GAB. D
"Para efeito de circunscrição temática, privilegiaremos, neste artigo, a dimensão discursiva do mal-estar depressivo, um dos eixos que constituem a sua experiência subjetiva. As distinções que objetivamos realizar entre a depressão contemporânea, o luto e a melancolia pautam-se nos modos como o sujeito se situará no discurso sobre si, o qual se tornará, em alguns casos, subjugado à crença narcísica. Partiremos da distinção discursiva entre o que se configura por "eu já fui algo ou alguém e hoje não sou mais" - presente na depressão (cf. Pinheiro, 2005) - e "eu não sou nada" ou "eu não sou nem nunca fui nada" - elemento discursivo específico da subjetivação melancólica (cf. Lambotte, 2001)"
Complementando o comentário com Freud (2017), temos que:
"O melancólico exibe ainda uma outra coisa que está ausente no luto - uma diminuição extraordinária de sua autoestima, um empobrecimento de seu ego em grande escala. O paciente representa seu ego para nós como sendo desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível; ele se repreende e se envilece, esperando ser expulso e punido. Não acha que uma mudança se tenha processado nele, mas estende sua autocrítica até o passado, declarando que nunca foi melhor. Esse quadro de um delírio de inferioridade (principalmente moral) é completado pela insônia e pela recusa a se alimentar, e - o que é psicologicamente notável - por uma superação do instinto que compele todo ser vivo a se apegar à vida."
Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa
Gabarito: D