Quando terapeutas e pacientes assumem formas de pensar e agir polarizados, ou seja, menos flexíveis e dicotômicos, é natural que tensões entre eles se criem. Vamos tomar como exemplo quando um paciente diz que irá abandonar a terapia, pois ela não está funcionando. O paciente diz que não voltará mais às sessões. Diante de uma situação assim, faz sentido que a apreensão do terapeuta o leve a se focar acentuadamente em ideias de que o paciente não pode abandonar a terapia e realize intervenções pautadas por tais pensamentos. Assim, paciente e terapeuta ficam em dois polos opostos: um deles na posição de que a terapia não é a solução e o outro no oposto de que a terapia é a única solução.
Referências:
Koerner, K. (2011). Doing Dialectical Behavior Therapy: A Practical Guide (Guides to Individualized Evidence-Based Treatment). New York: The Guilford Press.
Linehan, M . M. (2010). Terapia cognitivo-comportamental para o transtorno da personalidade borderline. Porto Alegre: Artmed.
Swenson, C. R. (2016). DBT® Principles in Action: Acceptance, Change, and Dialectics. Guilford Publications.
Marsha M. Linehan desenvolveu na década de 1980 uma terapia que estudava os processos mentais, tais como a forma como as pessoas pensam e aprendem, as qual nomeou Terapia Comportamental Dialética (DBT). A dialética é um conceito filosófico afirmando que a mudança acontece quando uma força de oposição é mais forte do que o outra.
O foco da DBT está em aprender novos comportamentos para gerir o estresse e melhorar o relacionamento. Para tanto faz-se uso de quatro estratégias: treinamento de habilidades, terapia de exposição, terapia cognitiva e gestão de contingências.
Linehan desenvolveu um protocolo de atendimento em clínica dividido em três estágios com metas comportamentais específicas, organizadas em forma de pré-requisitos, em que a aprendizagem de uma meta é condição para que se consiga promover aprendizagens mais específicas dentro das metas subsequentes.
O estágio 1, chamado de “alcançando as habilidades básicas" é composto de metas terapêuticas, como
“reduzir comportamentos de suicídio ou parassuicídio", “reduzir comportamentos que interferem na
terapia", “reduzir comportamentos que interferem na qualidade de vida" e a “promoção de habilidades".
O estágio 2, intitulado de “redução do estresse pós-traumático", foca na meta de descrever e aceitar as
interações aversivas “traumáticas" que comumente clientes com TPB passaram em sua história de vida,
a exemplo do abuso sexual.
Por fim o estágio 3, intitulado “resolvendo problemas de vida e aumentando o respeito próprio",
utiliza a interação entre terapeuta e cliente como ambiente em que o terapeuta reforça os comportamentos da cliente relacionados a capacidade de confiar em si mesmo, validar as próprias opiniões, emoções e ações, independente do terapeuta.
GABARITO: C