sociais como um conjunto de ações que possuem início, meio e fim, e não como processo de formulação, execução e consolidação de direitos e serviços sociais que devem ser permanentes e universais.
Avaliação de políticas, programas e projetos sociais. Ivanete Boschetti
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Vamos passar cada um dos itens.
I. Mais que conhecer e dominar tipos e métodos de avaliação ou diferenciar análise e avaliação, é necessário compreender seu papel no Estado Democrático de Direito.
Correto. Está em acordo com o entendimento da professora Ivanete. O que ela coloca é que as políticas sociais são elementos contraditórios.
II. A avaliação possui dimensão estritamente técnica, por isso não cabe referência ou preocupação quanto à universalização ou não de direitos.
Errado. Aliás a autora tece uma crítica ao entendimento da avaliação como tecnificação.
III. As abordagens da literatura especializada sobre metodologias avaliativas padecem de uma preocupação essencialmente tecnicista e gerencialista, pois enfatizam métodos e técnicas e carecem de análises qualitativas, dedicadas ao conteúdo e significado da política e/ou programa avaliado.
Correto. É exatamente essa a crítica que autora sustenta.
IV. A expansão da utilização de modelos e métodos de avaliação no Brasil e na América Latina não teve influência da ótica gerencialista. Além disso, os processos de fragmentação e tipificação das políticas não contribuíram para as contrarreformas do Estado.
Errado. A descontextualização das políticas sociais, sua fragmentação, contribuíram sim para as contrarreformas do Estado. Vamos aprofundar esse tema na aula sobre política social.
V. As concepções de Estado e de política social não são relevantes para a realização da avaliação de políticas, programas ou projetos sociais.
Errado. Esses elementos são essenciais do ponto de vista da autora. Ela propõe que se deve considerar alguns elementos para explicar o surgimento e desenvolvimento de um determinado tipo de política social, em determinado contexto sócio-histórico. São eles: a natureza do capitalismo, seu grau de desenvolvimento e as estratégias de acumulação prevalecentes; o papel do Estado na regulamentação e implementação das políticas sociais e o papel das classes sociais.
RESPOSTA: LETRA B
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II. A avaliação possui dimensão estritamente técnica, por isso não cabe referência ou preocupação quanto à universalização ou não de direitos. ERRADO
"Toda e qualquer avaliação de políticas sociais (ou de programas e projetos) deve se sobrepor à mera composição de técnicas e instrumentos, e se situar no âmbito da identificação da concepção de Estado e de política social que determina seu resultado. [...]Mais que conhecer e dominar tipos e métodos de avaliação ou diferenciar análise e avaliação, é fundamental reconhecer que as políticas sociais têm um papel imprescindível na consolidação do Estado democrático de direito e que, para exercer essa função, como seu objetivo primeiro, devem ser entendidas e avaliadas como um conjunto de programas, projetos e ações que devem universalizar direitos.
IV. A expansão da utilização de modelos e métodos de avaliação no Brasil e na América Latina não teve influência da ótica gerencialista. Além disso, os processos de fragmentação e tipificação das políticas não contribuíram para as contrarreformas do Estado. ERRADO
"No Brasil e América Latina, a expansão da utilização de modelos e métodos de avaliação se deu a partir dos anos de 1970, com mais ênfase nos anos de 1980 e de 1990, sob a hegemonia de uma ótica gerencialista."
V. As concepções de Estado e de política social não são relevantes para a realização da avaliação de políticas, programas ou projetos sociais. ERRADO
A concepção de Estado e de política social são totalmente relevantes para a realização da avaliação.
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Cespe 2016
No último século, a expansão de modelos e métodos de avaliação no Brasil e na América Latina se deu a partir dos anos 70, com maior ênfase nas décadas de 80 e de 90, sob a hegemonia de uma ótica gerencial-tecnicista.