Para efeito de circunscrição temática, privilegiaremos, neste artigo, a dimensão discursiva do mal-estar depressivo, um dos eixos que constituem a sua experiência subjetiva. As distinções que objetivamos realizar entre a depressão contemporânea, o luto e a melancolia pautam-se nos modos como o sujeito se situará no discurso sobre si, o qual se tornará, em alguns casos, subjugado à crença narcísica. Partiremos da distinção discursiva entre o que se configura por "eu já fui algo ou alguém e hoje não sou mais" - presente na depressão (cf. Pinheiro, 2005) - e "eu não sou nada" ou "eu não sou nem nunca fui nada" - elemento discursivo específico da subjetivação melancólica (cf. Lambotte, 2001)"