Texto 3 
  
                                      ALUNA 
Conservo-te o meu sorriso
para, quando me encontrares,
veres que ainda tenho uns ares
de aluna do paraíso...
                         Leva sempre a minha imagem
a submissa rebeldia
dos que estudam todo o dia
                         sem chegar à aprendizagem... 
– e, de salas interiores,
por altíssimas janelas,
descobrem coisas mais belas,
rindo-se dos professores...
Gastarei meu tempo inteiro
nessa brincadeira triste;
mas na escola não existe
                          mais do que pena e tinteiro! 
E toda a humana docência
para inventar-me um oficio
ou morre sem exercício
ou se perde na experiência...
         (MEIRELES, Cecília. Vaga música. Rio: Pongetti, 1942, p. 82-83.)