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ID
2939662
Banca
IBFC
Órgão
MGS
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

“Trata-se de um termo bastante conhecido e divulgado, que classicamente designa uma condição pela qual o analista percebe que o analisando demonstra, por meio dos inter-relacionamentos de sua vida cotidiana, a forma de como estão estruturadas as suas relações objetais internas” (Zimmerman, 2008).


Esta definição corresponde a um conceito importante na técnica psicanalítica, que é:

Alternativas
Comentários
  • O trecho: "por meio dos inter-relacionamentos de sua vida cotidiana" matava a questão, pois a extratransferência diz respeito à relação do paciente com outras pessoas que não o analista.

     

    a) diz respeito à relação terapeuta-paciente (sentimentos e opiniões do paciente em relação ao analista no processo terapêutico);

    b) diz respeito à relação terapeuta-paciente (sentimentos e opiniões do analista em relação ao paciente no processo terapêutico);

    d) a transferência na psicose não é impossível, e sim de outra ordem, diferente da transferência que se coloca para as neuroses de transferência;

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

    ------------------- 

    Gabarito: C

  • Aquela que pode gerar mais dúvidas:

    PSICOSE DE TRANSFERÊNCIA

    A partir da teoria da libido de Freud encontra-se uma dificuldade no tratamento da psicose: a inversão da libido ao eu, condição da libido postulada por Freud para a psicose, não possibilita um direcionamento ao analista (ele partia da ideia de que, nesses casos, toda libido estava investida auto eroticamente). Cabe lembrar, no entanto, que Freud (1996c, p. 142) não postula a transferência como algo que não ocorre na psicose.

    Pode-se presumir, então, que a transferência na psicose não é impossível, e sim de outra ordem, diferente da transferência que se coloca para as neuroses de transferência.

    Hoje é consensual que eles desenvolvem, sim, uma clara transferência, sendo que, embora muitas vezes sejam inacessíveis à análise, muitas outras vezes eles possibilitam um verdadeiro trabalho analítico.

    Segundo Rosenfeld, essa “psicose de transferência”, ou “transitória”, surge em pacientes neuróticos ou borderlines, durante a análise, e desaparecem após dias, semanas ou talvez meses, sendo que elas podem recidivar periodicamente. “Qualquer psicose de transferência é uma ameaça grave à análise, rompe a aliança terapêutica e pode levar a um impasse analítico completo”. (Zimmerman, 2008)

  • David E. Zimerman, em seu livro “Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática", edição de 2007, nos apresenta o conceito de extratransferência como uma condição pela qual o analista percebe que o analisando demonstra por meio dos inter-relacionamentos de sua vida cotidiana a forma de como estão estruturadas as suas relações objetais internas.  
    Quanto aos outros conceitos apresentados na questão: 

    A)    Na neurose de transferência o analisando vive intensa e continuadamente uma forte carga emocional investida na pessoa do psicanalista, que transborda para fora da sessão e lhe ocupa uma grande fatia do seu tempo e de seu espaço mental. O comum nesses casos é que o paciente revive as suas experiências afetivas não com uma percepção de um como-se, de que está reproduzindo antigas vivências equivalentes, mas com a convicção de um está havendo, de fato. 

    B)    Contratransferência se refere a sentimentos que surgem no inconsciente do terapeuta como influência nele dos sentimentos inconscientes do paciente. 

    D)    A psicose de transferência ou transitória, se refere ao fato de que o surgimento dos  fenômenos psicóticos em geral só se ligam à transferência, interferindo muito pouco com a vida do paciente fora da análise.


    GABARITO: C
  • Alguns conceitos, conforme Zimerman (2007)

    Pré-Transferência: Essa denominação alude à uma manifestação de natureza transferencial que se instala no paciente ainda antes dele sequer ter tido um contato pessoal com o seu possível analista e que pode surgir desde o encaminhamento à sua pessoa, uma observação em algum evento científico, o primeiro contato telefônico, etc.

    Para-Transferência: Consiste no fato de que o paciente, à moda de actings, extravasa para fora da situação analítica os seus sentimentos transferenciais que estão sonegados e que não aparecem diretamente com o analista, de modo a revelar com pessoas de seu convívio mais íntimo algumas reações e atitudes inusitadas, que algumas vezes deixam os interlocutores surpresos e outras os circunstantes são acionados e “convidados” a exercer determinados papéis.

    Extratransferência (GABARITO): Trata-se de um termo bastante conhecido e divulgado, que classicamente designa uma condição pela qual o analista percebe que o analisando demonstra por meio dos inter-relacionamentos de sua vida cotidiana a forma de como estão estruturadas as suas relações objetais internas. De modo geral, os analistas desvirtuam a extratransferência e apregoam que tais experiências emocionais só têm eficácia analítica se elas forem analisadas à luz da vivência do “aqui-agora-comigo” transferencial. Acredito que esteja crescendo o número de outros psicanalistas, entre os quais eu me incluo, que diante de determinadas circunstâncias da situação analítica – mais particularmente aquela na qual uma verdadeira transferência, ainda deve ser paulatinamente construída – também trabalham com naturalidade e profundidade os vínculos manifestos na extratransferência tal como essa se apresenta na vida “lá fora”.

    Neurose de Transferência: É útil traçar uma diferença entre o surgimento na situação analítica de momentos transferenciais e a instalação de uma neurose de transferência. Neste último caso, quer seja de aparecimento precoce ou tardio, o analisando vive intensa e continuadamente uma forte carga emocional investida na pessoa do psicanalista, que transborda para fora da sessão e lhe ocupa uma grande fatia do seu tempo e de seu espaço mental.

    Transferência Psicótica: Como o nome designa, trata-se de uma transferência que caracteriza os pacientes clinicamente psicóticos e que, contrariamente à crença de Freud de que esses pacientes não seriam analisáveis, porquanto eles nunca desenvolveriam uma transferência (ele partia da ideia de que, nesses casos, toda libido estava investida autoeroticamente), hoje é consensual que eles desenvolvem, sim, uma clara transferência, sendo que, embora muitas vezes sejam inacessíveis à análise, muitas outras vezes eles possibilitam um verdadeiro trabalho analítico.

  • “Extra-transferência” é a parte da relação analista-paciente que não pode ser considerada (ou que alguns autores não consideram como transferência. O equivalente em inglês é extra-transference, ou seja, “o que está fora” ou “além” da transferência.).

    Nesse caso, pelo enunciado da questão, a relações entre pessoas fora do consultório seria a extra-transferência.

  • “Extra-transferência” é a parte da relação analista-paciente que não pode ser considerada (ou que alguns autores não consideram como transferência. O equivalente em inglês é extra-transference, ou seja, “o que está fora” ou “além” da transferência.).

    Nesse caso, pelo enunciado da questão, a relações entre pessoas fora do consultório seria a extra-transferência.