SóProvas


ID
2922415
Banca
COSEAC
Órgão
Prefeitura de Maricá - RJ
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 2
 
       – Por que o senhor está sentado aí tão sozinho? indagou Alice, sem querer iniciar uma discussão. – Ora essa, porque não tem ninguém aqui comigo! – gritou Humpty-Dumpty. – Pensou que eu não saberia responder essa, hein? Pergunte outra.
 
(CARROLL, Lewis. Através do espelho e o que Alice encontrou lá. Trad. de Sebastião Uchoa Leite. 2 ed. Rio, Fontana-Summus, 1977, p. 192.)
 
       No hilariante diálogo que trava com Humpty-Dumpty, personagem surrealista do País do Espelho, Alice vê-se inúmeras vezes perplexa diante dos conceitos e da argumentação com que ele agressivamente a enfrenta. Conciliadora, ela procura sempre um novo assunto para reiniciar a conversa, tentando apaziguar o mau humor de seu irascível interlocutor. É difícil: lá vem ele em nova investida verbal, armado de um raciocínio aparentemente invulnerável. Nesta réplica alucinada, todavia, por mais vitorioso que Humpty-Dumpty se considere, quem escorregou na lógica foi ele. Nem podia ser de outro modo, pois sua cabeça (cabeça? ou corpo? Alice não sabe se a faixa que o circunda é uma gravata ou um cinto) funciona, como tudo nesse mundo surreal, por um processo de inversão da realidade.  

      Preocupada com a situação daquele estranho ser com formato de ovo – sentado sobre um muro do qual poderia a qualquer momento cair, espatifando-se –,  Alice quer saber a causa de estar ele ali tão só. Sua dúvida situa-se em um núcleo da frase interrogativa, precisamente aquele que corresponderia ao motivo desconhecido, e por isso mesmo questionado: “por quê?”. A resposta a uma interrogação nuclear deve preencher o vazio do mundo interrogante com um conteúdo esclarecedor. Os demais elementos da frase já são do conhecimento de Alice e equivalem a uma asserção: “O senhor está sentado aí tão sozinho”.   

      Se Humpty-Dumpty não queria responder ao que ela indagava, então dissesse algo como “não me amole”, ou “o problema é meu”. Mas, como ele pretendeu satisfazer a curiosidade da menina, esperava-se um adjunto ou uma oração adverbial de causa, que poderia ser “por preguiça”, “por não ter coisa mais interessante para fazer”, ou ainda “porque este é um bom lugar e porque gosto de estar só”. 

      A frase marota de Humpty-Dumpty é engraçada porque, em que pese sua aparente lógica, ele não respondeu à pergunta feita. Ignorando o item “estar aí sentado”, que se inclui na dúvida de Alice, pretendeu esclarecer somente a causa de sua solidão. Na verdade, porém, limitou-se a definir o que é estar sozinho: é não ter ninguém consigo. Sua resposta é parecida com ele e com seu nome: os dois lados de um ovo são praticamente iguais.    

      Menos que uma definição, suas palavras são uma redundância, uma imagem espelhada de algo que Alice já sabia, visto que acabara de dizê-lo.  

      O fundamento dessa confusão armada por Humpty-Dumpty é de natureza gramatical – mais especificamente, sintática: ele não utilizou, como deveria, uma oração subordinada causal (o que a menina esperava), mas uma coordenada explicativa, que não esclarecia a dúvida de Alice. 

      O problema, então, é distinguir a explicativa da causal, quando a conjunção que as encabeça é, fonética e fonologicamente, a mesma: porque. De um ponto de vista sintático, porém, não o é. Aliás, “não o são” – no plural, visto que se trata de duas conjunções diferentes.  

      Como distingui-las? Não é simples. Mas esperamos que, ao término das reflexões que vamos desenvolver, isso fique, no mínimo, claro. Ou até fácil. Mário de Andrade não diz que “abasta a gente saber”? 

 (CARONE. Flávia de Barros. Coordenação e subordinação, confrontos e contrastes. São Paulo: Ática, 1988, p. 7-9.)

Indica-se corretamente o processo de formação da palavra destacada em:

Alternativas
Comentários
  • Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução.

  • GABARITO: LETRA C

    Derivação regressiva >>> nesse caso não há um acréscimo e sim uma redução da palavra:

    reiniciar a CONVERSA >>> primeiro vem o verbo "conversar" para depois nascer a "conversa". Conversar >>> conversa, observe que ocorreu uma redução na palavra.

    Força, guerreiros(as)!!

  • Surrealista não seria parassintetica? tem prefixal e sufixal ao mesmo tempo, me ajudem!

  • Alice Ramos

    A palavra SURREALISTA é prefixal e sufixal porque, se tirar o prefixo, o sufixo ou os dois; a palavra não perde o sentido

    se tirar o prefixo(SUR) existe a palavra REALISTA

    se tirar o sufixo(ISTA) existe a palavra SURREAL

    se tirar o prefixo e o sufixo existe a palavra REAL

    Na derivação Parassintética, se tirar o prefixo ou sufixo, a palavra perde o sentido (a palavra Para de existir)

    Parassintética = Para de existir

    Exemplo:

    ENTARDECER

    Prefixo EN

    Sufixo ECER

    Se tirar o EN: TARDECER não existe

    Se tirar o ECER: ENTARD não existe

    Fonte:

  • GAB. B

    A) personagem SURREALISTA (§ 1) / derivação parassintética .ERRADO -DERIVAÇÃO PREFIXAL + SUFIXAL.

    B) reiniciar a CONVERSA (§ 1) / derivação regressiva. CORRETO!

    C) nova INVESTIDA verbal (§ 1) / derivação prefixal. ERRADO - DERIVAÇÃO PREFIXAL + SUFIXAL

    D) mundo INTERROGANTE (§ 2) / derivação imprópria. ERRADO - DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA.

    E) pretendeu ESCLARECER (§ 4) / derivação sufixal. ERRADO - DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA.

  • GABARITO: B

    Derivação: processo pelo qual novas palavras são formadas a partir de uma palavra, denominada primitiva, pelo acréscimo de novos elementos que modificam o sentido primitivo. As novas palavras que se formam, são chamadas de derivadas.

    A derivação pode ocorrer dos seguintes modos:

    Derivação prefixal: quando há o acréscimo de um prefixo ao radical;

    Derivação sufixal: quando há o acréscimo de um sufixo ao radical;

    Derivação prefixal e sufixal: quando há o acréscimo simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical (palavra pode ser formada somente com o prefixo ou sufixo. É o exemplo da palavra "infelizmente".

    Derivação parassintética: ocorre quando há o acréscimo simultâneo de um sufixo e prefixo ao radical, de forma que a palavra não exista só com o prefixo ou só com o sufixo. Ex.: Empobrecer: Em (prefixo) + pobre (radical) + cer (sufixo). Essa é a diferença da parassintética para a derivação prefixal e sufixal.

    Derivação regressiva: ocorre quando há a eliminação de sufixos ou desinências;

    Derivação imprópria: ocorre quando há mudança da classe gramatical.

    Composição: processo pelo qual novas palavras são formadas através da união de dois radicais. A composição pode ser por aglutinação ou justaposição.

    Por justaposição: quando não há alteração fonética nos radicais;

    Por aglutinação: quando há alteração fonética nos radicais.

    Hibridismo: palavras formadas por elementos provenientes de diferentes línguas.

    Onomatopeia: palavras que imitam sons.

    "Não pare até que tenha terminado aquilo que começou". - Baltasar Gracián.

    Bons estudos!

  • Para os mais sábios me tirarem a dúvida:

    Como "conversa" é uma Derivação Regressiva se vem acompanhada no artigo "a"? Não seria uma Derivação Imprópria?

    Segue: Conversar - a conversa

    Redução do infinitivo para torná-lo substantivo acrescentado do artigo.

    Ficaria grato pela informação. Boa sorte a todos!

  • REGRESSIVA

    CONCEITO

    Consiste em substituirmos a desinência de infinitivo  Ar Er Ir pelas desinências verbais -A -E -O

    Amar

    Am-A - 3l,3f

    Am-E - 3l,3f

    Am-O - 3l,3f

    Atacar

    Atac-A - 5l,5f

    Ataqu-E - 5l,5f

    Atac-O - 5l,5f

  • Derivação regressiva: Troca da terminação do verbo por ( a,e,o), resultando um substantivo abstrato.

    Falar= Fala

    Perder= Perda

  • Dica rápida:

    Viu um substantivo abstrato.. provavelmente será derivação regressiva ou deverbal.

    Exemplo: roubo, canto, danço...

    Sucesso, bons estudos, não Desista!

  • #PMMINAS