SóProvas


ID
2955307
Banca
IBADE
Órgão
IABAS
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Pedro Nava expõe lado humano da medicina

MOACYR SCLIAR

Estudante de medicina, assisti em Porto Alegre a uma conferência de um então famoso reumatologista, o doutor Pedro Nava (1903-1984).

Àquela altura eu já escrevia, e julgava-me razoavelmente familiarizado com a literatura brasileira. Mas eu não conhecia Nava como escritor. Explicável: era o típico poeta bissexto. Publicava raramente, ainda que tivesse estreado em 1924 com os modernistas mineiros e ainda que Pablo Neruda tivesse considerado o seu "Defunto" ("Meus amigos, tenham pena/ senão do morto, ao menos dos sapatos do morto/ dos seus incríveis, patéticos/ sapatos pretos de verniz") o maior poema da língua portuguesa. 

Agora, o sobrinho de Pedro Nava, o também médico Paulo Penido, reúne, em "O Anfiteatro", textos sobre medicina, na maioria extraídos da obra memorialística de Nava, que aliás fazia uma diferença entre memorialista ("conta o que quer") e historiador ("deve contar o que sabe "). Mas, sendo memorialista, Nava é também historiador, não só porque alude a episódios como a Revolução de 1932, como também porque suas memórias evocam a trajetória da medicina ao longo de boa parte do século 20, graças a uma abrangente experiência, iniciada no interior de Minas: "Clínico de roça, fui médico, operador e parteiro (...). Entrei em todas as casas, desde a choça do sertão e do barraco dos morros aos solares dos ricos e aos palácios presidenciais. Vi todas as agonias da carne e da alma. Todas as misérias do pobre corpo humano". Descreve depois as aventuras do dr. Egon (que, como o nome sugere, funciona como alter ego), o atendimento realizado em condições precárias: para fazer um parto, o médico precisa primeiro remover folhas de urucum colocadas na vagina da parturiente; para atender um enfermo, retira o cataplasma de bosta de vaca nele colocado. E os desafios são grandes, nesta área de doenças endêmicas, em que a malária é frequente.

Mais tarde, Pedro Nava se muda para o Rio, torna-se chefe da Policlínica Central (o "Anfiteatro" do título é o lugar onde ele organizava as reuniões clínicas). Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais, de Anton Tchekov, de Conan Doyle, de Miguel Torga, de Jorge de Lima, de Guimarães Rosa. Também não são raras obras literárias sobre médicos e pacientes, como "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, ou "O Alienista", de Machado de Assis . Pedro Nava inscreve-se assim numa tradição ilustre - e necessária, numa época em que os aspectos tecnológicos da medicina se acentuam cada vez mais, em detrimento do lado humanístico. Muitas faculdades de medicina estão, por isso, estimulando seus alunos a ampliar sua cultura literária, dentro do que se cham a "humanidades médicas". "O médico", diz Nava, "precisa duma grande curiosidade de si mesmo e de suas reações diante das doenças e dos doentes". Para esta curiosidade, para esse interesse, "O Anfiteatro" é uma bela resposta.

https://www1 .folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2109200218.htm

Moacyr Scliar faz referência a diversos autores e a obras literárias, ligados ao universo da medicina. Em relação a isso, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • "Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais, de Anton Tchekov"

  • Alguém saberia me dizer por que a "B" está errada ?

  • Jaqueline caires, na alternativa B está especificando que eles são apenas médico. Isso que torna a alternativa incorreta. Se estivesse dizendo que são médicos e escritores, estaria certa. Entendi dessa maneira...

  • E ) Anthon Tchekov era médico e tornou-se um famoso escritor.

    Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais, de Anton Tchekov, de Conan Doyle, de Miguel Torga, de Jorge de Lima, de Guimarães Rosa.

    A alternativa "E" está extrapolando o texto, pois em nenhuma parte afirma que ele era um escritor famoso.

    Teria como alguém explicar qual parte do texto fale que ele se tornou famoso ??

  • Jaqueline caires

    O médico era Guimarães Rosa, Jorge de Lima é a OBRA.

  • Jaqueline caires

    O médico era Guimarães Rosa, Jorge de Lima é a OBRA.

  • AO VER OS COMENTÁRIOS DESSA PROVA, FIQUEI TRANQUILO.

  • E) Anthon Tchekov era médico e tornou-se um famoso escritor.

    "...Anton Tchekov, de Conan Doyle, de Miguel Torga, de Jorge de Lima, de Guimarães Rosa...."

    O nome está escrito de forma diferente, fui induzido ao erro. :(

    Anthon diferente de Anton.

  • Essa foi difícil... Embora seja apenas bsucar as informações no texto.

  • GABARITO E

    Podemos extrair deste fragmento a resolução de todas as questões:

    "Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais, de Anton Tchekov, de Conan Doyle, de Miguel Torga, de Jorge de Lima, de Guimarães Rosa. Também não são raras obras literárias sobre médicos e pacientes, como "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, ou "O Alienista", de Machado de Assis."

    A - Em "O Alienista", Machado de Assis conta-nos suas dolorosas vivências como médico em um hospício.

    Essa informação não está no texto.

    ______________

    B - Jorge de Lima, do Guimarães Rosa, era médico.

    Jorge de Lima não era uma obra de Guimarães Rosa, e sim outro médico- escritor.

    "Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso

    de Rabelais,

    de Anton Tchekov,

    de Conan Doyle,

    de Miguel Torga,

    de Jorge de Lima,

    de Guimarães Rosa.

    ______________

    C - Rabelais é o nome de um importante personagem do romance francês.

    Rabelais é um médico-escritor

    "Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso

    de Rabelais,

    de Anton Tchekov,

    de Conan Doyle,

    de Miguel Torga,

    de Jorge de Lima,

    de Guimarães Rosa.

    ______________

    D - Thomas Mann relata suas experiências como médico no famoso livro “A Montanha Mágica”.

    Thomas Mann relata histórias sobre médicos e pacientes no famoso livro “A Montanha Mágica”, mas não que dizer que necessariamente ele seja médico, visto que essa informação não está no texto.

    (...) "não são raras obras literárias sobre médicos e pacientes, como "A Montanha Mágica", de Thomas Mann,(...)"

    ______________

    E - Anthon Tchekov era médico e tornou-se um famoso escritor.

    "Médicos-escritores não são figuras raras na história da medicina: foi o caso de Rabelais,de Anton Tchekov,

    de Conan Doyle,

    de Miguel Torga,

    de Jorge de Lima,

    de Guimarães Rosa." (...)