GAB B
O movimento de enxugamento do Estado em suas funções sociais e a amplificação de sua estrutura punitiva toma forma, portanto, no contexto da crise contemporânea do capital. Diante da consolidação do neoliberalismo, as novas formas de repressão e de controle social dos segmentos mais pauperizados da classe trabalhadora irão dispor de certa amplitude e sofisticação, fazendo com que alguns autores venham a tratar esse Estado como um “Estado penal”.
Loïc Wacquant, sociólogo e pesquisador francês radicado nos Estados Unidos, é um dos autores que mais tem se dedicado a compreender o movimento de expansão do chamado “Estado penal” nos Estados Unidos – de onde se alastrou pelo mundo – em uma íntima relação com o neoliberalismo.
O termo “Estado penal”, cunhado por Wacquant, não possui, em suas obras, uma definição simples e exata, mas podemos dizer que ele é usado com frequência para remeter a um Estado em que há um endurecimento das políticas policiais, jurídicas e penitenciárias, calcado em uma política de criminalização da pobreza em que o sistema carcerário possui um lugar central como instrumento de governo da miséria.
Fonte: texto - “PUNIR OS POBRES” NO BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE A ESCALADA PUNITIVA DA CONTEMPORANEIDADE - DEBORAH MARQUES DE MORAES